11 Setembro 2018
Chama a atenção a severidade e a precisão do Comunicado da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores divulgado no final dos trabalhos da IX Assembleia Plenária, reunida em Roma de 7 a 9 de setembro de 2018. O comunicado de imprensa ilustra em três idiomas o desenvolvimento dos trabalhos, os principais conteúdos e alguns compromissos futuros. A Comissão, sendo uma instituição criada pelo Santo Padre para "a proteção dos menores", justamente dedicou tempo e espaço para ouvir as vítimas de abusos, mesmo que - afirma-se - "o nosso ponto de partida não seja investigar os casos específicos, mas a prevenção para o futuro".
O comentário é publicado por Il Sismografo, 10-09-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Nessa perspectiva, a Comissão, através do Comunicado, espera que pelo seu trabalho, pelas suas elaborações, e "pelo testemunho direto das vítimas", as "igrejas locais aufiram benefício e (...) aperfeiçoem constantemente a proteção". A nota também antecipa que "o grupo de trabalho responsável pela Educação e Formação delineou uma série de iniciativas futuras, seminários e conferências que são uma parte essencial da promoção da responsabilidade e da conscientização para as políticas de proteção locais."
Tal trabalho, tal seriedade, tal conscientização merecem louvor, orações e apoio de todo o Povo de Deus. Há apenas um pequeno detalhe, talvez uma pergunta, e ser endereçada a essa Comissão tão importante e tão influente: por que, quase nunca, esse grupo de trabalho apoiado e criado pelo Papa não se dirige também aos membros do clero, dentro do qual, como se sabe há décadas, se esconde o núcleo duro da pedofilia a tal ponto que, agora, culturalmente, costuma-se falar de "pedofilia clerical"?
Por que essa Comissão, com seu prestígio e rigor reconhecidos por todos, não se dirige também àqueles que, na Igreja, tiveram condutas de viés pedófilo grave e às vezes contumaz?
Seria importante que na luta dos Pontífices e da Igreja contra a pedofilia clerical existissem, periodicamente, tomadas de posição abalizadas para manter viva a condenação e a rejeição deste "crime e pecado". Os pedófilos na Igreja deveriam sentir-se sempre observados e controlados, em primeiro lugar pelos órgãos de tutela e proteção da própria Igreja, como a Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores.
A atmosfera cultural dentro da comunidade eclesial deveria estar em permanente estado de alerta. A Igreja registrará menos vítimas, na medida em que poderá ter menos carrascos em suas instituições. Não se combate o crime apenas com a solidariedade para com as vítimas, é preciso também tomar medidas rigorosas contra os criminosos.
Entre outras coisas, o Comunicado da Comissão relembra que o seu trabalho serve também como "prevenção para o futuro" e, portanto, as políticas para combater e lutar contra os pedófilos são uma condição indispensável para curar essa chaga.
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Com relação ao Comunicado da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores - Instituto Humanitas Unisinos - IHU