05 Junho 2019
“Se tomo a palavra hoje, é porque tomei conhecimento, com grande tristeza, de casos envolvendo irmãos e, embora sejam idosos, pensamos, em comunidade, que deveríamos falar sobre isso”, escreve o Irmão Alois, prior da Comunidade de Taizé.
O comunicado é publicado por Comunità di Taizé, 04-06-2019. A tradução é de André Langer.
Nestes tempos em que a sociedade e a Igreja procuram esclarecer os abusos e as agressões sexuais, especialmente contra menores e pessoas vulneráveis, com os meus irmãos achamos necessário também tomar a palavra. Em Taizé, nós acolhemos durante décadas, semana após semana, milhares de jovens e idosos da Europa e de todo o mundo.
Conscientes da nossa responsabilidade e da confiança depositada em nós pelos jovens, suas famílias e seus acompanhantes, sempre procuramos assegurar que esta acolhida ocorra nas melhores condições, no respeito às convicções e numa grande atenção à segurança e à integridade de todos.
No entanto, entre os participantes dos encontros, seja entre jovens ou entre jovens e adultos, pode ter havido violações da integridade. Quando somos informados, asseguramo-nos de ouvir as vítimas e também de informar as autoridades competentes, judiciais e eclesiásticas.
Entre outras medidas, desde 2010, uma página do sítio da internet é dedicada à proteção de pessoas, e um endereço de correio eletrônico destina-se a facilitar uma possível descrição. Em Taizé, um irmão e outras pessoas de fora da comunidade estão encarregadas de ouvir qualquer pessoa que souber de uma agressão de caráter sexual ou de outra forma de violência, especialmente contra menores: isso faz parte das informações concedidas a todos os participantes na sua chegada.
Se tomo a palavra hoje, é porque tomei conhecimento, com grande tristeza, de casos envolvendo irmãos e, embora sejam idosos, pensamos, em comunidade, que deveríamos falar sobre isso. Estes são cinco casos de agressão sexual contra menores ocorridos entre as décadas de 1950 e 1980 e praticados por três irmãos diferentes, dois dos quais morreram há mais de 15 anos.
Quando fui informado dessas acusações, meu primeiro passo foi ouvir, junto com outros irmãos, as vítimas, em absoluto respeito à sua palavra, ouvir o seu sofrimento e acompanhá-las da melhor forma possível.
Nos últimos anos, na sociedade e na Igreja, a compreensão da gravidade de qualquer violação da integridade, felizmente, se aprofundou. Isso encontra um eco na evolução da lei francesa, que exige a denúncia de todos os casos, independentemente da época em que os fatos aconteceram. Para continuar o nosso trabalho de verdade e depois de ter falado primeiro com as vítimas, acabei de informar o Procurador da República sobre estas cinco situações.
Nós reconhecemos que essas agressões de irmãos nossos ocorridos no passado também fazem parte da nossa história comunitária. Para nós, estas denúncias fazem parte de um trabalho de verdade que já começou ouvindo as vítimas e ainda hoje nossos primeiros pensamentos estão indo na direção delas; ouvindo o que elas experimentaram e sofreram, sentimos vergonha e profunda tristeza. É possível que esta tomada da palavra encoraje outras eventuais vítimas a saírem do seu anonimato: nós as ouviremos e as acompanharemos nos passos que elas gostariam de dar.
Estamos convencidos de que só ao lançar luz sobre estes atos contribuiremos, ajudados por pessoas de fora da comunidade, para proteger de maneira eficaz todos aqueles que confiam em nós ao virem a Taizé. Se falo hoje, é porque nós devemos isso às vítimas, aos seus familiares, àqueles que procuram em Taizé um espaço de confiança, segurança e verdade.
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– Qualquer agressão, antiga ou nova, cometida contra um menor ou um maior, seja por um irmão que abusou de sua ascendência moral ou por qualquer outra pessoa, pode ser denunciada pelo correio eletrônico Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo., ou para uma associação de vítimas, ou ainda para o número de telefone nacional cujas coordenadas aparecem no sítio www.taize.fr.
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Comunidade de Taizé e os abusos sexuais. Irmão Alois: "o primeiro passo foi ouvir as vítimas com respeito à sua palavra" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU