Papa apela à "promoção de estilos de vida e políticas" em favor da criação antes do encerramento da COP30

Papa Leão XIV | Foto: Vatican Media

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21 Novembro 2025

A cultura ecológica não pode ser reduzida a uma série de respostas urgentes e parciais aos problemas que surgem em relação à degradação ambiental, ao esgotamento dos recursos naturais e à poluição. Ela deve ser uma perspectiva diferente, uma forma de pensar, uma política, um programa educacional, um estilo de vida e uma espiritualidade que, juntos, formem uma resistência.

A informação é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 19-11-2025.

Enquanto a cúpula climática COP30 era realizada na cidade brasileira de Belém, porta de entrada para a região do baixo Amazonas, o Papa Leão XIV, recordando seu antecessor, Francisco, na Laudato si', afirmou que a morte e ressurreição de Jesus "são o fundamento de uma espiritualidade de ecologia integral, fora da qual as palavras da fé se desconectam da realidade e as palavras da ciência ficam de fora do coração".

"A cultura ecológica não pode ser reduzida a uma série de respostas urgentes e parciais aos problemas que surgem em relação à degradação ambiental, ao esgotamento dos recursos naturais e à poluição. Deve ser uma perspectiva diferente, uma forma de pensar, uma política, um programa educacional, um estilo de vida e uma espiritualidade que formem uma resistência", leu o Papa, citando a primeira encíclica ecológica.

A espiritualidade pascal e a ecologia integral foram, portanto, o tema da catequese na audiência geral desta quarta-feira, 19 de novembro, onde, como enfatizou Robert F. Prevost, "falamos de uma conversão ecológica, que os cristãos não podem separar dessa mudança de direção que os obriga a seguir Jesus", e que "começa no coração e é espiritual, modifica a história, nos compromete publicamente e ativa a solidariedade que, de agora em diante, protege pessoas e criaturas dos desejos dos lobos, em nome e com a força do Anjo Pastor".

Assim, Leão XIV recordou que "os filhos e filhas da Igreja podem hoje encontrar milhões de jovens e outros homens e mulheres de boa vontade que ouviram o clamor dos pobres e da terra e foram tocados em seus corações", acrescentando que "há também muitas pessoas que desejam, através de uma relação mais direta com a criação, uma nova harmonia que as leve para além de tantas feridas".

Portanto, o Papa pediu que "o Espírito nos dê a capacidade de ouvir a voz dos que não têm voz. Veremos, então, o que os olhos ainda não veem: aquele jardim, ou Paraíso, ao qual só nos aproximamos acolhendo e cumprindo a tarefa de cada um."

Ao saudar os peregrinos em diferentes línguas, o Papa insistiu que "como seguidores de Jesus, somos chamados a promover estilos de vida e políticas que priorizem a proteção da dignidade humana e de toda a criação", acrescentando, diante das 40 mil pessoas que o ouviam na Praça São Pedro, que "se não cuidarmos do jardim da criação, acabaremos nos tornando seus destruidores".

Prevost também lembrou a celebração na Itália, no dia 21, do Dia Pro Orantibus, oferecendo o "apoio efetivo da comunidade eclesial" a "todos os nossos irmãos e irmãs da vida contemplativa", bem como, naquela mesma sexta-feira, o Dia Mundial da Pesca, pedindo que "Maria, Estrela do Mar, proteja os pescadores e suas famílias", e finalmente exortou a todos a colocar Jesus no centro da vida por ocasião da Solenidade de Cristo, Rei do Universo, que será celebrada no próximo domingo.

Audiência Geral

Queridos irmãos e irmãs, bom dia e sejam bem-vindos!

Neste Ano Jubilar dedicado à esperança, refletimos sobre a relação entre a Ressurreição de Cristo e os desafios do mundo atual — ou seja, os nossos próprios desafios. Por vezes, Jesus, o Vivente, também nos pergunta: "Por que chorais? A quem procurais?" Os desafios, de fato, não podem ser enfrentados sozinhos, e as lágrimas são uma dádiva da vida quando purificam os nossos olhos e libertam a nossa visão.

O evangelista João chama a nossa atenção para um detalhe não encontrado nos outros Evangelhos: chorando perto do túmulo vazio, Maria Madalena não reconheceu imediatamente o Jesus ressuscitado, mas sim o jardineiro. De fato, ao narrar o sepultamento de Jesus na noite da Sexta-feira Santa, o texto foi muito preciso: “Ora, no lugar onde ele foi crucificado havia um jardim, e no jardim um sepulcro novo, no qual ninguém ainda havia sido sepultado. E, como era o dia da Preparação dos judeus, e o sepulcro ficava perto, ali depositaram Jesus” (João 19,41-42).

Assim termina, na paz do sábado e na beleza de um jardim, a dramática luta entre as trevas e a luz, desencadeada pela traição, prisão, abandono, condenação, humilhação e assassinato do Filho que, “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Cultivar e cuidar do jardim é a tarefa original (cf. Gn 2,15) que Jesus levou à perfeição. Suas últimas palavras na cruz — “Está consumado” (Jo 19,30) — convidam cada um de nós a redescobrir essa mesma tarefa, a nossa própria tarefa. Por isso, “inclinando a cabeça, entregou o espírito” (v. 30).

Caros irmãos e irmãs, Maria Madalena, portanto, não estava totalmente enganada ao acreditar que havia encontrado o jardineiro! Na verdade, ela precisava ouvir seu próprio nome novamente e compreender a tarefa do novo Homem, que em outra passagem de João diz: “Eu faço novas todas as coisas” (Ap 21,5). O Papa Francisco, com a encíclica Laudato si’, apontou-nos a extrema necessidade de um olhar contemplativo: se não formos jardineiros, tornamo-nos seus destruidores.

A esperança cristã, portanto, responde aos desafios que toda a humanidade enfrenta hoje, fazendo uma pausa no jardim onde o Crucificado foi colocado como uma semente, para brotar novamente e dar muitos frutos.

O paraíso não está perdido, mas sim encontrado. A morte e ressurreição de Jesus, portanto, são o fundamento de uma espiritualidade de ecologia integral, fora da qual as palavras da fé se desconectam da realidade e as palavras da ciência permanecem fora do coração. “A cultura ecológica não pode ser reduzida a uma série de respostas urgentes e parciais aos problemas que surgem em relação à degradação ambiental, ao esgotamento dos recursos naturais e à poluição. Deve ser um modo diferente de ver, um modo de pensar, uma política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade que constituam uma resistência” (Laudato si’, 111).

Por isso falamos de uma conversão ecológica, que os cristãos não podem separar da mudança de rumo que lhes é exigida para seguir Jesus. O retorno de Maria naquela manhã de Páscoa é um sinal disso: somente através de conversões sucessivas podemos passar deste vale de lágrimas para a nova Jerusalém. Tal passagem, que começa no coração e é espiritual, altera a história, compromete-nos publicamente e ativa uma solidariedade que, a partir de agora, protege pessoas e criaturas da ganância dos lobos, em nome e poder do Anjo da Guarda.

Assim, os filhos e filhas da Igreja podem hoje encontrar milhões de jovens e outros homens e mulheres de boa vontade que ouviram o clamor dos pobres e da terra, permitindo que seus corações fossem tocados. Muitas pessoas também desejam, por meio de uma relação mais direta com a criação, uma nova harmonia que as conduza para além de tanto sofrimento. Além disso, “os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos. Um dia transmite a mensagem a outro dia; uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há discurso, nem palavras; deles não se ouve a voz. Contudo, a sua voz ressoa por toda a terra, e as suas palavras até os confins do mundo” (Salmo 19,1-5).

Que o Espírito nos conceda a capacidade de ouvir a voz dos que não têm voz. Então veremos o que nossos olhos ainda não podem ver: aquele jardim, ou Paraíso, ao qual só podemos nos aproximar acolhendo e cumprindo nossa própria tarefa.

Nota

A tradução da Audiência Geral não é oficial.

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