01 Dezembro 2024
As reflexões anuais das escrituras do Advento do Bondings 2.0 começam hoje. Este ano, apresentamos reflexões de quatro teólogos e líderes pastorais hispânicos LGBTQ+ e católicos aliados.
A reflexão de hoje é de Nichole M. Flores, professora associada de estudos religiosos na University of Virginia, onde também é Diretora da Catholic Studies Initiative e Codiretora do Forum on Religion and Democracy. Ela é autora de The Aesthetics of Solidarity: Our Lady of Guadalupe and American Democracy.
O comentário é publicado por News Way Ministry, 01-12-2024.
Este ano, o Advento traz consigo uma sensação de que vivemos em um fim de era violento e implacável. Acendemos velas na escuridão, rezando para que elas nos deem luz suficiente para encontrar nosso caminho nestes tempos sombrios e incertos.
A leitura do evangelho de hoje, de Lucas 21, pinta um quadro similarmente sombrio do mundo diante dos discípulos de Jesus. No início deste capítulo do evangelho, temos uma noção dos preocupantes “sinais dos tempos” que anunciariam que o fim estava se aproximando: a destruição do templo (v. 5-6), guerras e insurreições (v. 9-11), a destruição de Jerusalém (v. 20-24).
As cenas angustiantes da parte inicial deste capítulo culminam na visão apocalíptica apresentada na leitura do Evangelho de hoje. A contenda e o medo permanecem; até mesmo o sol, a lua e as estrelas se tornam sinais dos tempos difíceis: “Os homens desmaiarão de medo e pressentimento do que está por vir sobre o mundo, pois os poderes dos céus serão abalados.” (v. 26)
Este pronunciamento atinge um acorde dissonante conosco em nossos próprios tempos, especialmente porque vivemos em tempos de ameaça perpétua à vida e à dignidade das pessoas LGBTQ+. Guerras e rumores de guerras contra a vida queer perturbam as mentes e os corações de todos que acreditam na promessa de Deus de dignidade, justiça e prosperidade para todos. As ameaças feitas contra a vida LGBTQ+ e daqueles que são vulneráveis parecem justificadamente cataclísmicas em nossos tempos. O pronunciamento apocalíptico de Jesus reconhece os medos de seus discípulos: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas, e na terra as nações ficarão consternadas, perplexas com o rugido do mar e das ondas.” (v. 25)
Mas a invocação de Jesus do sol, da lua e das estrelas nos oferece dicas da promessa de libertação contida até mesmo nesses sinais preocupantes. Os estudiosos bíblicos Richard A. Henshaw e Marvin Sweeny explicam que a imagem apocalíptica dramática está entrelaçada nas escrituras hebraicas e cristãs: “A imagem está associada ao Hamsin (árabe) ou Sharav (hebraico), o vento seco do deserto... que enche o céu com poeira e marca as transições entre o verão seco e as estações chuvosas do inverno, tanto no antigo quanto no moderno Israel.” De fato, os ventos quentes escurecem o sol e avermelham a lua nesses tempos — é assustador. Mas sangue, fogo e colunas de fumaça também lembram o êxodo, sinais da orientação de Deus em tempos difíceis, para um deserto desconhecido que, no entanto, promete libertação.
Ao acendermos a primeira vela do Advento, sabemos que não estamos sozinhos em nossa incerteza e medo. Mas, ao nos lembrar dos sinais do sol, da lua e das estrelas, Jesus nos guia em direção à promessa de libertação que reside mesmo em tempos como estes. Que esse lembrete nos guie para a antecipação desta temporada de seu nascimento.
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Em busca da esperança do Advento em um mundo de sol escurecido - Instituto Humanitas Unisinos - IHU