Justiça. Artigo de Gianfranco Ravasi

Vitral da Igreja de Saint Mathurin (Moncontour, França), retratando a Paixão de São João Batista. Foto: Lawrence OP | Flickr

Mais Lidos

  • "A ideologia da vergonha e o clero do Brasil": uma conversa com William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • O “non expedit” de Francisco: a prisão do “mito” e a vingança da história. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

25 Junho 2018

“Sem justiça, tem-se apenas o deserto ou a savana selvagem onde imperam as feras. Nesse domingo, o calendário marca o nome de um santo emblemático como vítima do poder injusto, João Batista.”

A opinião é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho da Cultura, em artigo publicado por Il Sole 24 Ore, 24-06-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Se a justiça desaparecer, a vida dos homens sobre a terra não tem mais valor.

O original alemão dessa frase semelhante a uma espada – estamos nos “Princípios metafísicos da doutrina do direito” de Kant – também poderia ser traduzido assim: “Se a justiça desaparecer, não tem mais valor algum que os homens vivam sobre a terra”.

A verdade, no entanto, é única: sem justiça, tem-se apenas o deserto ou a savana selvagem onde imperam as feras. Nesse domingo, o calendário marca o nome de um santo emblemático como vítima do poder injusto, João Batista.

Justiça é uma das palavras mais repetidas, principalmente por aqueles que a violam alegremente, como ocorria na Florença de Dante, onde “a tua gente a tem à flor da boca” (Purgatório VI, 132), mas a ignora na vida.

São Boaventura, que o poeta colocaria no Paraíso, escrevia que “ex silentio nutritur iustitia”, a justiça se nutre de silêncio. Não são os lábios, as palavras, as prescrições, a ênfase que geram automaticamente uma sociedade justa, mas sim as mãos, as obras, as escolhas, “a fome e a sede de justiça”, como dissera Cristo.

Leia mais