16 Abril 2025
"Não é possível resumir o vasto trabalho nessas linhas, mas vale a pena acrescentar que Johnson revisita no paganismo os temas da religião como participação ou transformação moral (que também afeta o cristianismo dos séculos II e III) ou a transcendência do mundo; também não falta um capítulo sobre as formas judaicas de estar no universo greco-romano. A pesquisa se encerra com a fé em Cristo, que, depois de Constantino, torna-se religião imperial."
O artigo é de Armando Torno, jornalista, publicado por em Il Sole 24 Ore de 13-04-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Foi traduzida por Enrico Corti para a Paideia a obra de Luke T. Johnson dedicada ao cristianismo e à religião grega e romana, publicada em 2009 pela Yale University Press. Trata-se de um estudo que examina os vários confrontos entre as duas religiões nos três primeiros séculos de nossa era e dissolve diversos lugares comuns. O autor, professor emérito de Novo Testamento e Origens Cristãs na Candler School of Theology, não hesita, aliás, em observar que o balanço das maneiras pelas quais o cristianismo e o paganismo se confrontaram deve ser considerado desastroso; além disso, observa que, ainda hoje, não faltam herdeiros de uma tradição convencida de que a nova religião salvou a antiga de práticas “intrinsecamente más”.
As polêmicas antipagãs, que relegavam as liturgias da fé greco-romana ao demoníaco, de acordo com Johnson, ofuscaram a situação efetiva tanto na religião politeísta quanto no próprio cristianismo. É inevitável notar que compartilharam sensibilidades, costumes, instituições e até mesmo a linguagem, embora o embate tenha sido considerável. Johnson, no início de seu estudo, interpreta as consequências do conflito da seguinte forma: “O fracasso do cristianismo em enfrentar adequadamente seus primeiros vizinhos pagãos dificulta qualquer tentativa positiva de se relacionar hoje com membros das religiões universais”.
A pergunta que norteia a obra certamente não é nova, mas ainda não teve uma resposta satisfatória. Pode ser resumida assim: existem afinidades entre paganismo e cristianismo? Ela evoca o questionamento de Tertuliano, que visava distinguir a nova religião da filosofia grega, presente no De praescriptiones haereticorum: “O que Atenas e Jerusalém têm em comum?”. Se a nova fé respondeu a inúmeras perguntas dos mais humildes e encontrou nos Padres da Igreja uma nova classe intelectual, Johnson examina algumas excelências da cultura pagã, de Hélio Aristides a Epíteto, de obras como Poimandres a Plutarco.
Não é possível resumir o vasto trabalho nessas linhas, mas vale a pena acrescentar que Johnson revisita no paganismo os temas da religião como participação ou transformação moral (que também afeta o cristianismo dos séculos II e III) ou a transcendência do mundo; também não falta um capítulo sobre as formas judaicas de estar no universo greco-romano. A pesquisa se encerra com a fé em Cristo, que, depois de Constantino, torna-se religião imperial.
Uma passagem dos Pensamentos de Pascal resume as diferenças: “Os pagãos não conhecem Deus e só amam a terra. Os judeus conhecem o verdadeiro Deus e só amam a terra. Os cristãos conhecem o verdadeiro Deus e não amam a terra”.