07 Junho 2018
O Espírito Santo é um dom de Deus, que não deve ser conservado como se a alma fosse um armazém, nem arruinado depois de tê-lo recebido, como os que fofocam contra os outros ao sair da missa. É o conselho que o Papa deu durante a Audiência Geral na Praça São Pedro, onde destacou que não há patrões, por um lado (o Papa, os bispos e os sacerdotes), e operários por outro, porque a Igreja “somos todos nós” e os dons do Espírito, que suscitam “sinfonia e não monotonia”, levam os fiéis a se ocupar uns com os outros.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por Vatican Insider, 06-06-2018. A tradução é do Cepat.
É próprio do Espírito “nos descentrar de nosso eu para nos abrir ao ‘nós’ da comunidade cristã, assim como ao bem da sociedade na qual vivemos. Receber para dar, não somos nós que estamos no centro, nós somos um instrumento desse dom para os outros”, explicou Francisco. “Também a semente, quando a temos na mão, não é para ser colocada no armário, mas para semeá-la; e toda a vida deve ser semeada para que dê frutos: é precisa dar o dom do Espírito Santo à comunidade”.
A missão da Igreja no mundo, neste sentido, “procede da contribuição de todos os que fazem parte dela. Alguns pensam que a Igreja tem patrões (o Papa, os bispos e os sacerdotes), e depois os operários, que são os demais; não, a Igreja somos todos, e todos temos a responsabilidade de nos santificar, de cuidarmos uns dos outros”. “Somos os que estamos na praça, somos nós os que caminhamos, todos”, e a Confirmação “vincula à Igreja universal, espalhada por toda a terra, mas envolvendo ativamente os confirmados na vida da Igreja particular a qual eles pertencem, com o bispo na cabeça, que é o sucessor dos Apóstolos. E, por isso, o bispo é o ministro originário da Confirmação, porque ele incorpora este confirmado à Igreja”.
Esta “incorporação” do confirmado na Igreja, prosseguiu Jorge Mario Bergoglio, “está bem significada no sinal de paz que conclui o rito da crisma”, porque na confirmação recebemos o Espírito Santo e a paz, essa paz que nós devemos dar”. Receber a paz, pois, “compromete a trabalhar para melhorar a concórdia na paróquia, favorecendo o acordo com os demais, incluindo e não descartando ou marginalizando. Receber a paz compromete a cooperar com quem é diferente de nós, conscientes de que a comunidade cristã se edifica mediante riquezas diferentes e complementares. O Espírito é criativo e não repetitivo. Seus dons suscitam sinfonia e não monotonia! Sua obra envolve todos os que levam em si seu selo. A cerimônia da confirmação significa caridade entre nós, paz. Mas depois, o que acontece? Saímos e nos colocamos a fofocar contra os outros, a “descascar” os outros, começam as fofocas, e as fofocas são guerras, e isto não funciona: se nós recebemos o sinal da paz com o apoio do Espírito Santo, devemos ser homens e mulheres de paz, sem sair para destruir, pobre Espírito Santo, o trabalho que tem conosco com as fofocas... que não são obra do Espírito Santo pelo bem da Igreja, destroem o que Deus faz”.
“Por favor, deixemos de fofocar!”, exortou o Papa, que concluiu afirmando que o Espírito Santo dá a coragem para “comunicar o Evangelho, com as obras e as palavras, a todos os que encontramos em nosso caminho. Palavras boas, que edificam, não as das fofocas que destroem. Quando saírem da igreja, por favor, pensem que a paz recebida é para ser dada aos outros, não para ser destruída com a fofoca”.
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“Sair da Missa fazendo fofoca destrói a paz”, adverte Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU