07 Agosto 2018
Na manhã desta segunda-feira, 6, ao receber o primeiro relato sobre a indicação de Fernando Haddad para o posto de vice na chapa do PT nas eleições 2018 e a aliança com o PCdoB, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Operação Lava Jato, pediu à presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann, que espalhasse o aviso: “O candidato sou eu”.
A entrevista é de Ricardo Galhardo, publicada por O Estado de S. Paulo, 07-08-2018.
Gleisi disse que, na condição de vice, Haddad terá a tarefa de representar o ex-presidente, mas negou que o partido tenha posto em prática o “plano B”. Segundo ela, a escolha de Haddad como substituto de Lula caso o ex-presidente seja impedido de concorrer vai depender da forma como o ex-prefeito se comportará até o desfecho do caso na Justiça Eleitoral. De acordo com a senadora, Lula disse que Haddad está em “estágio probatório”.
Eis a entrevista.
A sra. esteve com Lula hoje (segunda-feira, 6). Qual foi o teor da conversa?
Fui fazer um relato do que tinha acontecido, reafirmar para ele a nossa estratégia, dizer que foi bem recebida a coligação com o PCdoB, a composição dele com Hadad e Manuela (d’Ávila). E que nosso desafio agora é fazer uma boa campanha, popularizar nossas propostas e ser os representantes dele nas ruas.
O que ele respondeu?
Que ficou muito satisfeito com o resultado, que não precisava ser de forma tão apressada e do jeito que foi por conta da diminuição do prazo. Ficou feliz de o PCdoB e Manuela terem aceitado e que neste momento foi importante ter o Haddad. Mas deixou claro: “O candidato sou eu”.
A escolha de Haddad como vice não passa a impressão de que ele está sendo preparado para ser o substituto de Lula?
Nós não trabalhamos com a hipótese de “plano B”. Trabalhamos com a candidatura do ex-presidente Lula e com a disposição de irmos com ela até as últimas consequências, entendendo que, se a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral for respeitada, Lula será candidato. Mas nós precisamos, na ausência dele, até ter essa definição, de alguém que vocalize. Tanto que o ex-presidente deixou claro: “Avise lá que o candidato sou eu, viu? O Haddad está em estágio probatório (risos)”.
O novo entendimento do TSE quanto ao prazo para escolha do vice não é mais um sinal de que a Justiça Eleitoral não vai permitir que Lula seja candidato?
É mais um obstáculo que eles tentam colocar. Acho que eles vão colocando obstáculos para ver se a gente desiste. Mas nós somos teimosos.
Mas existe a possibilidade concreta de Lula ser impedido. Haddad é um bom nome?
Não acreditamos nessa hipótese, mas, se acontecer, vamos discutir qual é a saída e fazer isso inclusive com os partidos que estão na coligação.
Essa posição atual de Haddad, como vice, com muita exposição, o fortalece como possível substituto de Lula?
Pode fortalecer. Vai depender muito de como ele vai se colocar nas questões e o que ele vai significar no processo enquanto representante do ex-presidente Lula. Por isso acho que Lula brincou que ele está em “estágio probatório”.
Haddad é um “vice-tampão”?
Não diria um “vice-tampão”. Haddad é um vice, mas temos um compromisso com o PCdoB de que, tão logo sejam resolvidas as questões judiciais que envolvem o ex-presidente, o PCdoB assume a vice. Haddad está cumprindo um papel de ser o vice neste momento para vocalizar o ex-presidente no dia a dia da campanha, ele é um representante do Lula.
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‘Haddad está em estágio probatório’, diz Gleisi, em recado de ex-presidente - Instituto Humanitas Unisinos - IHU