11 Fevereiro 2025
Luisa González obteve mais de 40% dos votos em uma eleição que parecia destinada à vitória no primeiro turno do atual presidente e candidato oficial Daniel Noboa.
A informação é publicada por El Salto, 10-02-2025.
Surpresa no Equador. Pesquisas na saída das seções eleitorais previam que mais da metade dos votos no primeiro turno das eleições presidenciais de 2025 significariam uma repetição do mandato de Daniel Noboa, que está no cargo desde novembro de 2023. Mas a realidade virou de cabeça para baixo a possibilidade de eleição sem passar por um segundo turno. Luisa González, candidata do Movimento Revolução Cidadã (RC) e herdeira do correísmo, ou seja, da influência política do ex-presidente Rafael Correa, obteve mais de quatro milhões de votos, e a meta de Noboa de se aproximar dos 50,01% que dão automaticamente a presidência parece distante da realidade quando mais de 80% dos votos foram apurados.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) informou que a tendência atual da contagem indica que se chegará a uma situação em que a votação definitiva no domingo, 13 de abril, será essencial. Com 88,6% dos votos apurados, a diferença é de apenas um ponto: empate técnico, dizem os apoiadores de Luisa González, 44,36% para Noboa e 43,90% para o candidato do Movimento Revolução Cidadã. Os demais candidatos já admitiram a derrota.
Nascida em Quito em 1977, a candidata Luisa González foi uma grande surpresa nestas eleições presidenciais, nas quais o partido governista de Daniel Noboa, filho do empresariado bananeiro do país, estava a todo vapor. Faltando ainda um segundo turno, no qual a oligarquia fará de tudo para defender seu candidato, González superou seu teto, estabelecido em 2023, quando concorreu contra Noboa e obteve apenas 33% no primeiro turno, para crescer para 48% no segundo turno.
Naquela ocasião, foi Noboa quem deu a volta por cima e, por meio de um discurso de segurança e contundente, conseguiu crescer no segundo turno em mais de 120% em relação aos seus resultados no primeiro turno. Ele alcançou 51,8% e se tornou o presidente mais jovem do Equador, em uma campanha que viu cenas inusitadas para o país — mais típicas da Colômbia —, como candidatos fazendo seus comícios usando coletes à prova de balas.
Essas eleições, que ocorreram após a renúncia do então presidente Guillermo Lasso devido a um processo político decorrente de suas ligações com a máfia albanesa, tinham prazo de validade neste ano.
Esse é o tempo que González teve para reconstruir um projeto que se define como esquerda progressista depois de um início em que esteve situado no centro político. Nesse período ocorreu a perseguição política ao ex-vice-presidente Jorge Glas, que teve um episódio crítico com a entrada da polícia e do exército equatorianos na embaixada mexicana em Quito. Este fato foi interpretado como um ataque direto ao Movimento Revolução Cidadã.
Ao longo de sua carreira, González fez parte do governo de Correa como Ministra interina do Trabalho, Secretária de Administração Pública do Equador e foi deputada nacional —equivalente a deputada— desde 2017.