25 Janeiro 2018
A condenação em segunda instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta quarta-feira (24), pode aprofundar ainda mais o quadro de divergência política no Brasil, embora seu impacto na eleição presidencial seja ainda impreciso. Essa á a opinião do cientista político Fábio Wanderley Reis, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
A reportagem é de Guilherme Azevedo e publicado por Uol, 24-01-2018.
"Poderemos observar a intensificação do quadro de tumulto e polarização e enfrentamento político", avaliou. "Mas o impacto eleitoral da decisão é ainda incerto." Segundo o professor, Lula e o PT devem explorar ainda mais intensivamente o que chamam de perseguição política ao seu maior líder, numa manobra jurídica com vistas a tirá-lo da disputa das eleições presidenciais de outubro próximo. "Essa intensificação da mobilização, da militância poderá, ao fim, até ser bem-sucedida."
Para Reis, há motivo para Lula e o PT se sentirem perseguidos. "Do ponto de vista judicial, [o processo] é muito problemático. É muito fácil ligar a condenação a aspectos sociológicos. O cientista político frisa que a Justiça brasileira tem um histórico de decisões de caráter elitista, preservando seus pares e punindo pessoas de origem popular, como a de Lula, aponta. "Condena-se à prisão um ex-presidente pela primeira vez no Brasil e, não por acaso, de origem popular. Isso não é irrelevante no quadro social, dada a desigualdade que existe no Brasil. É mais fácil alguém com as raízes do Lula ser condenado."
Nesta quarta, a 8ª Turma do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), que tem sede em Porto Alegre, confirmou, por unanimidade (3 a 0), a sentença proferida pelo juiz Sergio Moro na primeira instância e ainda ampliou a pena de Lula, por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, para 12 anos e 1 mês de prisão (a princípio, em regime fechado).
Com a decisão da Turma, o petista, líder em todas as pesquisas de intenção de voto, cai na Lei da Ficha Limpa e pode ser impedido de disputar a eleição presidencial, marcada para 7 de outubro. Lula dependerá de recursos na Justiça para conseguir concorrer. Ainda cabem recursos na própria segunda instância e, depois, se for o caso, no Supremo Tribunal Federal.
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Condenação pode aprofundar enfrentamento, diz cientista político - Instituto Humanitas Unisinos - IHU