26 Outubro 2010
Evangélicos e católicos entram na disputa das eleições presidenciais deste ano. Dentro dessas duas formas de religiosidade cristã, há quem defenda Dilma e há quem defenda Serra. “Edir Macedo e Silas Malafaia acabaram por protagonizar cenas de verdadeiro pugilato verbal no segundo turno, por conta de seus divergentes engajamentos eleitorais, tornando ambos os caciques religiosos adversários contumazes”, contou o professor Ricardo Mariano durante a entrevista que concedeu, por e-mail, à IHU On-Line.
Mariano falou sobre a força que o voto evangélico pode ter no segundo turno e como a importância da opção desse grupo cresceu nessas eleições. Sobre os temas que estiveram no centro dessa discussão religiosa, o professor destacou que é preciso “considerar que a maioria das centenas de milhares de abortos no país é realizada por católicos e evangélicos. Da mesma forma, a esmagadora maioria de homossexuais brasileiros é composta por católicos e evangélicos. E, boa parte deles, certamente gostaria de ter o direito à união civil e também ao casamento civil e tornar seus direitos equitativos aos de heterossexuais”.
Ricardo Mariano é graduado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo, onde também realizou o mestrado e doutorado em Sociologia. Hoje, é professor na PUCRS. Entre suas obras, citamos Neopentecostais: Sociologia do novo pentecostalismo no Brasil (São Paulo: Edições Loyola, 2005).
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Os evangélicos estão sendo apontados como os grandes responsáveis por levar esta eleição para o segundo turno. Essa influência no mundo da política mostra algum tipo (e que tipo é esse) de força que nem mesmo os evangélicos sabiam que tinham?
Ricardo Mariano – O eleitorado evangélico colaborou apenas parcialmente para levar as eleições presidenciais ao segundo turno. Entre 26 de agosto e 23 de setembro, Dilma Rousseff perdeu votos dos evangélicos, caindo de 49% para 42%, e teve sua rejeição ampliada de 17% para 28% nesse segmento do eleitorado, segundo o Ibope. No mesmo período, José Serra subiu de 21% para 31%, enquanto Marina Silva saltou de 13% para 18% entre os evangélicos. Os candidatos oposicionistas, portanto, conquistaram parte dos votos perdidos pela candidata governista.
O problema é que os sete pontos percentuais perdidos por Dilma entre os evangélicos representam apenas 1,4% do total do eleitorado brasileiro. Caso a intenção de voto desses religiosos tenha se confirmado nas urnas no primeiro turno, tal fatia do eleitorado evangélico deu uma contribuição numérica muito modesta para levar as eleições ao segundo turno. Cabe observar que parte dos evangélicos e católicos foi instada por dirigentes religiosos a não votar em Dilma e a votar em Marina ou em Serra por motivos religiosos e morais. Tal orientação surtiu algum efeito, conforme a primeira pesquisa Ibope realizada no segundo turno, mas foi pequeno em virtude do tamanho total do eleitorado nacional.
Respondendo à segunda parte da questão, muitos líderes pentecostais creem ter muito poder político e eleitoral. E, em função das barganhas e alianças que efetuam com candidatos, partidos e governantes de todas as colorações ideológicas, vários líderes pentecostais procuram a cada pleito transformar seus rebanhos religiosos em rebanhos eleitorais, confrontando abertamente a legislação eleitoral vigente, que proíbe tal comportamento. O problema aí é que a filiação pentecostal não gera lealdades políticas ou eleitorais automáticas. Há muita mistificação na ideia de que a cada eleição esse rebanho religioso converte-se automaticamente em rebanho eleitoral de acordo com as conveniências e ordens de seus dirigentes pastorais.
Apesar disso, o fato é que atualmente a força política desses religiosos, além de permitir a formação de bancadas evangélicas nos legislativos (que terá 63 deputados federais no Congresso Nacional na próxima legislatura), pode decidir eleições majoritárias. Por isso, suas demandas têm sido crescentemente levadas em consideração por candidatos e partidos em geral. Já as igrejas protestantes históricas ou tradicionais tendem a rejeitar a mistura de religião e política. De modo geral, não orientam o voto de seus seguidores.
IHU On-Line – Silas Malafaia tem apoiado abertamente Serra, assim como Edir Macedo declarou sua simpatia por Dilma. O que esses diferentes posicionamentos políticos dizem sobre a relação entre diferentes igrejas pentecostais?
Ricardo Mariano – A Igreja Universal do Reino de Deus, liderada por Edir Macedo, mantém uma aliança política com Lula e o PT desde o segundo turno das eleições presidenciais de 2002. Cumpre observar, porém, que seus dirigentes passaram o final dos anos 1980 e toda a década de 1990 demonizando radicalmente o Partido dos Trabalhadores e seu candidato à presidência e apoiando enfaticamente o voto em seus adversários Fernando Collor e, em seguida, Fernando Henrique Cardoso.
O assembleiano Silas Malafaia, por sua vez, apoiou o candidato Lula em 2002. Na eleição presidencial atual, retirou o apoio eleitoral a Marina Silva, dado inicialmente, acusando-a de tergiversar em matérias como aborto e união civil de homossexuais. Em seguida, passou a apoiar Serra, inclusive no programa eleitoral na tevê.
Grosso modo, as diferentes alianças políticas e opções eleitorais de dirigentes da Igreja Universal e da Assembleia de Deus nada significam em termos de sua relação, que é eminentemente concorrencial no plano religioso. Até porque a parte majoritária da Assembleia de Deus, representada pela Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), apoia Serra, enquanto a Convenção Nacional das Assembleias de Deus (Conamad) é liderada por bispo que é o articulador político entre os evangélicos da candidata governista.
"As diferentes alianças políticas e opções eleitorais de dirigentes da Igreja Universal e da Assembleia de Deus nada significam em termos de sua relação, que é eminentemente concorrencial no plano religioso"
Até mesmo as principais denominações que se nomeiam de Assembleia de Deus no Brasil estão em campos políticos opostos. E, como vimos, os dirigentes da Universal mudaram sua orientação política a partir de 2002, sem que isso tivesse qualquer ligação com as relações que estabelece com outras denominações evangélicas. Cumpre observar que, nas eleições atuais, Edir Macedo e Silas Malafaia acabaram por protagonizar cenas de verdadeiro pugilato verbal no segundo turno, por conta de seus divergentes engajamentos eleitorais, tornando ambos os caciques religiosos adversários contumazes.
IHU On-Line – As questões moralistas, presentes nessa fase do pleito, podem mesmo mudar o voto dos evangélicos que optaram por Dilma no primeiro turno?
Ricardo Mariano – Nas semanas derradeiras do primeiro turno, foi realizada forte campanha de oposição à candidatura de Dilma na internet e mesmo em templos religiosos conduzida por leigos e lideranças católicas e evangélicas. Acusaram a candidata governista de apoiar a descriminalização do aborto, o casamento gay e outras medidas contrárias à moralidade cristã, incluindo o PL 122/2006, que está em tramitação no Senado Federal. Essa campanha teve algum efeito na intenção de voto de parte do eleitorado evangélico e mesmo de parte do eleitorado católico mais conservador. Daí a perda de votos de Dilma nesse eleitorado no primeiro turno.
"A maior parte dos evangélicos que votou em Marina optou por apoiar Serra no segundo turno"
Na primeira pesquisa efetuada pelo Ibope no segundo turno, Dilma manteve os 41% no segmento evangélico que tinha no final de setembro. Já o candidato da oposição obteve 52% de votos no eleitorado evangélico. Isso significa que a maior parte dos evangélicos que votou em Marina optou por apoiar Serra no segundo turno. No caso dos pentecostais, parte dessa opção eleitoral pode se dever a motivações estritamente religiosas. Pois, ao considerarmos sua posição de classe, isto é, suas renda e escolaridade inferiores à média brasileira, esses religiosos deveriam acompanhar o restante do eleitorado nacional com o mesmo perfil, tendendo, assim, a optar majoritariamente pela candidatura governista.
Mas não é isso que vem ocorrendo, como revelam pesquisas do Ibope e do Datafolha. Explicação mais provável para isso são motivações de ordem religiosa e moral, insufladas pela campanha sistemática efetuada por pastores e leigos em sua maioria contra Dilma e a favor de seu adversário.
IHU On-Line – E qual sua opinião sobre o posicionamento dos candidatos perante os evangélicos nesse segundo turno?
Ricardo Mariano – A estratégia de aproximação de Dilma Rousseff com católicos e evangélicos começou quase dois anos atrás. Desde que foi indicada por Lula para sucedê-lo, Dilma passou a realizar verdadeira peregrinação religiosa para tentar estreitar relações com líderes católicos e evangélicos, visando superar preconceitos relativos ao seu passado político como militante de esquerda, marxista e guerrilheira. Em 2009 e 2010, ela participou de vários eventos e cultos religiosos pelo país, chegando a discursar em púlpitos católicos e pentecostais e a citar a Bíblia. Estrategicamente, Dilma também reformulou radicalmente o discurso sobre sua fé religiosa. Em 2007, em entrevista, na função de ministra e sem a expectativa de candidatar-se a qualquer cargo político, revelou-se cética a respeito da existência de Deus. Isto é, assumiu uma posição tipicamente agnóstica.
Em fevereiro de 2010, como pré-candidata, disse não ter uma religião específica, mas acreditar "numa força maior que a gente". Posteriormente, disse ser "antes de tudo, cristã". Em 14 de maio, com a acentuação da pressão eleitoral, durante missa realizada em Brasília, rezou, ajoelhou-se e cumprimentou bispos, orientada por Gilberto Carvalho, chefe do gabinete da Presidência da República, católico de carteirinha e mediador das relações do governo Lula com a Igreja Católica. Após a cerimônia, questionada por repórteres, Dilma afirmou ser católica. Em suma, por motivos eleitorais, assumiu uma fé cristã e católica. Posteriormente, a marcação cerrada da imprensa mostrou que a candidata governista não sabia nem fazer o sinal da cruz, atrapalhando-se completamente durante uma missa na tentativa, vã, de persignar-se.
Os estrategistas e marqueteiros da campanha governista perceberam tardiamente os estragos eleitorais causados pela oposição católica e evangélica à candidatura de Dilma, que, em entrevistas pré-eleitorais, defendera em mais de uma oportunidade, a descriminalização do aborto. E, por este e outros motivos, estava sendo achincalhada por bispos católicos e pastores pentecostais por isso. Para tentar reverter o problema, nos últimos dias do primeiro turno e no início do segundo turno, Dilma realizou maratona de encontros com líderes religiosos, lançou mensagem comprometendo-se a não tomar a iniciativa de “propor alterações de pontos que tratem da legislação do aborto e de outros temas concernentes à família e à livre expressão de qualquer religião no país”. Além disso, sua campanha publicou um jornal informativo intitulado "Ao povo de Deus" para os eleitores evangélicos.
"Dilma procurou, sobretudo, evitar que seu `déficit religioso` e que a oposição religiosa de católicos e de pentecostais, disseminada em boatos por meios e de tipos os mais variados, prejudicasse sua candidatura"
Nas primeiras duas semanas do segundo turno, questões relativas ao aborto, à união civil de homossexuais e ao III Plano Nacional de Direitos Humanos agendaram fortemente a campanha eleitoral de Dilma Rousseff e de José Serra. Esses temas tornaram-se destaque na imprensa, nos meios de comunicação e na campanha eleitoral em rádio e tevê. Ambos redobraram esforços nesse período para manipular e instrumentalizar eleitoralmente o discurso religioso, a moralidade cristã e os eleitores católicos e pentecostais mais tradicionalistas no plano moral. Na campanha eleitoral na tevê e noutras manifestações públicas, incluindo missas no santuário de Aparecida na véspera e no dia da Padroeira, estrategicamente, cada qual procurou se mostrar mais carola, mais católico e mais comprometido com uma moralidade cristã conservadora que o adversário. Dilma procurou, sobretudo, evitar que seu "déficit religioso" e que a oposição religiosa de católicos e de pentecostais, disseminada em boatos por meios e de tipos os mais variados, prejudicasse sua candidatura.
Já Serra vestiu a carapuça de católico conservador e apelou intensamente ao eleitorado cristão moralmente tradicionalista no segundo turno, opôs-se à descriminalização e a qualquer mudança na legislação do aborto e manipulou uma retórica religiosa maniqueísta do bem contra o mal. E, tal como Dilma, apoiou a união civil de homossexuais, provavelmente considerando que cerca de metade dos brasileiros apoia tal medida. Serra socorreu-se ainda do pastor assembleiano Silas Malafaia, que tornou-se, por alguns dias, um dos protagonistas de sua campanha eleitoral na tevê.
IHU On-Line – Discutir o aborto e a união civil homossexual significa o que para os evangélicos? Por que esse grupo religioso pode optar por um candidato que não vá mexer na questão do aborto, por exemplo, mas possa afetar a vida econômica do país?
Ricardo Mariano – Muitos líderes católicos e evangélicos falam abertamente em nome de uma “maioria moral” cristã. Muitos deles querem impor sua moralidade estrita ao conjunto da sociedade brasileira pela via política, já que a via religiosa se mostra relativamente limitada para tanto. Quanto a isso, basta considerar que a maioria das centenas de milhares de abortos no país é realizada por católicos e evangélicos. Da mesma forma, a esmagadora maioria de homossexuais brasileiros é composta por católicos e evangélicos. E, boa parte deles, certamente gostaria de ter o direito à união civil e também ao casamento civil e tornar seus direitos equitativos aos de heterossexuais.
Dirigentes católicos e evangélicos engajados nessa cruzada moral não têm o menor apreço pelos direitos sexuais e reprodutivos defendidos por feministas e homossexuais. Preferem ignorar a pluralidade e os direitos das minorias, no caso da união civil de homossexuais, e os direitos de autonomia sobre o próprio corpo no caso das mulheres que optam por interromper uma gravidez indesejada por motivos diversos.
Para tentar assegurar sua moralidade tradicionalista e estrita para o conjunto da sociedade, católicos e evangélicos procuram pressionar candidatos, partidos e governantes em momentos eleitorais para que assumam compromissos morais e políticos estabelecidos por esses religiosos. Isso revela que dirigentes católicos e pentecostais têm grande presença, influência e poder na esfera pública brasileira. Caso contrário, os candidatos não obedeceriam como cordeirinhos, como fizeram Dilma e Serra, às ordens e exigências destes religiosos.
Outra forma de tentar fazer valer sua moralidade para todos consiste em eleger representantes religiosos para o Congresso Nacional, como têm feito evangélicos e católicos, sobretudo os da ala carismática. Outra estratégia empregada com esse fim é o uso sistemático da mídia religiosa, especialmente a eletrônica, para opor-se ao aborto, à união civil de homossexuais e defender uma moral cristã. Tais campanhas impedem que tais questões, sobretudo a do aborto, sejam debatidas a partir de perspectivas seculares da área da saúde pública, da medicina, dos direitos reprodutivos. Isto é, criam sérios obstáculos à secularização desse debate e ao tratamento racional e humanitário dado a este grave problema de saúde pública.
Quanto à segunda parte da questão, não tenho a menor dúvida de que os eleitores evangélicos estão levando em consideração em sua opção eleitoral temas de ordem econômica, isto é, seu bolso.
IHU On-Line – Católicos também se envolveram no debate, mas foram os evangélicos os principais atores apontados pela grande mídia. Em termos sociológicos, o que isso significa para o país?
Ricardo Mariano – Bispos católicos, a Regional Sul 1 da CNBB e padres carismáticos fizeram oposição acirrada contra Dilma. Por outro lado, católicos famosos também empenharam seu prestígio político e religioso a favor de Dilma, como Frei Betto, entre outros. Os evangélicos também se dividiram entre Dilma e Serra, mas penderam mais para o candidato tucano no segundo turno. Nesse episódio, pode-se observar novamente uma crescente instrumentalização mútua entre política e religião no Brasil.
Como já afirmei noutras ocasiões, no caso das lideranças pentecostais, a cada nova eleição seu apoio eleitoral e de seu rebanho religioso é requerido, barganhado e disputado por candidatos a cargos legislativos e executivos. Isso tem como efeito incrementar e legitimar a participação, a influência, o poder de pressão e de barganha desses religiosos na esfera pública. Sua participação crescente na política partidária e na esfera pública, portanto, não conta somente com a disposição de líderes pentecostais para ampliar sua participação política e seu poder políticos. Resulta também do empenho de candidatos e partidos, em busca de voto e de apoio político, para enredá-los no jogo político-partidário.
Com isso, a laicidade do Estado brasileiro enfrenta crescente pressão por parte de grupos evangélicos e católicos. Os últimos preferem recorrer ao lobby, à atuação parlamentar, não obstante grupos carismáticos venham elegendo crescente número de parlamentares que politizam justamente sua identidade religiosa para cabalar votos, numa estratégia semelhante à empregada por pentecostais.
IHU On-Line – O voto dos evangélicos pode ser considerado conservador?
Ricardo Mariano – Os evangélicos não defendem o neoliberalismo econômico e nem são inclinados necessariamente à direita no espectro político partidário. Não demandam um Estado menor ou que intervenha menos na economia, por exemplo. Longe disso. Sabe-se que, com raras exceções, os evangélicos apoiaram a ditadura militar por temor do comunismo e de uma eventual perseguição religiosa conduzida por um governo comunista.
Na última década, isso mudou. Sua orientação ideológica mudou, em parte, pelo fato de que o PT e seus representantes rumaram para o centro, pelo fato de que invocar o bicho-papão do comunismo tornou-se um anacronismo dos mais despropositados, pelo fato de que o Partido dos Trabalhadores, seus candidatos e governantes passaram a cortejar sistematicamente parte dos dirigentes pentecostais e pelo fato de que esses pastores foram recalibrando seu ativismo político e, revendo seus apoios e alianças conforme os retornos obtidos, foram aprendendo com os erros (o apoio maciço dado a Collor em nome de Deus, por exemplo) e foram percebendo que os ventos políticos rumavam a favor da oposição política em 2002. E, claro, perceberam que podiam ganhar algo com isso: poder político, recursos etc.
Desde então, diversas lideranças pentecostais passaram a apoiar candidaturas de centro-esquerda, o que demonstra que eles não são intrinsecamente conservadores no plano político. Mas, se esse segmento religioso não tem uma inclinação necessariamente à direita, apresenta forte tradicionalismo moral. Opõe-se radicalmente ao aborto, com exceção da Igreja Universal, e à união civil de homossexuais. Aliás, a maioria dos evangélicos considera a homossexualidade antibíblica, pecaminosa, imoral e patológica, conforme aponta pesquisa do ESEB de 2002, cujos dados foram analisados por Simone Bohn, que revelou que os evangélicos compõem o grupo religioso mais homofóbico do país. Não é à toa que vários psiquiatras e psicólogos evangélicos oferecem tratamento para reverter a homossexualidade, tratando-a como patologia, o que contraria as diretrizes da Organização Mundial de Saúde.
O fato é que, desde a Constituinte, baseada no lema “irmão vota em irmão”, a bancada evangélica assumiu a tarefa de defender a moral cristã, a família e os bons costumes em oposição aos pleitos de feministas e homossexuais por direitos sexuais e reprodutivos. Nessa tarefa, frequentemente a Frente Parlamentar Evangélica, criada em 2003, faz dobradinha com parlamentares católicos também tradicionalistas no plano moral.
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As eleições e a cruzada moral de católicos e evangélicos. Entrevista especial com Ricardo Mariano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU