28 Junho 2018
Líderes da conferência dos bispos alemães dizem que se sentem "obrigados a seguir em frente" em sua proposta de criar diretrizes nacionais para permitir que os protestantes casados com Católicos recebam a Comunhão, mesmo após o chefe doutrinal do Vaticano pedir que eles deixassem o assunto de lado.
A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada por National Catholic Reporter, 27-06-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.
"É importante para nós, que estamos em uma busca ecumênica de alcançar uma compreensão mais profunda entre os cristãos. Somos obrigados a persistir com coragem neste assunto", afirmou o Conselho Permanente da Conferência, em uma declaração no dia 27 de junho.
A declaração, que aparentemente indica um tom de desafio, também diz que o presidente da Conferência, cardeal Reinhard Marx, se reuniu recentemente com o Papa Francisco para discutir o assunto. Na ocasião, Marx afirmou que pôde compreender a carta de 25 de maio do chefe doutrinal, informando aos alemães sobre questões de como sua proposta “fornece orientação e margem para interpretação”.
A declaração corresponde a uma carta enviada aos bispos alemães pelo cardeal, Luis Ladaria, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Nessa carta, que vazou para um jornalista italiano, Ladaria expôs aos alemães a decisão do Papa de não publicar a proposta, por falta de informações.
O cardeal ainda disse numa breve coletiva de imprensa, no dia 26 de junho, que sua carta deveria ser um "apelo à reflexão" e não "frear" a proposta. Ele chamou a questão da intercomunhão de "um caso que deve ser estudado em uma situação ampla, e não apenas como um problema local".
A Igreja Católica geralmente reserva a recepção da Comunhão aos seus membros, sustentando que a partilha do sacramento seja um sinal de unidade na fé.
Embora o texto das diretrizes alemãs não tenha sido publicado, devemos considerar as situações em que uma pessoa luterana casada com um católico romano, que frequenta regularmente a missa com o cônjuge católico, poderia receber a Eucaristia.
A questão afeta a Alemanha mais do que a maioria dos outros países, já que a comunidade cristã está dividida de maneira quase igual entre católicos e luteranos.
Em sua declaração, os bispos alemães dizem que estão preocupados com a prestação de cuidados pastorais para casais interdenominacionais que têm uma séria necessidade espiritual de receber a Eucaristia".
O texto afirma que Marx também pôde esclarecer com Francisco a respeito da proposta das diretrizes nacionais que serviriam como "uma ajuda à orientação", para que os bispos individuais usassem sua autoridade sob a lei canônica de permitir a Eucaristia à cristãos que não se encontram em plena comunhão com a Igreja Católica.
Durante uma coletiva de imprensa no voo de volta a Roma após sua visita a Genebra em 21 de junho, Francisco disse que havia dado permissão a Ladaria para escrever a carta aos alemães com intuito de garantir que a proposta tenha um bom resultado.
Segundo o Papa Francisco, embora o Código de Direito Canônico da Igreja Católica permita que um bispo local decida dar a Comunhão em casos especiais, não permite que isso seja responsabilidade de conferências nacionais.
A declaração dos bispos alemães diz que a totalidade da conferência irá reconsiderar a proposta de diretrizes sobre a intercomunhão em sua próxima assembleia geral, a ser realizada em setembro. Em fevereiro, a conferência aprovou pela primeira vez a proposta com mais de dois terços dos votos.
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Após a rejeição do Vaticano, bispos alemães se sentem "obrigados seguir em frente" sobre a intercomunhão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU