COP30: Que não matem também a esperança

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10 Novembro 2025

“Tomara que a corrente de ar trazida por Mamdani chegue à COP30 e arraste os negacionistas e poluidores que impedem os avanços. Continuemos lutando; cada grau importa”, escreve Juan López de Uralde, ativista ambiental espanhol, em artigo publicado por Público, 06-11-2025. A tradução é do Cepat.

Eis o artigo.

Escrevo essas linhas ainda impactado pela onda de otimismo proveniente da vitória de Zohran Mamdani, em Nova York, o que nos faz ver mais uma vez que há luz no fim do túnel do trumpismo. Quero pensar que, com Mamdani, inicia o fim de Trump, e isso traz esperança para o processo de negociação do acordo climático que começa na segunda-feira, dia 10, no Brasil, no âmbito da COP30.

O otimismo é necessário para manter em pé a esperança de que podemos vencer a mudança climática, caso entendamos que essa vitória seria evitar um aumento permanente da temperatura acima do 1,5 grau. Os dados não nos convidam a esse otimismo, hoje, pois os compromissos de redução apresentados pelos países até o momento nos levariam a aumentos de temperatura próximos a 3 graus, muito longe da meta estabelecida para evitar uma mudança climática catastrófica.

É verdade que a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris é um fato muito grave. Os Estados Unidos são responsáveis por mais de 11% das emissões globais e o principal emissor histórico. Contudo, lembremos que esta não é a primeira vez que se retiram. Trump já fez o mesmo em seu primeiro mandato, e o mundo continuou avançando sem eles até que, por fim, retornaram ao Acordo.

Se o mundo seguir avançando de modo determinado, o dano do trumpismo à luta climática pode ser limitado. No entanto, a diferença agora é que, neste momento, não há essa determinação de avançar em muitos países importantes. Ao contrário de alguns anos atrás, o trumpismo de hoje não fica apenas nos Estados Unidos.

A União Europeia, por exemplo, que foi líder global na luta climática nos tempos do Protocolo de Kyoto, hoje, abandonou qualquer papel de liderança. Ela agora busca agradar Trump, enfraquecendo sua posição climática e modificando objetivos que tinham sido acordados. Um papel ruim da União Europeia de Von der Leyen, submissa a Donald Trump e envolvida em uma corrida armamentista para lugar algum.

Após a queda da União Europeia, não há hoje uma liderança global em matéria climática. Ninguém combate ao negacionismo de Trump com a determinação necessária que a gravidade da emergência que enfrentamos requer, e isto faz com que a COP30 ocorra sem outro objetivo além da sobrevivência do processo. O problema é que já são muitas COPs nas quais apenas a sobrevivência das negociações já parece uma vitória. E isto não basta.

Se não houver avanços substanciais, será muito difícil alcançar esse objetivo de 1,5 grau. Hoje, vejo apenas António Guterres, secretário-geral da ONU, agarrado a isso: “Nossa meta continua sendo o 1,5 grau”. Bravo por ele!

Tomara que a corrente de ar trazida por Mamdani chegue à COP30 e arraste os negacionistas e poluidores que impedem os avanços. Continuemos lutando; cada grau importa.

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