27 Novembro 2017
Deu à luz na Líbia a um bebê prematuro que nasceu morto, três dias mais tarde, ela também morreu. Os traficantes pegaram o corpo, carregaram-no para o barco e disseram aos outros migrantes: "Joguem-no ao mar e morram vocês também no Mediterrâneo". Mas eles se recusaram e velaram o corpo daquela jovem até a chegada do resgate.
Essa é a trágica história da jovem eritreia, cujo corpo sem vida foi encontrado pelas equipes de resgate do navio Aquarius da Sos Mediterranee no fundo de um bote inflável há poucos dias no Mediterrâneo.
A reportagem é de Alessandra Ziniti, publicada por Repubblica, 26-11-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
Um resgate dramático, atrasado por mais de duas horas por uma improvisa interrupção ordenada pela sala de operações de Roma da Guarda Costeira que, inclusive, já havia liberado o acesso do Aquarius ao barco em perigo. Durante duas horas, o navio Tremiti da Marinha militar italiana segurou o navio humanitário esperando a chegada de um barco de patrulha da Líbia que nunca chegou.
Quando puderam retomar o socorro, os voluntários encontraram-se diante do corpo sem vida de uma jovem que ainda trazia sinais evidentes do parto. Uma vez a salvo, a bordo do navio, os outros migrantes recuperados contaram aos psicólogos dos Médicos Sem Fronteiras em serviço no Aquarius, os terríveis momentos da saída da praia da Líbia.
"Aquela mulher tinha dado à luz prematuramente na prisão e seu bebê tinha morrido, ninguém prestou-lhe ajuda por três dias, permaneceu no chão em agonia sem tratamento; então quando eles nos levaram para partir trouxeram ela também. – relata uma migrante resgatada - Quando chegamos na praia já estava morta, os guardas atiraram-na no fundo do barco e disseram: 'Joguem-na ao mar e morram vocês também no Mediterrâneo'. Mas nós não fizemos isso, era nossa irmã. Esperamos que aqui deem a ela um enterro digno".
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Morreu no parto na Líbia, foi velada até chegar o resgate: "Nos disseram para jogá-la no mar, nos recusamos" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU