21 Agosto 2015
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Joao 6, 60-69 que corresponde ao 21º Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Fonte: http://www.periodistadigital.com/religion/ |
Durante estes anos, multiplicaram-se as análises e estudos sobre a crise das Igrejas cristãs na sociedade moderna. Esta leitura é necessária para conhecer melhor alguns dados, mas resulta insuficiente para discernir qual há de ser a nossa reação. O episódio narrado por João pode-nos ajudar a interpretar e viver a crise com maior profundidade evangélica.
Segundo o evangelista, Jesus resume assim a crise que se está a criar no Seu grupo: “As palavras que vos disse são espírito e vida. E, contudo, alguns de vós não creem”. É certo. Jesus introduz em quem o segue um espírito novo; as Suas palavras comunicam vida; o programa que propõe pode gerar um movimento capaz de orientar o mundo para uma vida mais digna e plena.
Mas não é por estar no Seu grupo, que está garantida a fé. Há quem resista a aceitar seu espírito e sua vida. A sua presença no entorno de Jesus é fictícia; a sua fé Nele não é real. A verdadeira crise no interior do cristianismo é sempre esta: acreditamos ou não acreditamos em Jesus?
O narrador diz que “muitos recuaram e não voltaram a ir com Ele”. Na crise revela-se quem são os verdadeiros seguidores de Jesus. A opção decisiva sempre é essa: quem recua e quem permanece com Ele, identificados com o Seu espírito e a Sua vida? Quem está a favor e quem está contra o Seu projeto?
O grupo começa a diminuir. Jesus não se irrita, não pronuncia nenhum juízo contra ninguém. Só faz uma pergunta aos que ficaram junto Dele: “Também vós quereis partir?”. É a pergunta que se nos faz hoje, a quem segue na Igreja: Que queremos nós? Por que ficamos? É para seguir Jesus, acolhendo o seu espírito e vivendo ao seu estilo? É para trabalhar no seu projeto?
A resposta de Pedro é exemplar: “Senhor, a quem vamos acudir. Tu tens palavras de vida eterna”. Os que ficam, devem-no fazer por Jesus. Só por Jesus. Por nada mais. Comprometem-se com Ele. O único motivo para permanecer no grupo é Ele. Ninguém mais.
Por muito dolorosa que nos pareça, a crise atual será positiva se os que ficarmos na Igreja, muitos ou poucos, nos formos convertendo em discípulos de Jesus, ou seja, em homens e mulheres que vivemos das Suas palavras de vida.
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