10 Agosto 2024
As temperaturas do mar no entorno da Grande Barreira de Corais, na Austrália, ficaram 1,73°C mais quentes no verão deste ano do que a média anterior ao século 20. Foram as temperaturas mais altas registradas nas águas da região em pelo menos 400 anos. Uma ameaça real à sobrevivência do arrecife.
A reportagem foi publicada por ClimaInfo, 09-08-2024.
Foi o que constatou um estudo publicado na Nature. Para chegar a essa conclusão, os cientistas analisaram corais de vida longa dentro e ao redor da barreira, que guardam um registro das temperaturas em seus esqueletos, e compararam esses dados com observações mais atuais.
A pesquisa usou modelos climáticos para reiterar o que já se sabe há algum tempo: as temperaturas extremas das últimas décadas não poderiam ter ocorrido sem os gases de efeito estufa adicionais na atmosfera, causados principalmente pela queima de combustíveis fósseis, explica o Guardian.
“Os eventos recentes de aumento da temperatura e de branqueamento são de natureza extrema e, ao menos nos últimos quatro séculos, não têm precedentes. Quando juntamos todas as evidências, a conclusão é que tais eventos estão acontecendo rápido demais para que os recifes de coral consigam se adaptar a eles, o que significa que a Grande Barreira está em perigo”, destacou Benjamin Henley, da Universidade de Wollongong, na Austrália, que liderou o estudo.
Na Grande Barreira de Corais, eventos de branqueamento em massa se tornaram extremamente comuns nas últimas duas décadas, ocorrendo cinco vezes de 2016 para cá, lembra a Folha. Nessas ocasiões, a temperatura estava quase 0,8°C mais alta do que a média entre os anos 1960-1990. Ou seja, há vários sinais de que o aquecimento está acelerando.
Os corais se adaptaram para sobreviver e crescer em uma faixa específica de temperatura, formando um esqueleto que fornece um habitat vivo para outras formas de vida marinha, detalha a BBC. Eles existem em parceria simbiótica com uma espécie de alga, que vive dentro do coral fornecendo alimento e dando ao coral sua cor vibrante. O branqueamento ocorre quando as temperaturas do mar sobem demais e os corais expulsam suas algas, ficando brancos em seguida.
“Embora o coral branqueado possa se recuperar, se o calor não diminuir, ele não tem essa chance”, alertou Henley.
O recorde de temperatura na Grande Barreira de Corais também foi noticiado por France24, Bloomberg, New York Times, Sky News, AP, Reuters, Independent e ABC.
Em tempo: Por 15 meses consecutivos até junho, as temperaturas globais dos oceanos atingiram máximas sazonais históricas. No Golfo do México e ao leste da Flórida, as águas costeiras já chegam a 32°C. Esse calor anormal não só está gerando furacões perigosos, como Beryl, muito mais cedo do que o normal, mas também está fornecendo combustível para que tempestades se fortaleçam mais rapidamente, explica a Bloomberg. Foi o que aconteceu com Debby, que atingiu a Flórida como um furacão após ganhar poder rapidamente no Golfo. Águas quentes acima do normal também provocam temperaturas recordes em terra, evidenciando como as mudanças climáticas estão desestabilizando os padrões climáticos ao redor do mundo.
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Estudo sugere que temperatura na Grande Barreiras de Corais é a mais alta em 400 anos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU