Hamas divulga vídeo de refém e pressiona por cessar-fogo

Foto: Exército Israelense | Twitter

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04 Agosto 2025

Na gravação, Evyatar David aparece desnutrido e diz cavar sua própria cova. Família acusa grupo palestino de usar o jovem em uma "campanha vil de fome".

A reportagem é publicada por DW, 02-08-2025.

Um vídeo que mostra um refém israelense em estado extremo de desnutrição, mantido em Gaza pelo grupo islâmico Hamas, foi divulgado neste sábado (02/08) por sua família, no mesmo dia em que os parentes dos sequestrados se reuniram com o enviado dos EUA, Steve Witkoff, para exigir sua libertação.

A gravação de quase cinco minutos mostra Evyatar David, de 24 anos, em um túnel estreito, sendo forçado a cavar o que é descrito como sua "própria cova".

No vídeo, ele relata os dias em que recebeu apenas feijão, lentilhas ou, às vezes, nada para comer. Em alguns momentos, diz que chegou a ficar dois ou três dias seguidos sem nenhum alimento.

O vídeo termina com a mensagem de texto divulgada pelo Hamas: "Somente um acordo de cessar-fogo trará [os reféns] de volta".

"O Hamas está usando nosso filho como uma experiência viva em uma campanha vil de fome", escreveu a família de David em um comunicado. "Ele está sendo privado de comida apenas para servir à propaganda do Hamas", continuou.

"O mundo não pode permanecer em silêncio diante das imagens difíceis que resultam do abuso sádico deliberado dos reféns, que também inclui a fome", reagiu o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar.

Witkoff promete fim da guerra

Durante a reunião com as famílias de reféns israelenses, Witkoff disse que seu governo trabalha em um plano para acabar com o conflito. Em uma gravação do encontro obtida pela agência de notícias Reuters, o americano afirma que os EUA possuem um projeto para a reconstrução de Gaza. "Isso significa, na prática, o fim da guerra", disse.

Witkoff também afirmou que o Hamas estaria disposto a se desarmar para encerrar a guerra. Mais tarde, o grupo palestino rebateu dizendo que não abrirá mão da "resistência armada" a menos que seja estabelecido "um Estado palestino independente, plenamente soberano, com Jerusalém como sua capital".

A reunião desagradou alguns dos presentes, que disseram não ver avanço claro nas negociações para a libertação dos reféns. Os familiares também realizaram uma nova manifestação em Tel Aviv para pressionar o governo de Benjamin Netanyahu por um desfecho.

"Netanyahu, chegou a hora de fazer a única coisa que trará todos os reféns de volta – colocar um acordo abrangente na mesa que acabe com a guerra", disse Einav Zangauker, mãe de um dos reféns, que possui cidadania americana e israelense.

Israel se retirou das negociações de cessar-fogo com o Hamas, acusando o grupo palestino de não estar disposto a chegar a um acordo.

Disparos voltam a matar palestinos que buscavam ajuda

Em Gaza, forças israelenses abriram fogo próximo a dois pontos de distribuição de ajuda administrados pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF) neste sábado, matando pelo menos 10 pessoas, segundo autoridades de saúde de Gaza.

A violência ocorre um dia após Witkoff visitar um dos centros da GHF e o embaixador americano em Israel chamar o sistema de distribuição de ajuda de "um feito incrível".

As vítimas se somam a 859 palestinos mortos perto dos pontos da GHF desde 27 de maio, segundo relatório da ONU divulgado na última quinta-feira.

Outras 19 pessoas foram mortas a tiros quando se aglomeravam perto da passagem de Zikim, também na esperança de conseguir ajuda, disse Fares Awad, chefe do serviço de ambulâncias e emergências do ministério da Saúde de Gaza.

Uma testemunha ouvida pela agência de notícias AP, Mohamed Abu Taha, disse que tropas israelenses abriram fogo contra a multidão. Ele viu três pessoas – dois homens e uma mulher – serem baleadas enquanto fugiam.

O exército de Israel disse não ter conhecimento de disparos feitos por suas forças na área. A GHF também afirmou que nada aconteceu próximo a seus pontos, e que seus contratados só usaram spray de pimenta ou dispararam tiros de advertência para evitar aglomerações.

Alemanha diz que ajuda ainda é insuficiente

Quase uma semana após Israel anunciar pausas humanitárias e lançamentos aéreos para levar suprimentos aos mais de 2 milhões de habitantes de Gaza, a Alemanha disse que a ajuda que entra no território ainda é "muito insuficiente".

A Alemanha "observa um progresso inicial limitado na entrega de ajuda humanitária à população da Faixa de Gaza, que, no entanto, continua sendo muito insuficiente para aliviar a situação de emergência", disse o porta-voz do governo Stefan Kornelius em um comunicado. "Israel continua obrigado a garantir a entrega total da ajuda", acrescentou Kornelius neste sábado.

A ONU também defende que a atual quantidade está aquém dos 500 a 600 caminhões necessários por dia. Nas últimas semanas, dezenas de pessoas morreram por desnutrição no território, sete apenas nas últimas 24 horas.

Bombardeios continuam

O chefe do exército israelense, Eyal Zamir, alertou que "os combates continuarão sem descanso" se os reféns não forem libertados.

O Hospital Nasser informou ter recebido cinco corpos neste sábado, vítimas de dois ataques israelenses contra tendas que abrigavam deslocados no sul de Gaza.

O serviço de ambulâncias e emergências do ministério da Saúde disse que um bombardeio atingiu uma casa entre as cidades de Zawaida e Deir al-Balah, matando dois pais e seus três filhos. Outro ataque atingiu uma tenda em Khan Younis, matando uma mãe e sua filha.

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