04 Setembro 2017
Os últimos dados permitem uma reflexão. Menos de 10 por cento das 332 paróquias romanas recebeu, compartilhou e concretizou os apaixonados apelos de Francisco para dar abrigo aos "nossos irmãos migrantes", desafortunados que chegaram à Itália após viagens perigosas e traumáticas, primeiro no deserto, desafiando os traficantes de escravos, e depois através do Mediterrâneo enfrentando periclitantes embarcações. Não só. Do quadro geral formado nesses dois anos apareceram até algumas paróquias que, inicialmente, na esteira da emoção, haviam aberto suas portas para acolher os estrangeiros, para depois fechá-las alegando problemas operacionais, ou mesmo porque as instalações não se provaram adequadas, e até mesmo porque estava sendo substituído um pároco. Na verdade, a situação da comunidade católica, como se apresenta neste momento, oferece um quadro emblemático. Luzes e sombras.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 31-08-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
Por ser a diocese do Papa, os números não parecem particularmente animadores, nem uma fonte de orgulho, considerando que nas intenções de Bergoglio, Roma deveria ser um farol para o mundo todo. Pelo levantamento da Caritas, existem 3 tipos de circuitos.
O primeiro caso refere-se a 104 requerentes de asilo - 64 homens e 50 mulheres - hospedados por convênio com o município e abrigados nos dois centros de Acilia e de via Tuscolana, onde funciona o Sistema de Proteção para os Requerentes de Asilo e Refugiados (Sprar). Além desses, existem 20 outros estrangeiros, mães com crianças, acolhidos por um convênio com a Prefeitura. Trata-se de pessoas recém desembarcadas e ainda não incluídas no circuito de acolhimento. Para elas, movimentaram-se 15 paróquias e algumas instituições religiosas.
Finalmente, devem ser contados 65 lugares em outras paróquias e estruturas religiosas que entram no circuito apenas quando o Sprar deixa de atender, isto é, após o período permitido, que cobre cerca de um ano. Nesse caso, trata-se de hospitalidade pura, realizada em condições de gratuidade sem nenhum respaldo econômico, nem qualquer acordo com as instituições. O número total de migrantes hospedados pela Caritas diocesana, somando os diferentes percursos de acolhimento, é de 191.
Os números, como se sabe, são sempre um pouco flutuantes e, mesmo nesse caso, variam ao longo do tempo, mas quatro anos após os repetidos apelos do Papa, o balanço, principalmente pela alta concentração em Roma de instituições religiosas e mosteiros (muitas vezes semi vazios por falta de vocações, ou simplesmente transformados em rentáveis b & b) - parecem um tanto decepcionantes. Difícil esquecer as palavras de Bergoglio no Centro Astalli, onde funciona um refeitório para os refugiados. Ali ouvindo as histórias de sofrimento de eritreus, somalis, malianos e nigerianos, havia convidado "com o coração na mão", os institutos religiosos de Roma a "ler com seriedade e responsabilidade" como um sinal dos tempos o fenômeno migratório que bate à porta, estigmatizando a grande quantidade de quartos vazios e, acima de tudo, o desejo de fazer negócios com tantos b & b destinados aos turistas. "O Senhor nos chama a viver com mais coragem e generosidade o acolhimento nas comunidades, nas casas e nos conventos vazios. Os conventos vazios não servem à Igreja para ganhar dinheiro. Os conventos vazios não são nossos, são para a carne de Cristo, que são os refugiados".
Por que, então, não foi ouvido o apelo, apesar do grande potencial do circuito católico? Seria suficiente acessar o site ospitalitàreligiosa e dar um olhada ao grande leque de escolha de hospedagens gerenciadas pelos conventos de freiras e frades.
Milhares de acomodações disponíveis. Até o apelo para acolher um refugiado em casa feito no ano passado pela diocese não foi atendido, apenas 3 núcleos deram acolhimento a estrangeiros.
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As paróquias esnobam o acolhimento: sem efeito os apelos do Papa para os refugiados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU