Papa Francisco, santo da arte. Artigo de Michelangelo Pistoletto

Túmulo do Papa Francisco | Foto: Vatican Media

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18 Dezembro 2025

"Sob o símbolo de prata, a lápide traz gravado apenas o nome 'Franciscus', com o qual Jorge Mario Bergoglio reconhece sua irmandade na Arte Povera de São Francisco. Por essas razões, hoje, 17 de dezembro de 2025, em Cittadellarte, Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, já um irmão na arte, é proclamado: Primeiro Santo da Arte", escreve Michelangelo Pistoletto, artista, em artigo publicado por La Stampa, 17-12-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

Hoje, 17 de dezembro, na Cittadellarte em Biella, no aniversário do nascimento de Jorge Mario Bergoglio, ou seja, o Papa Francisco, está acontecendo a cerimônia que o declara Primeiro Santo da Arte.

O Papa Francisco foi um irmão da arte durante toda a sua vida e mesmo após a sua morte, tendo deixado, com seu túmulo, uma arquitetura escultórica que, além de conter seu corpo, testemunha o pensamento que permeia toda a sua atuação. O túmulo consiste em uma laje de ardósia de Lavagna, gravada com o nome "Franciscus", e um símbolo em prata, fixado na parede atrás dela: símbolo que ele carregava no peito durante sua vida. O símbolo representa um pastor carregando um cordeiro nos ombros. Atrás dele, estende-se uma paisagem de um rebanho de ovelhas, que juntas formam o horizonte. Do alto, desce uma pomba.

O conjunto está contido dentro de uma moldura sinuosa, templo-símbolo da fé cristã, onde o sinal horizontal da crucificação se torna o fundo de um horizonte real e o vertical se materializa em uma figura humana viva. Os braços da pessoa não estão estendidos e pregados, mas seguram o cordeiro sobre os ombros, cruzando-se para formar uma cruz simples, não sacrificial. Com esse peitoral, o Papa Francisco escolheu levar consigo, durante e após a sua vida, a doçura de uma paisagem espiritual, em vez da dureza de uma cruz sacrificial. O homem é um pastor, não um predador. Um ser que pensa, age e protege o seu rebanho.

A ovelha veste o homem e sempre reveste a si própria, num ciclo de proteção mútua: é um símbolo de convivência e harmonia entre a natureza e o artifício humano. O homem cuida do animal e salva-o dos predadores e, ao fazê-lo, cuida e salva-se a si próprio. Os predadores são os leões, as águias e os lobos que encontramos nos símbolos imperiais do poder. O peitoral do Papa Francisco não apresenta a fera predadora, mas a pomba que inspira a paz. No desenho “trinâmico” do Terceiro Paraíso, a pomba coincide com o círculo central, que une os opostos na dinâmica universal da criação, assim como na Trindade, a pomba representa o Espírito Santo.

Sob o símbolo de prata, a lápide traz gravado apenas o nome "Franciscus", com o qual Jorge Mario Bergoglio reconhece sua irmandade na "Arte Povera" de São Francisco. Por essas razões, hoje, 17 de dezembro de 2025, em Cittadellarte, Jorge Mario Bergoglio, Papa Francisco, já um irmão na arte, é proclamado: Primeiro Santo da Arte.

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