Papa Francisco em Mianmar. “A colonização cultural que iguala mata a humanidade”

Papa Francisco em reunião com os líderes religiosos em Mianmar | Foto: La Presse

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29 Novembro 2017

Se discutimos, discutamos como irmãos. Foi o que Francisco disse durante o encontro informal que aconteceu às 10 horas (hora local) no refeitório da residência do arcebispado de Rangum. O encontro durou 40 minutos.

A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada por Vatican Insider, 28-11-2017. A tradução é de André Langer.

Após uma breve introdução do bispo católico Hohn Hsane Hgyi, os representantes budista, muçulmano, hindu, hebreu e os dois cristãos, anglicano e católico, tomaram a palavra.

O Papa, falando sem um discurso escrito, disse que, enquanto ouvia seus discursos, lembrou-se de “uma oração. Uma oração que rezamos muitas vezes, tirada do Livro dos Salmos: ‘Como é lindo ver os irmãos unidos’. Unidos não quer dizer iguais. A unidade não é uniformidade, mesmo dentro da mesma confissão religiosa. Cada um tem seus valores, suas riquezas e também suas deficiências”.

O Papa Francisco falou em espanhol, com uma tradução consecutiva em inglês. Ele disse: “Um de vocês usou três vezes a palavra harmonia. Essa é a paz: a harmonia, a harmonia. Nós, neste momento da história, experimentamos uma tendência global à uniformidade, a fazer tudo igual. Isso é matar a humanidade”. Isso, afirmou, “é uma colonização cultural. E nós devemos compreender a riqueza das nossas diferenças (étnicas, religiosas, populares) e, a partir dessas diferenças, se dá o diálogo. E a partir dessas diferenças, um aprende do outro, como irmãos... que, como irmãos, vão se ajudando a construir este país, que até mesmo geograficamente tem tantas riquezas e diferenças. A natureza em Mianmar tem sido muito rica em diferenças. Não tenhamos medo das diferenças. Um é o nosso pai. Nós somos irmãos. Queiramo-nos como irmãos. E se discutimos entre nós, que seja como irmãos, que, em seguida, se reconciliam novamente. Sempre voltam a ser irmãos. Eu penso que só assim se constrói a paz”.

Ao final do seu breve discurso, o Papa agradeceu pelo fato de “que vocês tenham vindo me visitar. Sou eu que estou visitando vocês. E eu gostaria, pelo menos, que espiritualmente tivessem esta [visita]: a de um irmão a mais. Obrigado. Construam a paz. Não se deixem igualar pela colonização das culturas. A verdadeira harmonia divina é feita através das diferenças. As diferenças são uma riqueza para a paz”.

E depois rezou: “de irmão para irmãos. Uma antiga benção que inclui a todos: ‘O Senhor te abençoe e te guarde. Faça resplandecer o Seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti. Levante sobre ti o Seu rosto e te dê a paz’”.

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