05 Junho 2018
Robson Sávio Reis Souza, professor da PUC Minas e coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos (Nesp) analisa as eleições ocorridas nesse domingo, dia 03, em em três cidades brasileiras em que a metade dos eleitores votaram em branco, abstiveram ou anularam o voto
Eis a análise.
Vejam esses dados de eleições suplementares realizadas hoje, 03/06:
1. Em Teresópolis (RJ), a abstenção na votação deste domingo chegou a 34,52% do eleitorado. Entre os que compareceram, 4,3% votaram branco e 17,78% anularam. Total: 55%.
2. Em Ipatinga (MG), a taxa de abstenção foi de 31,71%. O percentual de votos em branco foi de 5,06% e nulos 17,33%. Total: mais de 53% do eleitorado.
3. No estado de Tocantins, para governador, a taxa de abstenção foi de 30,14%. O percentual de votos em branco foi de 2,6% e nulos 17,13%. Total: mais de 48%.
Ou seja, em todos os três exemplos, a metade dos eleitores "lavaram as mãos": votaram em branco, abstiveram ou anularam o voto.
Quem ganha com isso?
Agora, pense nas eleições presidenciais de outubro (Se ocorrerem, claro!).
E se esses índices se mantiverem? Significa que um candidato pode levar o primeiro turno com 30% dos votos válidos. Ou que um radical poderá disputar o segundo turno com 10% dos votos válidos e, aí, o buraco não terá fim.
Entenderam porque a mídia empresarial e a turma da direita criminalizam a política?
Entre outros motivos, é porque querem limitar ainda mais a participação do povo nas decisões sobre os rumos do país (até mesmo no processo eleitoral).
E num processo eleitoral, diga-se de passagem, cujas regras beneficiam vergonhosamente quem tem dinheiro (antes CNPJ, agora CPF), as elites partidárias e as personagens extravagantes, geralmente paridas pela mídia.
Sobre a ação seletiva da justiça e da justiça eleitoral nessa trama toda... é dispensável qualquer comentário, porque as evidências da seletividade e da partidarização saltam aos olhos.
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O que dá a criminalização da política? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU