Por: Ricardo machado | Tradução: Moisés Sbardelotto | 01 Mai 2017
Na encruzilhada do tempo presente, o mundo do trabalho encontra um dos seus grandes desafios justamente quando a forma trabalho-salário parece chegar ao seu limite. “A crise do trabalho assalariado, contudo, não abre perspectivas de superação da condição laboral; ao contrário, fragmenta-a e deprime-a ainda mais. É sintomático, a esse respeito, a atual tendência à anulação da remuneração monetária de um número crescente de desempenhos laborais diretamente produtivos e não assimiláveis ao arquipélago do trabalho voluntário e ‘livre’ (free)”, pondera o economista, professor e pesquisador Andrea Fumagalli, em entrevista por e-mail à IHU On-Line. “A difusão do trabalho não pago (unpaid) não implica que não exista mais remuneração ou que haja um furto de salário (um salário roubado), mas sim uma nova forma de remuneração que não é definida pela forma ‘salário’. Assistimos, assim, a novas modalidades de remuneração do trabalho, caracterizadas por elementos cada vez mais simbólicos, relacionais e imateriais”, complementa.
No fundo, o que está em jogo não é a oposição entre humano e máquina, mas as implicações de sua simbiose. “Tais dinâmicas levam a reconsiderar o conceito de recomposição técnica do trabalho, sobretudo dentro de um processo que se move na direção da superação da dicotomia humano-máquina”, sustenta Fumagalli. “Tal tendência significa que desaparece a relação capital-trabalho? Somos de uma opinião totalmente diferente. O que está acontecendo, como sempre acontece ao longo da mudança do paradigma tecnológico dominante, é uma nova configuração de tal relação, em que o elemento material e, consequentemente, a sua medida em termos de remuneração monetária perdem eficácia em benefício de uma nova relação capital-trabalho, ainda mais embebido de elementos subjetivos do que anteriormente”, explica.
Fumagalli, em 2015, durante entrevista ao IHU
Foto: Cristina Guerini | IHU
Andrea Fumagalli é doutor em Economia Política pela Università Bocconi e Università Cattolica di Milano, Milão, graduado em Economia e Ciências Sociais pela mesma instituição e posteriormente desenvolveu atividades de pesquisa em parceria com École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris, e na New School for Social Research (Nova York). Professor no Departamento de Economia Política e Método Quantitativo da Faculdade de Economia e Comércio da Università di Pavia, Itália.
A entrevista é publicada por IHU On-line, no. 503, com o tema de capa "A ‘uberização’ e as encruzilhadas do mundo do trabalho".
Também pode ser conferido o Medium do IHU, Futuro do Trabalho — Limites e Possibilidades.
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Quais foram as principais mudanças no capitalismo após o movimento de globalização e como ele reorganizou os modos de produção em escala global?
Andrea Fumagalli – Um dos efeitos da crise que surgiu dos subprimes [1] foi evidenciar a instabilidade estrutural do novo capitalismo, entre financeirização e globalização. Não que essa instabilidade não fosse conhecida por alguns estudiosos, especialmente alheios ao âmbito do mainstream econômico e burguês, mas pelo menos esse divisor de águas tornou evidente e generalizada tal consciência. No entanto, o que ainda devia ser investigado era em que direção ou direções tal instabilidade levaria nos anos seguintes. A esse respeito, podemos identificar três linhas de tendência.
O primeiro ponto diz respeito à natureza do processo de acumulação e a consequente valorização que se seguiu, depois do colapso financeiro e dos Produtos Internos Brutos – PIBs no biênio 2008-2009. A crise dos subprimes [2] pode ser lida como o resultado de um descolamento entre um processo de exploração de uma atividade laboral ainda interna a uma governança do mercado de trabalho (que previa a existência de uma remuneração cada vez mais precária e comprimida) e um processo de valorização financeira de uma estrutura de propriedade privada que se queria cada vez mais difundida, embora cada vez mais empobrecida.
Os lucros das grandes empresas multinacionais apenas em parte derivam diretamente da exploração direta do trabalho e, se isso ocorria, tratava-se da exploração de algumas partes de todo o ciclo de subfornecimento e de produção, em particular os nós não diretamente envolvidos no core produtivo e tecnológico. Apesar do aumento da intensidade de tal exploração (precarização elevada, redução dos direitos anteriormente adquiridos no apogeu das lutas na fase alta do fordismo, decomposição do trabalho, incapacidade e muitas vezes conivência dos sindicatos), tal base de extração da mais-valia não era mais suficiente diante da extensão da concorrência global e da redefinição da estrutura geoeconômica em escala mundial, com a emergência de novas potências econômicas capitalistas. A valorização capitalista necessitava, assim, de novas fontes. A financeirização, de um lado, e a aceleração da mercantilização do território e da natureza e a privatização dos seus bens, de outro, podiam fornecer uma resposta adequada, que se revelou, porém, insuficiente.
Daí a exigência de inserir no processo de financeirização, de modo cada vez mais difuso, a vida dos indivíduos mediante o devir-renda de porções crescentes do salário (principalmente o diferido, graças ao desmantelamento do sistema de welfare na Europa ou a sua extensão em termos financeiros, como ocorreu com a reforma da saúde de Obama [3] nos Estados Unidos e como está acontecendo hoje na América Latina).
A cartolarização financeira das condições de vida mediante o desenvolvimento dos derivados (das casas aos direitos de propriedade intelectual, aos seguros de saúde, de previdência, de educação etc.) devia, de algum modo, compensar a possível crise de realização devida ao incremento da concentração das rendas, como resultado de um processo de exploração do trabalho que tinha chegado a limites não mais superáveis.
A crise financeira do capitalismo cognitivo abre o caminho para o capitalismo biocognitivo [4]. O prefixo bio, nesse caso, é resolutivo. Ele indica que a acumulação capitalista atual sempre se identifica com a exploração da vida na sua essência, indo além da exploração do trabalho produtivo certificado como tal e, portanto, remunerado. O valor-trabalho deixa cada vez mais espaço para o valor-vida [5]. Trata-se de um processo, ao mesmo tempo, extensivo e intensivo.
Extensivo, porque a vida inteira, nas suas singularidades, torna-se objeto de exploração, até mesmo na sua simples cotidianidade. Novas produções ganham vida. A re/produção social [6], desde sempre operante na história da humanidade, torna-se diretamente produtiva, mas apenas parcialmente assalariada [salarizzata]; a gênese da vida (a procriação) transforma-se em business; o tempo livre é encaixotado, assim como as relações de amizade e sentimentais, dentro de trilhos e de dispositivos que, graças às tecnologias algorítmicas, permitem a extração de mais-valia (valor de rede); os processos de aprendizagem e de formação são inseridos nas estratégias de marketing e de valorização do capital; o corpo humano, nos seus componentes físicos assim como cerebrais, torna-se a matéria-prima para a produção e a programação da saúde e do prolongamento da vida, graças às novas técnicas biomédicas.
Intensivo, porque tais processos são acompanhados por novas modalidades técnicas e organizacionais. A vida posta em produção e, portanto, em valor se manifesta, em primeiro lugar, como empreendimento de relações humanas e sociais. A cooperação social, entendida como conjunto de relações humanas mais ou menos hierárquicas, torna-se a base da acumulação capitalista.
O debate recente, especialmente no âmbito do marxismo autônomo, identificou no comum o novo método de produção [7]. Trata-se de um aspecto relevante para entender tanto as formas da organização da produção e da empresa quanto do trabalho. Aqui nos limitamos a enfatizar como é importante não confundir o conceito de comum com o dos bens comuns. E como a produção do comum (expressão de Antonio Negri [8]) representa uma nova modalidade do processo de subsunção, que definimos como vital e que vai além da tradicional dicotomia entre subsunção formal e real, de memória marxiana. O comum como método de produção, como forma de produção, não pode ser ontologicamente dado (como, ao contrário, defende Antonio Negri), pois é fruto do agir dos processos históricos. Certamente, é plausível afirmar que os seres humanos vivem em “bando”, ou seja, em comunidade, e não individualmente, e que, portanto, o desenvolvimento de relações sociais é intrínseco ao agir humano.
O segundo ponto diz respeito à constatação de que o capitalismo biocognitivo é acompanhado por uma aceleração do progresso tecnológico. É ainda prematuro para afirmar se um novo paradigma tecnológico está às portas, mas estamos assistindo a alguns sinais que podem confirmar essa hipótese. O que emerge é um progredir de hibridação entre máquina e humano em uma direção que vê, ao mesmo tempo, experimentações de formas de automação completa voltada à substituição do ser humano em algumas das suas funções relevantes, por um lado, e enxertos maquínicos no corpo humano, por outro.
Os setores da inteligência artificial, as biotecnologias, as nanotecnologias, a construção de tecidos humanos com a experimentação genética, as neurociências, a indústria da elaboração de massas de dados cada vez mais complexos e individualizados (big data) mostram-nos um caminho no qual o devir-humano da máquina se conjuga com o devir-maquínico do humano. Além da dinâmica futura que tais trajetórias vão tomar, mesmo assim rumo à construção de um pós-humano [9][10], o que nos interessa observar é como a separação entre homem e maquínico desaparece. Não só a relação entre trabalho abstrato e trabalho concreto sofre uma torção [11], mas também a relação entre capital constante e capital variável, entre trabalho morto e trabalho vivo tende a se modificar cada vez mais até uma nova metamorfose entre capital e trabalho. Tal dinâmica levanta uma série de nós teóricos e empíricos relevantes.
O terceiro ponto diz respeito à investigação da nova composição social do trabalho que derivou daí. Assistimos ao crescimento de uma subjetividade do trabalho plural e diferenciada que torna impossível, de fato, no estado atual dos fatos, a identificação de uma composição social de classe homogênea. A coexistência de formas não salariais, de formas de trabalho não pago, de formas de semiescravidão, de formas de envolvimento emotivo-cerebral, de formas heterodirigidas, de formas de trabalho autônomo de terceira geração, de formas de autorrealização e de autoempreendedorismo (por exemplo, os makers) tornam dificilmente codificável tanto a composição técnica quanto política do trabalho, admitindo-se que essas duas expressões ainda tenham sentido.
A crise do trabalho assalariado, contudo, não abre perspectivas de superação da condição laboral, ao contrário, fragmenta-a e deprime-a ainda mais. É sintomático, a esse respeito, a atual tendência à anulação da remuneração monetária de um número crescente de desempenhos laborais diretamente produtivos e não assimiláveis ao arquipélago do trabalho voluntário e “livre” (free). A difusão do trabalho não pago (unpaid) não implica que não exista mais remuneração ou que haja um furto de salário (um salário roubado), mas sim uma nova forma de remuneração que não é definida pela forma “salário”. Assistimos, assim, a novas modalidades de remuneração do trabalho, caracterizadas por elementos cada vez mais simbólicos, relacionais e imateriais.
Tais dinâmicas levam a reconsiderar o conceito de recomposição técnica do trabalho, sobretudo dentro de um processo que se move na direção da superação da dicotomia humano-máquina. Tal tendência significa que desaparece a relação capital-trabalho? Somos de uma opinião totalmente diferente. O que está acontecendo, como sempre acontece ao longo da mudança do paradigma tecnológico dominante, é uma nova configuração de tal relação, em que o elemento material e, consequentemente, a sua medida em termos de remuneração monetária perdem eficácia em benefício de uma nova relação capital-trabalho, ainda mais embebido de elementos subjetivos do que anteriormente.
A atual valorização capitalista se fundamenta cada vez mais na produção de subjetividade. O capital fixo se hibrida com o capital variável, o trabalho morto com o vivo, e vice-versa. O desafio que temos pela frente não é apenas a reapropriação do próprio capital fixo, mas também, e talvez acima de tudo, a capacidade de autogestão do próprio capital variável.
IHU On-Line – Como o “conhecimento” se tornou um objeto central para a produção de mais valia?
Andrea Fumagalli – O conhecimento, em sentido lato, torna-se fonte direta de produção de mais-valia, essencialmente como resultado de dois processos que marcam a saída da crise do paradigma fordista no início dos anos 1970. O primeiro tem a ver com a passagem das tecnologias tayloristas – rígidas, mecânicas, repetitivas, estáticas – às tecnologias linguístico-digitais – flexíveis, comunicativas, com uma elevada taxa de cumulatividade, dinâmicas. O ingresso da linguagem na produção necessita de uma força de trabalho dotada de saberes e competências (know-how), dando vida, assim, a uma nova divisão do trabalho: a cognitiva.
Em segundo lugar, como resultado das mudanças tecnológicas, a organização do trabalho se modifica. A partir de uma estrutura vertical, tende a se transformar em estrutura horizontal, rizomática, sem que, no entanto, desapareça o papel do comando do capital sobre o trabalho. As capacidades relacionais desempenham o papel nevrálgico de pôr em circulação o conhecimento dentro de uma estrutura hierárquica que se apoia em novos dispositivos de controle não mais diretos e disciplinares, mas cada vez mais indiretos e sociais. A cooperação social necessária à exploração do conhecimento, assim, deve se conjugar com o individualismo e a fragmentação do trabalho para permitir a sua expropriação.
O conhecimento é uma mercadoria que pode assumir diversos papéis, de acordo como é definido. A esse respeito, podemos distinguir, em princípio, três graus (níveis) de conhecimento, sobre os quais se baseia a atual divisão cognitiva do trabalho:
1. a informação, ou seja, a produção de dados formatados e estruturados capazes de serem duplicados mecânica e serialmente;
2. o saber, ou seja, a possibilidade de produzir aprendizagem, tanto em termos operacionais (“saber-fazer”) quanto de capacidades de enfrentar problemas específicos. Ele é também uma atitude a “saber ser”, “saber viver” etc. (know-how);
3. o conhecimento sistêmico (bioconhecimento), ou seja, a compreensão em nível sistêmico, produtora de uma capacidade cognitiva que permite gerar novos conhecimentos (know-that).
Há uma interdependência funcional entre esses três níveis. O conhecimento sistêmico coloca-se em um nível superior, e, por ele, entende-se uma capacidade de abstração capaz de gerar uma visão, justamente, sistêmica, não codificável em procedimentos-padrão. O que entendemos por conhecimento sistêmico é essencialmente conhecimento tácito, ou seja, conhecimento que é fruto de um processo de aprendizagem e de aculturação pessoal e social, não separável nem expropriável de quem o possui. O saber é entendido, nessa acepção, como forma de conhecimento mais especializado, a meio caminho entre aprendizagem operacional, transmissível via linguagem mediante procedimentos codificados, e desenvolvimento de noções comportamentais que se origina de condutas sociais de tipo imitativo (aprendizagem mimética). A informação, em vez disso, coloca-se no nível inferior: é expressão de um saber que não tem valor em si mesmo, mas que é necessário para se chegar a uma forma de saber codificado.
IHU On-Line – A partir desse fenômeno, como se caracterizam as novas escalas econômicas de crescimento de produtividade divididas em economias aprendentes e economias em rede?
Andrea Fumagalli – As economias de aprendizagem (learning economies) e as economias de rede (network economies) representam os dois principais fatores de crescimento da produtividade e, portanto, definem as novas formas da exploração no capitalismo cognitivo e, hoje, biocognitivo. As economias de aprendizagem geram conhecimento, via cumulatividade, a partir de conhecimentos tácitos a conhecimentos codificados. As economias de rede os difundem através da replicabilidade. Se a capacidade cumulativa dos processos de aprendizagem das tecnologias linguístico-comunicativas é um elemento nevrálgico e estratégico, é sobre a sua difusão que se definem hoje as hierarquias proprietárias.
Aprendizagem e rede, de fato, estão em contradição entre si. Quanto maior é a capacidade de difusão tecnológica, maior é o húmus a partir do qual, em nível sistêmico, o general intellect pode obter sua seiva. Mas, em uma realidade capitalista privada, o conhecimento, embora seja, por definição, uma mercadoria não escassa, mas abundante (quanto mais se troca, de fato, mais se difunde), é submetido a enclousures (cercas) que limitam tal difusão (os direitos de propriedade intelectual) para poder permitir que os proprietários lucrem a máxima mais-valia. Mas, quanto mais o conhecimento é cercado por patentes e pelos copyrights, menor é a sua capacidade de gerar cumulativamente novo conhecimento. Aqui está a contradição e a crise do capitalismo cognitivo, que incide negativamente sobre a máxima exploração das economias de aprendizagem e de rede.
IHU On-Line – Em seus estudos o senhor afirma que o capitalismo biocognitivo é a expressão que define o capitalismo contemporâneo. De que forma podemos caracterizá-lo?
Andrea Fumagalli – Por capitalismo biocognitivo, entende-se aquele sistema de acumulação de tipo capitalista (ou seja, fundamentado na propriedade privada e na relação de exploração capital-trabalho), cuja fonte de valor não se baseia mais apenas no tempo de trabalho certificado como produtivo, mas em todo o tempo de vida. É a vida mesma, na sua cotidianidade e na sua plenitude, que é fonte de valorização. Isso pode acontecer de modo direto ou indireto e com intensidade diferente. A atividade laboral, especialmente quando a produção é tendencialmente imaterial, caracteriza-se por um aumento da intensidade, graças ao desenvolvimento e à difusão das tecnologias digitais que reduzem o tempo de trabalho para a coleta e a elaboração de dados e das capacidades relacionais. As práticas de aprendizagem e de relação tendem a ser cada vez mais organizadas como “adestramento” heterodirigido com o fim de incrementar a sua produtividade. Simultaneamente, a acumulação capitalista estende o seu raio de ação até englobar aquelas atividades da vida (do consumo à arte, ao cuidado, à re/produção social, ao tempo livre), que, até pouco tempo atrás, eram consideradas improdutivas, criando as premissas para uma nova forma de acumulação primitiva.
IHU On-Line – Como a ideia de “subsunção” ajuda a explicar o mundo do trabalho no capitalismo contemporâneo? As distinções entre labor (trabalho produtivo), opus (trabalho artístico e cultural) e otium (atividades de lazer) ainda fazem sentido?
Andrea Fumagalli – O conceito de subsunção em Marx [12] indica as modalidades de subalternidade do trabalho ao capital. Portanto, é propedêutico à análise das formas de exploração do trabalho. Tal relação de exploração capitalista é descrita por Marx com duas formas de subsunção diferentes: “formal” e “real”, resultado da evolução histórica do capitalismo e da metamorfose contínua da relação capital-trabalho. Essas duas subsunções remetem a dois conceitos diferentes de mais-valia: absoluta e relativa. De acordo com Marx, à fase da subsunção formal do trabalho ao capital, corresponde a mais-valia absoluta. À subsunção real, corresponde, em vez disso, a mais-valia relativa.
A fase histórica da subsunção formal corresponde àquele período de capitalismo pré-industrial que chega até o limiar da revolução industrial e o primeiro capitalismo artesanal, nos quais a exploração do trabalho e a sua submissão ao capital implementam-se “com base em um processo laboral a ele pré-existente” [13]. Em tal contexto, a mais-valia deriva da extensificação do trabalho através do, mas não só, contínuo prolongamento do horário de trabalho.
Com a passagem para a subsunção real, o processo de exploração e de extração da mais-valia passa da fase de extensificação para a da intensificação do processo laboral. Tal passagem ocorre mediante a sucessão de três tipos de organização.
A “cooperação simples” inicial, típica da primeira fase da subsunção formal do pré-capitalismo, abre espaço para o sistema da “manufatura” do fim do século XVIII, na qual o trabalho ainda tem um conteúdo, e o operário utiliza um instrumento próprio, embora de modo cada vez mais exclusivo e em áreas restritas. É a fase descrita por Adam Smith [14], quando a “cooperação simples” muda de configuração e se transforma em divisão do trabalho com o objetivo de decompor a atividade artesanal em operações diferentes e heterogêneas, cada uma das quais é atribuída de modo permanente a operários individuais.
A fase organizacional da “manufatura”, em meados do século XIX, se transforma, depois, no terceiro modelo organizacional, que Marx denomina de “fábrica”, onde desaparece toda especialização, e o operário é forçado pela “máquina” a desempenhar operações monótonas durante todo o arco do dia de trabalho. O operário torna-se, assim, totalmente servo da máquina, reduzindo-se, ele mesmo, a máquina que age sem ter que pensar. E é nessa última transformação que se implementa a passagem para a subsunção real do trabalho ao capital. A extração de mais-valia (agora relativa) é, assim, determinada pelo incremento da intensificação dos ritmos, ditados pela velocidade da máquina. Tal intensificação (que os economistas chamam de “produtividade do trabalho”) é destinada a abreviar o tempo de trabalho socialmente requerido para a produção de uma mercadoria, de modo a permitir que, no mesmo tempo de trabalho, o volume de output seja maior.
Com a passagem para o paradigma do capitalismo biocognitivo, entramos em uma nova fase da subsunção do trabalho ao capital, em que, ao mesmo tempo, subsunção formal e subsunção real tendem a se fundir e a se alimentar reciprocamente.
Falamos de subsunção formal do trabalho ao capital no momento em que o desempenho laboral se refere à capacidade relacional e aos processos de aprendizagem que o trabalhador individual detém com base na sua experiência de vida, isto é, amadurecidos em um período anterior ao momento da sua utilização para os fins da produção de valor de troca. A aprendizagem e a relação nascem como valor de uso na fonte e, assim como os utensílios e as competências manuais dos artesãos do primeiro período capitalista, são, depois, “salarizados”, obtorto collo, e formalmente subsumidos na produção de valor de troca.
O processo de valorização, de fato, ocorre explorando as capacidades de aprendizagem, de relação e de (re)produção dos seres humanos que se formam a montante, antes da utilização direta na produção. Trata-se, para todos os efeitos, de uma espécie de acumulação primitiva capaz de pôr ao trabalho e em valor aquelas atividades que, no paradigma fordista-taylorista, eram improdutivas. A subsunção formal no capitalismo biocognitivo, portanto, tem como efeito o alargamento da base de acumulação, pondo ao trabalho a atividade de formação, de cuidado, de reprodução, de consumo, de relação social e de tempo livre.
Muda o conceito de trabalho: a distinção entre trabalho diretamente produtivo (labor), trabalho artístico e cultural (opus), atividades de lazer (jogo e leisure) desaparece e tende a confluir em tempo de trabalho direta e indiretamente produtivo [15]. De fato, assistimos a uma convergência dos diversos tempos de vida (tempo do labor, tempo do opus, tempo do otium, tempo do jogo) ao labor, tornando, assim, vã a diferença entre esses termos. A vida humana inteira torna-se produtiva.
Paralelamente, no capitalismo biocognitivo, a subsunção real se modifica em comparação com o taylorismo, depois da passagem das tecnologias mecânico-repetitivas para as linguístico-relacionais. Das tecnologias estáticas que aumentam a produtividade e a intensidade do desempenho laboral mediante a exploração das economias de escala de dimensão, passa-se a tecnologias dinâmicas como as de aprendizagem e de rede, capazes de conjugar simultaneamente atividades manuais e atividades cérebro-relacionais, favorecendo uma nova organização mais flexível do trabalho, na qual a fase de concepção e a fase de execução não são mais perfeitamente separáveis, mas cada vez mais interdependentes e complementares.
A separação entre produção manufatureira e produção terciária também se torna cada vez mais difícil de captar. Elas são cada vez mais indissolúveis dentro da cadeia de produção. Do lado da produção material, a introdução de novos sistemas informatizados de produção, como o CAD-CAM [16] e o CAE [17], tornam necessário um profissionalismo de competências e de saberes que tornam a relação entre homem e máquina cada vez mais inseparável, a tal ponto que é o trabalho vivo que domina o trabalho morto maquínico. Do lado da produção dos serviços (financeirização, R&D, comunicação, brand, comercialização), assiste-se a uma predominância da valorização a jusante da produção material apenas.
IHU On-Line – De que maneira os modelos de organização laboral no século 21 desembocam na subsunção da vida?
Andrea Fumagalli – No capitalismo biocognitivo, subsunção real e subsunção formal são dois lados da mesma moeda e se alimentam mutuamente. Eles, conjuntamente, dão origem a uma nova forma de subsunção, que podemos definir como vital ou subsunção do general intellect. Tal nova forma de acumulação capitalista moderna evidencia alguns aspectos que estão na base da crise do capitalismo industrial.
Trata-se de analisar as novas fontes da riqueza (e dos rendimentos crescentes) no capitalismo biocognitivo. Tais fontes derivam da crise do modelo de divisão técnica e social gerado pela primeira revolução industrial e levado às suas consequências extremas pelo taylorismo e são alimentados pelo papel e pela difusão do saber que obedece “a uma racionalidade social cooperativa que foge da concepção restritiva do capital humano” [18]. Segue-se daí que é posto em causa o tempo de trabalho imediato como principal e único tempo produtivo, com o efeito de que o tempo efetivo e certificação de trabalho não é mais a única medida da produtividade e a única garantia de acesso à renda.
Assim, implementa-se uma torção na tradicional teoria do valor-trabalho rumo a uma nova teoria do valor, em que o conceito de trabalho é cada vez mais caracterizado pelo “saber” e é permeado pelo tempo de vida. Podemos chamar essa passagem como a transição para uma teoria do valor-saber [19] ou teoria do valor-vida [20], quando saber e vida tendem a se autoalimentarem reciprocamente e quando o capital fixo principal é o homem “em cujo cérebro reside o saber acumulado pela sociedade” [21].
Quando a vida se torna força de trabalho, o tempo de trabalho não é mais mensurável em unidades de medida padrão (horas, dias). A jornada de trabalho não tem mais limites, senão os naturais. Estamos na presença da subsunção formal e da extração de mais-valia absoluta. Quando a vida se torna força de trabalho porque o cérebro se torna máquina, ou seja, “capital fixo e capital variável ao mesmo tempo”, a intensificação do desempenho laboral atinge o seu máximo: assim, estamos na presença da subsunção real e da extração de mais-valia relativa.
Tal combinação das duas formas de subsunção – que podemos definir como subsunção vital – precisa de um novo sistema de regulação social e de governança política.
IHU On-Line – Como esses novos conceitos convergem às sociedades de controle e como elas se caracterizam?
Andrea Fumagalli – O conceito de sociedade de controle foi cunhado por Gilles Deleuze [22] em continuidade e em parcial substituição do conceito de controle disciplinar de Michel Foucault [23]:
“Encontramo-nos em uma crise generalizada de todos os ambientes de reclusão, prisão, hospital, fábrica, escola e família. A família é um ‘interior’ em crise, assim como todos os outros interiores, escolares, profissionais etc. Os ministros competentes não param de anunciar reformas consideradas necessárias. Reformar a escola, reformar a indústria, o hospital, o exército, o cárcere: mas todos sabem que essas instituições são finitas, em um prazo mais ou menos longo. Trata-se somente de gerir a sua agonia e de manter as pessoas ocupadas até a instalação de novas forças que estão às portas. Essas são as sociedades do controle que estão prestes a substituir as sociedades disciplinares. ‘Controle’ é o nome que Burroughs propôs para designar esse novo monstro e que Foucault reconhece como nosso futuro próximo.” [24]
A sociedade do controle dota-se de um número de instrumentos. Aqui, queremos nos deter sobre três. O primeiro é representado pela governança dos comportamentos individuais através da “dívida”, hoje não mais apenas um conceito contábil e econômico, mas também dispositivo indiretamente disciplinar (e, portanto, de controle social) da psicologia individual, até desenvolver sentimentos de culpa e de autocontrole [25].
O segundo processo de controle social é representado pela evolução das tipologias contratuais do trabalho rumo a uma condição estrutural, existencial e generalizada de precariedade. A condição precária hoje é sinônimo de incerteza, instabilidade, nomadismo, chantagem e subalternidade, psicológica ou não, dos meios de sobrevivência. É condição de dependência que não se manifesta no mesmo momento em que se define formalmente uma relação de trabalho, mas está a montante e a jusante dele. É condição existencial total que impõe formas de autocontrole e de autorrepressão, com resultados ainda mais fortes do que o disciplinamento direto da fábrica. A condição precária indica uma antropologia e uma psicologia comportamental que é tanto mais forte quanto mais o trabalho se torna cognitivo e relacional [26].
Dívida, por um lado, precariedade, por outro, são, assim, as duas arquitraves principais que permitem que a atual subsunção vital do capitalismo biocognitivo opere.
A fim de induzir comportamentos subjetivos alinhados com o processo de exploração da vida que subjaz à subsunção vital, é necessário, no entanto, que sejam introduzidos outros dispositivos de controle, finalizados à governança das subjetividades dos indivíduos. Aqui se insere a terceira tendência do controle social, que se move em uma via dupla: o controle dos processos de formação do saber e a criação de imaginários individualistas ad hoc.
No momento mesmo em que o saber, o general intellect, torna-se estratégico, a base do processo de acumulação e valorização biocapitalista, é necessário controlá-lo, mas também dirigi-lo. Tal processo pode ocorrer ao longo de duas diretivas complementares entre si, finalizado à administração das “coisas” (a primeira) e ao governo das “pessoas” (a segunda). Por um lado, assiste-se ao desenvolvimento de uma governança da técnica (techné) como um dispositivo de formação que despoja constantemente qualquer elemento de análise crítica e de filosofia social. A especialização técnica cria, assim, “ignorância”, no sentido etimológico do termo, ou seja, “não conhecimento”. Por outro lado, soma-se a isso o dispositivo do mérito e do prêmio seletivo individual, mantra já estabelecido nos processos de reforma das instituições formativas (da creche à universidade), capaz de transformar as diversas individualidades postas ao trabalho e em valor em subjetividades individualistas, perenemente em luta entre si e, portanto, autoanuladoras.
Nota:
[1] Subprime (do inglês subprime loan ou subprime mortgage): é um crédito de risco, concedido a um tomador que não oferece garantias suficientes para se beneficiar da taxa de juros mais vantajosa (prime rate). (Nota da IHU On-Line)
[2] Crise do subprime: crise financeira desencadeada a partir de 2006, em decorrência da quebra de instituições de crédito dos Estados Unidos. (Nota da IHU On-Line)
[3] Barack Obama [Barack Hussein Obama II] (1961): advogado e político estadunidense. Foi o 44º presidente dos Estados Unidos, tendo governado o país entre 2009 e 2017. (Nota da IHU On-Line)
[4] Andrea Fumagalli, “Twenty Theses on Contemporary Capitalism (Bio-Cognitive Capitalism)”, Angelaki, vol. 16, 2011, p. 7-17. (Nota do entrevistado)
[5] Andrea Fumagalli, Cristina Morini, “Life put to work: towards a theory of life-value”, Ephemera, vol. 10, p. 234-252. (Nota do entrevistado)
[6] Cristina Morini, “Social re production as a paradigm of the common Reproduction antagonism, production crisis”, in García Agustín Óscar, Ydesen Christian (eds.), Post-Crisis Perspectives: The Common and its Powers, Peter Lang, New York, pp. 83-98. (Nota do entrevistado)
[7] Antonio Negri, Il comune come modo di produzione, junho 2016. (Nota do entrevistado)
[8] Antonio Negri (1933): filósofo político e moral italiano. Durante a adolescência, foi militante da Juventude Italiana de Ação Católica, como Umberto Eco e outros intelectuais italianos. Em 2000 publicou o livro-manifesto Império (5ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2003), com Michael Hardt. Em seguida, publicou Multidão. Guerra e democracia na era do império (Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2005), também com Michael Hardt – sobre esta obra, publicamos um artigo de Marco Bascetta na 125ª edição da IHU On-Line, de 29-11-2004. O último livro da “trilogia” entre os dois autores, Commonwealth (USA: First Harvard University Press paperback, 2011); em português, Bem-Estar Comum. Record, 2016. (Nota da IHU On-Line)
[9] O debate sobre o pós-humano já iniciou há algumas décadas. Inicialmente, ele analisou a evolução da relação ser humano, natureza e tecnologia (ver Robert Pepperell, The Posthuman Condition: Consciousness Beyond The Brain, Intellect Books, Portland, Usa, 1995; e Robert Pepperell, Michael Punt, The Postdigital Membrane: Imagination, Technology and Desire, Intellect Books, Prtland, Usa, 2003); depois, de modo mais direto, sobre o processo de transformação do ser humano (ver Rosi Braidotti, Il Postumano. La vita oltre l'individuo, oltre la specie, oltre la morte, Derive Approdi, Roma, 2014). (Nota do entrevistado)
[10] Pós-humano: sobre o tema, confira a edição 200 da Revista IHU On-Line, intitulada O pós-humano. Limites e possibilidades do pós-humanismo, publicada em 16-10-2006. Confira, ainda, a obra Uma sociedade pós-humana. Possibilidades e limites das nanotecnologias (São Leopoldo: Unisinos, 2009), organizada por Inácio Neutzling e Paulo Fernando Carneiro de Andrade. (Nota da IHU On-Line)
[11] Andrea Fumagalli, Bioeconomia e capitalsmo cognitivo. Verso un nuovo paradigma di accumulazione, Carocci, Roma, 2007; em particular o parágrafo 8.3.2 “Il nesso tra lavoro astratto e lavoro concreto, ovvero l’alienazione cerebrale”, pp. 193-196 [trad. espanhola: Bioeconomìa y capitalismo cognitivo. Hacia un nuevo paradigma de acumulación, Traficantes de Suenos, Madrid, 2010]. (Nota do entrevistado)
[12] Karl Marx (Karl Heinrich Marx, 1818-1883): filósofo, cientista social, economista, historiador e revolucionário alemão, um dos pensadores que exerceram maior influência sobre o pensamento social e sobre os destinos da humanidade no século XX. Leia a edição número 41 dos Cadernos IHU ideias, de autoria de Leda Maria Paulani, que tem como título A (anti)filosofia de Karl Marx. Também sobre o autor, confira a edição número 278 da IHU On-Line, de 20-10-2008, intitulada A financeirização do mundo e sua crise. Uma leitura a partir de Marx.
Leia, igualmente, a entrevista Marx: os homens não são o que pensam e desejam, mas o que fazem, concedida por Pedro de Alcântara Figueira à edição 327 da IHU On-Line, de 03-05-2010.
A IHU On-Line preparou uma edição especial sobre desigualdade inspirada no livro de Thomas Piketty O Capital no Século XXI, que retoma o argumento central da obra de Marx O Capital. (Nota da IHU On-Line)
[13] K. Marx, Il Capitale, Livro I, capítulo VI inédito, p. 53. (Nota do entrevistado)
[14] Adam Smith (1723-1790): considerado o fundador da ciência econômica tradicional. A Riqueza das Nações, sua obra principal, de 1776, lançou as bases para o entendimento das relações econômicas da sociedade sob a perspectiva liberal, superando os paradigmas do mercantilismo. Sobre Adam Smith, veja a entrevista concedida pela professora Ana Maria Bianchi, da Universidade de São Paulo - USP, à IHU On-Line nº 133, de 21-03-2005, e a edição 35 dos Cadernos IHU ideias, de 21-07-2005, intitulada Adam Smith: filósofo e economista, escrita por Ana Maria Bianchi e Antônio Tiago Loureiro Araújo dos Santos. (Nota da IHU On-Line)
[15] Para aprofundar, A. Fumagalli, Lavoro male comune, B. Mondadori, Milano, 2013, especialmente o cap. I. (Nota do entrevistado)
[16] Os termos se referem às expressões em inglês computer-aided design – CAD, em tradução livre, desenho assistido por computador, e computer-aided manufacturing – CAM, em tradução livre, manufatura assistida por computador. (Nota da IHU On-Line)
[17] O termo se refere à expressão computer-Aided engineering, em tradução livre, enenharia assistida por computador. Diz respeito ao amplo uso de programas de computador para auxiliar nas tarefas de análise de engenharia. (Nota da IHU On-Line)
[18] Herrera R., Vercellone C. (2002), « Transformations de la division du travail et endogénéisation du progrès technique », Economie Appliquée, vol. 55, nº 1, pp. 63-78. (Nota do entrevistado)
[19] Expressão usada em C. Vercellone e R. Herrera, ibidem. (Nota do entrevistado)
[20] A. Fumagalli, C. Morini, “La vita messa a lavoro: verso una teoria del valore-vita. Il caso del valore affetto”, Sociologia del lavoro, vol. 115, 2009, p. 94-117. (Nota do entrevistado)
[21] K. Marx, Grundrisse, vol. II, 1977, p. 725. (Nota do entrevistado)
[22] Gilles Deleuze (1925-1995): filósofo francês. Assim como Foucault, foi um dos estudiosos de Kant, mas tem em Bérgson, Nietzsche e Espinosa, poderosas interseções. Professor da Universidade de Paris VIII, Vincennes, Deleuze atualizou ideias como as de devir, acontecimentos e singularidades. (Nota da IHU On-Line)
[23] Michel Foucault (1926-1984): filósofo francês. Suas obras, desde a História da Loucura até a História da sexualidade (a qual não pôde completar devido a sua morte) situam-se dentro de uma filosofia do conhecimento. Foucault trata principalmente do tema do poder, rompendo com as concepções clássicas do termo. Em várias edições, a IHU On-Line dedicou matéria de capa a Foucault: edição 119, de 18-10-2004; edição 203, de 6-11-2006; edição 364, de 6-6-2011, intitulada 'História da loucura' e o discurso racional em debate; edição 343, O (des)governo biopolítico da vida humana, de 13-9-2010, e edição 344, Biopolítica, estado de exceção e vida nua. Um debate. Confira ainda a edição nº 13 dos Cadernos IHU em formação. (Nota da IHU On-Line)
[24] G. Deleuze, “L’autre journal”, n. 1, maggio 1990, ora in G. Deleuze, Pourparlers (1972-1990), Minuit, Paris 1990, pp. 240-247: . (Nota do entrevistado)
[25] M. Lazzarato, La fabbrica dell’uomo indebitato, Derive Approdi, Roma, 2012. Note-se que, em alemão, dívida traduz-se como “schuld”, que também significa culpa. (Nota do entrevistado)
[26] A. Fumagalli, Lavoro male comune, op.cit. (Nota do entrevistado)
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"O conceito de trabalho é cada vez mais caracterizado pelo “saber” e é permeado pelo tempo de vida". Entrevista especial com Andrea Fumagalli - Instituto Humanitas Unisinos - IHU