09 Setembro 2025
As emissões provocadas pelos combustíveis fósseis não ficam presas em “caixinhas” nos lugares onde petróleo, gás fóssil e carvão são queimados. O mesmo vale para os incêndios florestais. “A qualidade do ar não respeita fronteiras”, lembrou o diretor científico da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Lorenzo Labrador.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 08-09-2025.
O relatório “Air Quality and Climate Bulletin” da OMM, publicado na 6ª feira (5/9), mostra como os incêndios florestais liberam uma mistura tóxica de poluentes que pode deteriorar a qualidade do ar a milhares de quilômetros de distância. Segundo a agência da ONU, a qualidade do ar está intimamente relacionada com as mudanças climáticas e ambas devem ser abordadas conjuntamente, informa a Folha.
À medida que a crise climática causada principalmente pelas emissões da queima de combustíveis fósseis altera os padrões climáticos, os incêndios florestais se tornaram mais frequentes, intensos e extensos em todo o mundo. As micropartículas e gases liberados nos incêndios se somam à poluição produzida pela queima de carvão, petróleo, gás e madeira, bem como pelo transporte e pela agricultura, e transportadas pelo ar, informa a Reuters.
Segundo a OMM, a poluição do ar ambiente causa 4,5 milhões de mortes prematuras por ano, destaca a Reuters. O relatório da organização de 2024 apontou pontos críticos de poluição em locais que sofreram incêndios intensos, como a bacia amazônica, Canadá, Sibéria e África Central.
As chamas na Amazônia em 2024 foram o maior evento de poluição do ar no planeta no ano passado, frisa o levantamento. Seus efeitos não ficaram restritos à região, destaca o Um Só Planeta. As emissões de PM2,5 (partículas de 2,5 mícrons de diâmetro ou menores) provenientes de incêndios na bacia amazônica “resultaram em uma degradação mensurável na qualidade do ar de centros urbanos distantes e densamente povoados no Brasil”, afirmou a agência.
O relatório analisou a interação entre a qualidade do ar e o clima, destacando o papel de pequenas partículas (aerossóis) em incêndios florestais, neblina de inverno, emissões de navios e poluição urbana, destaca a Deutsche Welle. “Os incêndios florestais contribuem muito para a poluição por partículas e espera-se que o problema aumente à medida que o clima esquenta, representando riscos crescentes para a infraestrutura, os ecossistemas e a saúde humana”.
“As mudanças climáticas e a poluição atmosférica não conhecem fronteiras nacionais, como demonstram o calor intenso e a seca que alimentam os incêndios florestais e degradam a qualidade do ar para milhões de pessoas”, reforçou a secretária-geral adjunta da OMM, Ko Barrett. Al-Jazeera, CNN e Correio Braziliense também repercutiram o novo boletim da OMM.
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