12 Julho 2012
A notícia foi divulgada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. O único sobrevivente contou o pesadelo vivido no meio do mar em um boto que se desinflava e que foi levado de volta pelos ventos em direção à costa da Tunísia, quando se encontrava quase às margens da costa italiana.
A reportagem é do sítio do jornal La Repubblica, 10-07-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O único sobrevivente foi encontrado pela Guarda Costeira tunisiana à noite, agarrado a um garrafão de plástico. Ele havia ficado sozinho. Todos os seus companheiros de fuga – 55 pessoas – haviam morrido desidratados depois de uma viagem-pesadelo no meio do mar, em um bote desinflado, que durou 15 dias. O Alto Comissariado das Nações para os Refugiados (Acnur) anunciou a notícia, divulgada por esse único sobrevivente que, juntamente com todos os outros, havia tentado aportar na Itália provindos da Líbia.
Conforme relatado por ele – trata-se de um cidadão eritreu –, 55 pessoas teriam embarcado na Líbia, e todos os outros passageiros teriam morrido de desidratação depois de um calvário que durou 15 dias. "É uma verdadeira tragédia", declarou T. Alexander Aleinikoff, vice-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, "54 pessoas morreram".
Eles tinham quase chegado à Itália. Alguns pescadores avistaram o homem na noite de segunda-feira ao longo da costa tunisiana e alertaram a Guarda Costeira tunisiana que socorreu o sobrevivente. O homem foi imediatamente levado ao hospital de Zarzis, onde foi internado por hipotermia e desidratação. Agentes da Acnur encontraram o sobrevivente no hospital, que declarou ter partido de Trípoli no fim de junho. Depois de um dia de navegação, a embarcação teria chegado às proximidades da costa italiana, mas os fortes ventos a teriam empurrado de volta. Em poucos dias, o bote começou a desinflar.
Um a um foram morrendo desidratados. Com base no testemunho do sobrevivente, não havia água a bordo, e os passageiros teriam começado a morrer de desidratação. Muitos, incluindo o sobrevivente, beberam água do mar. O homem foi socorrido enquanto estava agarrado aos restos da embarcação e em um garrafão de plástico. Segundo o que foi relatado pelo homem, cerca da metade dos mortos eram de nacionalidades eritreia, incluindo três parentes seus.
"Eu faço um apelo aos comandantes das embarcações no Mediterrâneo para que prestem a máxima atenção a possíveis casos de migrantes e refugiados em dificuldades que precisam ser socorridos", disse Aleinkioff. "O Mediterrâneo é um dos trechos de mar mais movimentados do mundo e é fundamental que a antiga tradição de salvamento no mar continue sendo respeitada".
Cerca de 50 pessoas (eritreus e somalis) ainda estão no mar. Desde o início do ano até hoje, cerca de 1.300 pessoas chegaram por mar à Itália vindos da Líbia. Uma embarcação com 50 eritreus e somalis ainda está em mar aberto, depois que os passageiros, nessa segunda-feira, recusaram o socorro das Forças Armadas de Malta. Em 2012, até hoje, cerca de 1.000 pessoas chegaram a Malta em 14 desembarques. Outras duas embarcações foram interceptadas pelos malteses, mas continuaram a sua viagem até a Itália. A Acnur estima que, neste ano, cerca de 170 pessoas morreram ou desapareceram no mar na tentativa de chegar à Europa a partir da Líbia.
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Fuga da Líbia: 54 mortos no mar - Instituto Humanitas Unisinos - IHU