Compartilhando nossas coisas com os necessitados. Comentário de José Antonio Pagola

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18 Junho 2025

  • Havia dois problemas muito angustiantes nas aldeias da Galileia: a fome e as dívidas. Essas eram as coisas que causavam o maior sofrimento a Jesus.

  • Não devemos perder de vista a nossa perspectiva fundamental: deixar-nos afetar cada vez mais pelo sofrimento daqueles que não sabem o que significa viver com pão e dignidade.

A reflexão é elaborada pelo teólogo espanhol José Antonio Pagola, comentando o evangelho do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, ciclo C do Ano Litúrgico, que corresponde ao texto bíblico de Lucas 9,11b-17, publicada por Religión Digital, 16-06-2025.

Eis o comentário.

Havia dois problemas muito angustiantes nas aldeias da Galileia: fome e dívidas. Essas eram as coisas que causavam o maior sofrimento a Jesus. Quando seus discípulos lhe pediram que os ensinasse a orar, Jesus sentiu esses dois pedidos brotarem do fundo de seu coração: "Pai, dá-nos hoje o pão que precisamos"; "Pai, perdoa-nos as nossas dívidas, pois também nós perdoamos a quem nos deve".

O que poderiam fazer contra a fome que os devastava e as dívidas que os faziam perder suas terras? Jesus viu claramente a vontade de Deus: compartilhar o pouco que tinham e perdoar as dívidas uns dos outros. Só assim nasceria um novo mundo.

Fontes cristãs preservaram a memória de uma refeição memorável com Jesus. Ele foi a campo aberto e muitas pessoas participaram. É difícil reconstituir o que aconteceu. A lembrança que permanece é esta: entre o povo, eles reuniram apenas "cinco pães e dois peixes", mas compartilharam o pouco que tinham e, com a bênção de Jesus, todos puderam comer.

No início da história, ocorre um diálogo muito esclarecedor. Vendo que as pessoas estão com fome, os discípulos propõem a solução mais conveniente e menos comprometedora: "Deixem que vão às aldeias e comprem algo para comer"; que cada um resolva seus problemas da melhor maneira possível. Jesus responde chamando-os à responsabilidade: "Dai-lhes de comer"; não deixem os famintos abandonados à própria sorte.

Não devemos esquecer isso. Se virarmos as costas aos famintos do mundo, perderemos nossa identidade cristã; não seremos fiéis a Jesus; nossas refeições eucarísticas carecem de sua sensibilidade e de seu horizonte, carecem de sua compaixão. Como uma religião como a nossa pode se transformar em um movimento de seguidores mais fiéis a Jesus?

A primeira coisa é não perder de vista a nossa perspectiva fundamental: deixar-nos afetar cada vez mais pelo sofrimento daqueles que não sabem o que significa viver com pão e dignidade. A segunda é comprometer-nos com iniciativas pequenas, concretas, modestas e parciais que nos ensinem a partilhar e a identificar-nos ainda mais com o modo de vida de Jesus.

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