25 Junho 2018
“Sem justiça, tem-se apenas o deserto ou a savana selvagem onde imperam as feras. Nesse domingo, o calendário marca o nome de um santo emblemático como vítima do poder injusto, João Batista.”
A opinião é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho da Cultura, em artigo publicado por Il Sole 24 Ore, 24-06-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Se a justiça desaparecer, a vida dos homens sobre a terra não tem mais valor.
O original alemão dessa frase semelhante a uma espada – estamos nos “Princípios metafísicos da doutrina do direito” de Kant – também poderia ser traduzido assim: “Se a justiça desaparecer, não tem mais valor algum que os homens vivam sobre a terra”.
A verdade, no entanto, é única: sem justiça, tem-se apenas o deserto ou a savana selvagem onde imperam as feras. Nesse domingo, o calendário marca o nome de um santo emblemático como vítima do poder injusto, João Batista.
Justiça é uma das palavras mais repetidas, principalmente por aqueles que a violam alegremente, como ocorria na Florença de Dante, onde “a tua gente a tem à flor da boca” (Purgatório VI, 132), mas a ignora na vida.
São Boaventura, que o poeta colocaria no Paraíso, escrevia que “ex silentio nutritur iustitia”, a justiça se nutre de silêncio. Não são os lábios, as palavras, as prescrições, a ênfase que geram automaticamente uma sociedade justa, mas sim as mãos, as obras, as escolhas, “a fome e a sede de justiça”, como dissera Cristo.
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Justiça. Artigo de Gianfranco Ravasi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU