19 Outubro 2018
Os jovens que se sentem ansiosos em relação à vida no mundo moderno podem se beneficiar de uma compreensão mais profunda da amizade, afirmou o prior da Comunidade de Taizé em entrevista à revista America na última quarta-feira.
A reportagem é de Michael J. O'Loughlin, publicada por America, 17-10-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.
“Vivemos num mundo de competição, onde você tem que ser o melhor. Essa pressão vem até mesmo da família, da sociedade”, disse o irmão Alois Löser, prior da comunidade monástica ecumênica na França. “Isso cria uma atitude muito individualista. Com isso, o anseio pela amizade se torna mais profundo, mas é cada vez mais oculto, e não tem espaço para se desenvolver”.
O irmão Alois está em Roma para participar do Sínodo dos Bispos sobre jovens, um encontro de cardeais, bispos, sacerdotes e observadores leigos que durará quase um mês. Entre os itens que estão sendo discutidos dentro do sínodo estão a migração, o vício e a solidão.
Estudos recentes mostram que a solidão está crescendo nos Estados Unidos.
No início deste ano, a companhia de seguros de saúde Cigna, divulgou um estudo que aponta que quase metade de todos os americanos relatam se sentir solitários. Apenas 53% dos entrevistados, disseram ter “interações sociais e pessoais significativas, como ter uma conversa prolongada com um amigo ou passar bons momentos com a família, diariamente”. A faixa etária que apresenta maior número de solitários é a de jovens entre 18 e 22 anos de idade, chamados de "Geração Z". Uma seção do documento de trabalho do sínodo é dedicada à amizade. Ela diz: “Oportunidades para o crescimento da amizade são importantíssimas durante o lazer e as férias, mas também em ocasiões que permitam que os jovens se tornem mentores de seus colegas ou crianças mais novas, descobrindo assim, a beleza da responsabilidade e a satisfação de servir”.
O irmão Alois disse que os jovens adultos envolvidos no movimento de Taizé, procuram a comunidade para interagir com seus colegas durante o trabalho, a oração e formarem amizades.
“Eu acho que essa é uma das razões pelas quais esses jovens gostam de vir a essas reuniões; porque sentem que há um lugar onde esse anseio profundo por amizade pode se desenvolver”, disse ele.
A comunidade de Taizé foi fundada na França em 1940 e hoje dezenas de milhares de jovens visitam ela durante o ano para adorar a Deus e rezar. Ela realiza reuniões de jovens ao redor do mundo.
Enquanto alguns dos participantes do Sínodo enfatizaram a importância da presença da Igreja na esfera digital, o irmão Alois disse que as interações da vida real continuam sendo essenciais.
"É muito importante, mas não é suficiente", disse ele sobre a interação on-line. “Temos que falar uma língua de coração, do nosso coração, e temos que falar ao coração dos outros. Isso é muito maior do que uma questão técnica de comunicação". Durante uma coletiva de imprensa no início do dia, o irmão Alois disse esperar que a Igreja se empenhe em ouvir profundamente os jovens para que ela possa os ajudar a nutrir amizades e aponte para Jesus como o exemplo de amigo.
"Muitas pessoas gostariam de ser ouvidas, mas não encontram um lugar para se expressar", disse ele. “Então, temos que mostrar nossa abertura para os ouvir.
Vamos alcançar os jovens onde eles estiverem, para que eles entendam que Cristo os acompanha no caminho para a santidade”.
Ele acrescentou: “Amizade é comunhão. A amizade está baseada na solidariedade”.
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Alois de Taizé: jovens precisam de amizades genuínas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU