16 Julho 2025
"Embora não faltem reservas, a convicção predominante é que nas parábolas se poderia idealmente ouvir a voz do Jesus histórico e descobrir o âmago de sua mensagem", escreve o cardeal italiano Gianfranco Ravasi, em artigo publicado em Il Sole 24 Ore, 13-07-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Klyne R. Snodgrass. O teólogo oferece a um amplo público uma releitura das histórias de Cristo e organiza os comentários de acordo com núcleos temáticos: o da graça divina e da liberdade humana, o da "perda" ou da pregação.
"Quem estuda as parábolas de Jesus, tal como nos são relatadas pelos três primeiros Evangelhos, pisa em terreno histórico particularmente sólido; elas fazem parte da rocha primordial da tradição cristã." Assim afirmou um dos maiores exegetas do século XX, o alemão Joachim Jeremias (1900-1979), em seu famoso ensaio Sobre as Parábolas de Jesus, publicado em 1947, reimpresso onze vezes até 1998 e traduzido para o italiano pela Paideia (2ª edição, 1973). Embora não faltem reservas, a convicção predominante é que nas parábolas se poderia idealmente ouvir a voz do Jesus histórico e descobrir o âmago de sua mensagem.
Livro "Le parabole di Gesù" de Klyne R. Snodgrass
É por isso que os estudiosos não pouparam esforços para submeter as parábolas dos Evangelhos a uma radiografia histórico-crítica. Por exemplo, com impressionante subestimação, uma legião de exegetas alemães, sob a orientação de Ruben Zimmermann, da Universidade de Mainz, intitulou um volume de 1.604 páginas (na versão italiana editada em 2011 pela Queriniana) em 2007 de Compêndio das Parábolas de Jesus. Em um contraponto mais reticente em relação à historicidade, um dos maiores estudiosos estadunidenses do Novo Testamento, John P. Meier (1942-2022), em sua impressionante galeria de volumes sobre o judeu marginal, Jesus de Nazaré, reservou o quinto volume explicitamente para a "autenticidade das parábolas", e a tradução italiana, também de Queriniana, em 2017, o propôs em 454 páginas.
Além disso, o ponto de partida já é móvel. Alguns listam um mínimo de 35 parábolas evangélicas, outros chegam a 72, enquanto o referido Compêndio ultrapassa cem, em parte porque se expande para incluir um apócrifo muito importante, o Evangelho de Tomé, e os chamados ágrapha (“não escritos”), isto é, os ditos de Jesus não registrados pelos Evangelhos canônicos. Essa fluidez também se deve ao gênero literário, que alguns estenderam ou forçaram, chegando a comparações amplas, metáforas expansivas, fragmentos narrativos e assim por diante. O Evangelho de João é geralmente excluído, pois tende a recorrer ao que ele próprio define como paroimía, isto é, uma comparação simbólica estendida, matizada pela alegoria ou por outras aplicações teológicas. Inquestionável é o encanto das parábolas de Jesus, capazes como são, com suas imagens e seu enredo muitas vezes ligado ao cotidiano (basta pensar, por exemplo, na história um tanto "misteriosa" do Bom Samaritano), de cativar ainda hoje o leitor ou o ouvinte na liturgia festiva.
Sem mencionar as retomadas literárias: também nesse caso, apenas para exemplificar, nos referimos à desconstrução semântica realizada por André Gide em seu romance A volta do filho pródigo (1907), sobre a maravilhosa parábola do Evangelho de Lucas (15,11-32), gravada no imaginário de muitos com a famosa tela de Rembrandt no Hermitage em São Petersburgo (1669), onde o pai, o verdadeiro protagonista da história evangélica, é colocado de frente, curvando-se para envolver em seus braços seu filho ajoelhado e arrependido, reproduzido de costas.
A análise exegética mencionada acima continua sua jornada incansável com a mesma meticulosidade que conduz a estudos monumentais, como os já citados. É o caso de uma trilogia de volumes que totaliza 1.054 páginas na tradução italiana editada pela já citada e prestigiosa Paideia, agora publicada pela editora valdense Claudiana, de Turim. Essa pesquisa é conduzida por Klyne Snodgrass, professor de uma faculdade de teologia de Chicago, que em 2009 recebeu o Christianity Today Book Award justamente pela primeira edição inglesa (a segunda foi publicada em 2018) desse comentário às parábolas de Jesus.
Sua abordagem adota todas as ferramentas da exegese histórico-crítica (só a bibliografia geral ocupa 50 páginas), mas seu programa hermenêutico visa um público mais amplo do que aquele dos estudantes e acadêmicos de teologia, razão pela qual também o destacamos em nosso suplemento.
Convencido, de fato, de que "as parábolas de Jesus estão entre as histórias mais conhecidas e famosas do mundo, tanto que, mesmo que não soubéssemos nada sobre Jesus, conheceríamos suas narrativas ou expressões como 'Filho Pródigo' ou 'Bom Samaritano'", ele observa o fato de que "apesar da grande quantidade de escritos dedicados às parábolas, relativamente pouco é fornecido a pastores ou professores como auxílio válido e abrangente". Nessa linha, Snodgrass, após as necessárias coordenadas literárias e interpretativas próprias da práxis narrativa de Cristo e de outras externas, anteriores (Antigo Testamento, literatura judaica e greco-romana) e posteriores (a Igreja antiga), reorganiza seus comentários de acordo com núcleos temáticos altamente sugestivos. Assim, algumas parábolas são reconduzidas ao contraponto entre graça divina e liberdade humana; outras três, bastante conhecidas (a ovelha perdida, a moeda perdida, o filho pródigo) são colocadas no núcleo da "perda"; uma série notável de parábolas aponta para o âmago da pregação de Jesus, ou seja, o reino de Deus já estabelecido na história; outras dialogam com o Israel da época de Cristo.
Passa-se então às parábolas do discipulado e do seguimento operoso do Mestre; aquelas sobre ao dinheiro são surpreendentes (o rico insensato, o administrador infiel, o homem rico e Lázaro); três histórias, relatadas pelo evangelista Lucas, abordam a relação com Deus, especialmente por meio da oração; por fim, um conjunto de pelo menos cinco parábolas (mais um discurso geral) se orientam para uma escatologia futura, selada pela poderosa cena do Juízo Final com a separação entre ovelhas e cabras, com base no amor aos últimos e aos miseráveis, que são a encarnação e a epifania do próprio Cristo. Evidentemente, cada parábola é submetida a uma leitura atenta que revela nuances inesperadas nos detalhes narrativos e confirma a atração espontânea gerada por essas histórias de Jesus em comparação com certas homilias que as acompanham durante as liturgias dominicais. De fato, como escreve Snodgrass, "suportamos os discursos, escutamos as histórias".