Los Angeles sob fogo: indústria fóssil atua para esvaziar lei que a faria pagar por danos de incêndios florestais

Foto: Joedson Alves | Agência Brasil

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16 Janeiro 2025

Desde o ano passado, a Califórnia discute um projeto de lei que estabelece a responsabilização financeira dos grandes poluidores pelos efeitos da mudança do clima.

A reportagem foi publicada por ClimaInfo, 15-01-2025. 

Os incêndios históricos que devastaram Los Angeles nos últimos dias realimentaram o debate acerca de um projeto que formaliza o princípio do “poluidor pagador” na legislação da Califórnia. A proposta vem sendo analisada desde o ano passado, mas as empresas de combustíveis fósseis atuaram intensamente para esvaziá-lo – e esse lobby deve seguir intenso mesmo após o desastre em LA.

Pela proposta, batizada de “Polluters Pay Climate Cost Recovery Act 2024", os maiores poluidores de carbono da Califórnia seriam obrigados a destinar recursos para um fundo para prevenção e enfrentamento de desastres climáticos, como os incêndios florestais que costumam ocorrer no estado norte-americano. Se esse fundo existisse, ele poderia auxiliar no financiamento das atividades de combate ao fogo e de reconstrução das estruturas destruídas.

Segundo o Guardian, o lobby petrolífero atuou intensamente nos bastidores para impedir o debate em torno do projeto no ano passado. A Chevron e o grupo comercial Western States Petroleum Association gastaram mais de US$ 30 milhões em ações de lobby na Califórnia. Mesmo com a repercussão dos incêndios na maior cidade do estado, o Big Oil segue em sua cruzada para matar o projeto.

“Os incêndios [em Los Angeles] mostram exatamente como os californianos estão pagando pela destruição climática, não apenas com dinheiro do orçamento, mas com suas vidas e o porquê de precisarmos repassar o custo para os poluidores”, disse Kassie Siegel, do Center for Biological Diversity.

Enquanto isso, Los Angeles ainda sofre com condições climáticas que favorecem a persistência e a disseminação do fogo. Segundo a Bloomberg, boa parte da cidade segue sob alerta máximo de risco de incêndio. No sul da Califórnia, a intensificação do vento seco pode facilitar o surgimento e a expansão de novos focos de fogo. Associated Press e BBC também destacaram a situação.

Os incêndios mataram pelo menos 25 pessoas e destruíram mais de 12 mil construções em LA. De acordo com a ABC News, a crise atual já figura entre os piores desastres de fogo da história da Califórnia, atrás apenas do Camp Fire de 2018, que devastou o condado de Butte, no norte do estado, matando 85 pessoas e destruindo quase 19 mil prédios.

O impacto econômico ainda é incerto, já que a maior parte dos focos de incêndio segue ativa. Mesmo assim, o NY Times abordou que os danos econômicos do fogo não se limitarão às construções destruídas: o custo da moradia, a pressão sobre os orçamentos públicos para reconstrução e o impacto dos incêndios na saúde pública também terão um preço alto para a Califórnia.

Outro efeito de longo prazo é na condição de Los Angeles para sediar os próximos Jogos Olímpicos em 2028. Segundo a NBC News, é improvável que a competição seja transferida de local – salvo uma situação ainda mais calamitosa. Nenhuma das instalações, como arenas, estádios ou complexos, que serão utilizados nos Jogos foi afetada. Porém, os incêndios dificultarão o trabalho de preparação da cidade para o evento.

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