22 Julho 2019
Um jovem árabe em cada cinco anos declara-se não religioso. Isso foi revelado pela pesquisa encomendada pela BBC Arabic aos pesquisadores do Arab Barometer em uma amostra de 25.000 mulheres e homens no Oriente Médio e Norte da África. Aquela que os autores apresentaram como a pesquisa mais ampla de seu tipo, revelou não apenas uma fatia substancial da população árabe que não se considera religiosa, 13% e quase 20% para jovens entre 18 e 30 anos, mas principalmente um crescimento de 5% nos últimos anos, com a exceção, entre os países considerados, apenas do Iêmen.
A reportagem é de Marco Ventura, publicada por Corriere della Sera, 21-07-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
A Tunísia seria de longe o país menos religioso, com mais de 30% das pessoas declarando não ter nenhuma fé. O Marrocos está na média, o Egito um pouco abaixo, mas ambos estão entre aqueles com maior crescimento de não-religiosos, depois da Tunísia e da Líbia. O Iraque, a Jordânia e os territórios sob a Autoridade Palestina estão abaixo de 10%. A mesma pesquisa também teria encontrado um menor apoio a grupos radicais como o Hamas, o Hezbollah e a Irmandade Muçulmana. A descoberta da presença de uma parte da sociedade árabe que tem a coragem de declarar sua não religiosidade a um entrevistador, mesmo que sob garantia de anonimato, ensina como seja equivocado pensar naquele mundo como um monólito muçulmano.
Ao mesmo tempo, os dados não podem ser tomados como indicação segura de um processo de secularização que levará a região a convergir para o Ocidente secularizado. Permanece a grande questão, tanto para os ocidentais quanto para os árabes, das vantagens de uma população menos religiosa. Mais tolerância, como pareceriam demonstrar os dados da Pew Research sobre as atitudes dos europeus em relação aos imigrantes? Ou mais desenvolvimento, como afirmou recentemente Damian Ruck, da Universidade de Bristol?
A pesquisa do Arab Barometer nos lembra que, religiosos ou não, 9 entre 10 libaneses declaram inaceitável a homossexualidade, e 25 de cada 100 marroquinos consideram que o assassinato por honra seja tolerável.
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Os árabes cada vez menos religiosos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU