Por: MpvM | 13 Abril 2018
Jesus aparece e oferece a paz. A paz esteja com vocês! (v. 36). Jesus sabe que, sem paz, é difícil ao ser humano reconhecê-Lo. A comunidade precisava de paz. A descrença por causa da crucificação de Jesus, o desânimo paralisava as pessoas das primeiras comunidades cristãs.
Algo que não é diferente em muitas comunidades. Como é necessário nos reanimarmos na fé no Cristo Vivo. Estamos passando por um tempo em que muita gente diz que está perdendo a esperança, que não acredita que essa realidade do Brasil vai melhorar.
A reflexão é de Maria José Lopes, idp, religiosa da Congregação das Irmãs da Divina Providência - IDP. Ela é bacharel em teologia pela Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana - ESTEF e possui formação em Saude e Espiritualidade pelo Instituto de Cardiologia de Porto Alegre e pela ESTEF e Formação em Psicologia Pastoral pelo Centro Evangélico de Missão - CEM, Viçosa/MG. Atualmente atua em serviços de espiritualidade junto aos doentes no Hospital Indepedência de Porto Alegre e integra a equipe de articulação das Comunidades Eclesiais de Base da Arquidiocese de Porto Alegre/RS.
Referências bíblicas
1ª leitura: At 3, 13-15,17-19
Salmo responsorial: Sl 4, 2.4.7.9
2ª leitura: I Jo 2, 1-5
Evangelho: Lc 24, 35-48
Vós sereis testemunhas de tudo isso!
Meus irmãos e minhas irmãs!
As leituras da liturgia deste 3° domingo do tempo pascal nos convida a refletir sobre a boa notícia da Ressurreição de Jesus a partir da experiência de fé das comunidades primitivas. A primeira leitura (At 3,13-15,17-19) é dos Atos dos Apóstolos e é continuação do relato da cura do homem paralítico de nascença que estava na entrada do Templo em Jerusalém pedindo esmolas. Quando Pedro e João chegam à entrada do templo, o homem lhes pede esmola. Pedro e João dizem que esmola eles não têm, mas o que têm lhe oferecem, Jesus o Nazareno. Invocam o nome de Jesus Cristo o ressuscitado, e ordenam que o homem se levante em nome de Jesus o Cristo. Imediatamente o homem se levantou e começou a andar.
É importante perceber como Lucas, o autor dos Atos dos Apóstolos e também do Evangelho de hoje, conduz a narrativa. Ele diz que Pedro e João reagem quando o povo fixa os olhos neles, como se fosse por misericórdia própria. Lucas quer fazer o leitor, ou seja, as comunidades cristãs, perceber que é o Cristo Ressuscitado que gera vida, faz os “paralisados” na fé andarem. Pedro diz com entusiasmo que Jesus é o Autor da vida, que os chefes dos judeus mataram, mas Deus o ressuscitou dos mortos, e nós somos testemunhas. Este versículo 15 é o centro da fé das comunidades primitivas, e continua sendo o centro da nossa fé. “Deus ressuscitou Jesus dos mortos”. E o Salmo de hoje diz: “Deus faz maravilhas por seu servo”. É esta a maravilha. Quem acredita na força da ressurreição, CAMINHA, mesmo em meio a dificuldades. Isto é, não podemos ficar paralisados diante das situações que paralisam o ser humano e o impedem de andar.
A leitura do Evangelho (Lc 24, 35-48) mostra como Jesus introduz os Onze discípulos na plenitude da mensagem pascal. É uma narrativa em continuidade com a bela perícope sobre a aparição aos discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35). Enquanto dirigiam-se para Emaús, para longe de Jerusalém onde Jesus fora crucificado, cheios de tristeza, decepcionados e desanimados, quase paralisados, “Jesus os alcançou e caminhava com eles” (v. 16). Jesus acompanhou os discípulos num momento de crise, dialogando, fazendo memória das escrituras, permanecendo com eles quando chegam ao seu destino, pondo-se com eles à mesa e proporcionando a bênção e partilha do pão. A narrativa culmina no reconhecimento de Jesus: “seus olhos se abriram e eles o reconheceram”. E no mesmo instante voltaram a Jerusalém para contar aos Onze e seus companheiros o que lhes tinha acontecido.
Na narrativa deste domingo Lucas diz que Jesus apareceu aos Onze enquanto os discípulos que retornaram de Emaús ainda estão falando. Também aqui Jesus aparece, se coloca junto com a comunidade, dialoga, realiza gestos que possibilitam que O reconheçam, faz memória das escrituras, confirma os discípulos como testemunhas do Cristo Ressuscitado. Lucas apresenta um Jesus Cristo ressuscitado que age como um pedagogo conduzindo os discípulos e discípulas no caminho de fé.
Jesus aparece e oferece a paz. A paz esteja com vocês! (v. 36). Jesus sabe que, sem paz, é difícil ao ser humano reconhecê-Lo. A comunidade precisava de paz. A descrença por causa da crucificação de Jesus, o desânimo paralisava as pessoas das primeiras comunidades cristãs.
Algo que não é diferente em muitas comunidades. Como é necessário nos reanimarmos na fé no Cristo Vivo. Estamos passando por um tempo em que muita gente diz que está perdendo a esperança, que não acredita que essa realidade do Brasil vai melhorar.
É verdade, é um grande desafio para a fé cristã hoje. Vivemos numa sociedade que clama pela paz. A Campanha da Fraternidade 2018 convoca a Igreja e a sociedade a buscarem meios para a superação da violência. É urgente e necessário criarmos a cultura da paz. A paz como fruto da justiça social, direitos iguais, onde a democracia impere. Ao contrário disto, a paz nos faltará. E nesse contexto, vamos encontrar muitas pessoas paralisadas, sem força de caminhar e lutar, como aquele homem coxo que vimos na primeira leitura. É importante percebermos que os discípulos reagiram, as comunidades retornaram à vivência da partilha, do reunir-se em torno da Palavra, como memória de um povo que não se deixou vencer pelo medo, nem pela violência, permanecendo fiel ao Deus da Aliança. O autor da vida.
Irmãs e irmãos, vamos retornar ao versículo 42, “Jesus pergunta se eles têm algo para comer. Os discípulos ofereceram a Jesus um pedaço de peixe assado”. “A ressurreição não é fruto da imaginação dos discípulos, nem se reduz a um fenômeno puramente espiritual. A ressurreição é fato que atinge o próprio corpo, daí a identidade do ressuscitado, com o Jesus terrestre, que o chamaram de comilão e beberrão (cf Mt 11,19). Qualquer ação humana que traz mais vida para os corpos oprimidos, doentes, torturados, famintos, sedentos, refugiados, não é apenas obra de misericórdia, mas é sinal concreto do fato central da fé cristã. A ressurreição do próprio Senhor Jesus”.
A segunda leitura (1 Jo 2, 1-5) de hoje é da segunda carta de são João. O autor encoraja a comunidade a não se desviar da fidelidade à Aliança, causando assim distanciamento da fé em Cristo. Ele afirma que temos um defensor junto do Pai. É uma exortação carinhosa aos discípulos e discípulas para que não desanimem diante dos pecados. Podemos contar com um defensor que deu a vida para libertar a humanidade do poder destruidor da morte. Porém, é necessário vivermos comprometidas e comprometidos com a fidelidade, a exemplo de Jesus, na vivência dos mandamentos. Pois Ele mesmo resumiu em dois: amar a Deus e amar o próximo. Praticando comunitariamente estes mandamentos, teremos uma sociedade geradora de paz, onde impera o amor, no reconhecimento de que somos todos irmãos, o grande lema da CF 2018.
Querido povo de Deus, que a liturgia deste domingo revigore nossas comunidades na vivência da Fé no Cristo Vivo. Na firme fidelidade à Aliança de amor a Deus e aos irmãos, no compromisso da partilha solidária e no apoio comunitário.
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3º domingo da Páscoa - Ano B - Vós sereis testemunhas! - Instituto Humanitas Unisinos - IHU