12 Agosto 2024
Eu gostaria de compartilhar algumas reflexões sobre a condição da mulher consagrada na Igreja à luz das dinâmicas que favorecem a consumação de abusos de consciência, abusos psicológicos e físicos até os abusos sexuais. Tais dinâmicas, que nesta reflexão definirei como pré-abusivas, caracterizaram a proposta da vida religiosa nas últimas décadas, tanto do ponto de vista da formação como da vida cotidiana ordinária, estruturada na modalidade relacional hierárquica, por um lado, e nos três votos religiosos, pelo outro.
O artigo é elaborado pelo blog Vita Consacrata, publicado por Settimana News, 08-08-2024.
O primeiro aspecto fundamental a ser levado em consideração para fins de compreensão das dinâmicas pré-abusivas é o legado ligado à identificação da chamada vocação com a entrada em um convento ou mosteiro, onde a fase do chamado discernimento pré-vocacional pode atingir faixas geracionais que respondem de forma diferente à experiência do acompanhamento vocacional.
É fundamental ter em mente que, dentro das diferentes faixas geracionais na busca vocacional, é possível distinguir três tipologias de mulheres: jovens mulheres que já atingiram a maioridade, mas que ainda não concluíram os estudos do ensino médio; jovens mulheres maiores de idade que estão concluindo os estudos universitários com vistas a uma profissão; adultas com estudos completos e profissões já adquiridas por meio de experiências de trabalho.
Considerando que a idade do discernimento para a vida religiosa feminina aumentou, hoje as mulheres estão se aproximando de uma experiência de discernimento vocacional apenas depois da conclusão do ensino médio, e muitas vezes se perguntam se devem ou não escolher estudar na universidade ou, alternativamente, entrar em um convento ou mosteiro. Embora seja um caso cada vez mais raro, muitas vezes essa situação representa para essas jovens uma experiência de acompanhamento sororal que substitui a presença da família ou de contextos de amizade, que normalmente dão suporte à escolha de eventuais estudos ou experiência de trabalho. Portanto, é necessário estar ciente de que a proximidade de uma mulher consagrada, de uma religiosa ou de um pároco ou, em todo caso, de um guia espiritual - que geralmente é um presbítero - após os estudos do ensino médio é uma forma de ajuda e apoio oferecida em boa fé e com motivações sinceras, mas que muitas vezes não representa a melhor ajuda para superar a desorientação sobre a escolha de continuar os estudos universitários ou viver a experiência de trabalho. Essa passagem existencial deve ser considerada um estado de vulnerabilidade, não apenas por causa da idade, mas também pelo estado de desorientação que a mulher está vivenciando.
Apesar da sinceridade das motivações que certamente movem as promotoras vocacionais ou as religiosas engajadas na pastoral juvenil ou nas atividades de animação vocacional, elas correm o risco de estar centradas não tanto na formação para o discernimento da chamada vontade de Deus (como a mulher possa realizar sua vocação nascida de um encontro pessoal com o Senhor), mas no recrutamento daquelas que demonstram interesse em aprofundar a espiritualidade, a oração e a relação com o Senhor. Portanto, existe o risco de alimentar o mal-entendido de fazer com que uma experiência de discernimento vocacional coincida com a entrada em um instituto religioso por meio de períodos internos de discernimento.
O primeiro equívoco que diz respeito às mulheres mais jovens é, portanto, o de viver uma experiência intensa de fraternidade e sororidade que as vincula à congregação religiosa, que, de alguma forma, as orientou a entrar ou as orientou a fazer escolhas de maneira muito vinculante, gerando um sentimento de gratidão e, ao mesmo tempo, de dívida para com a congregação. Uma dívida que a mulher sente que deve "pagar" substancialmente com o ingresso na congregação, percebida como um lugar seguro e confiável porque a ajudou a escolher os estudos universitários ou a realizar determinadas atividades de trabalho dentro da congregação ou em seu nome.
A criticidade desse caminho é caracterizada pelo fato de que o vínculo da mulher que entra na congregação religiosa é substancialmente ditado por uma forma de gratidão para com a congregação que a acompanhou, mais do que por um aprofundamento da sua relação com o Senhor, e a criticidade é substancialmente demonstrada pela manifestação, por parte dessas jovens, de um sentimento de pertença muito corporativo, na medida em que a identificação da congregação religiosa com a resposta ao eventual chamado do Senhor as motiva a idealizar e idolatrar a instituição religiosa como tal de modo corporativo e combatendo de modo muito dúbio qualquer possibilidade de revisão das estruturas e, sobretudo, das dinâmicas de poder presentes no interior da própria congregação, pois por essas mesmas dinâmicas a jovem se sentiu ajudada em uma fase de desorientação.
Essa experiência de gratidão que dá origem a um sentimento de dívida para com a congregação religiosa enfatiza mais o vínculo com a estrutura e a congregação religiosa representada pelas mulheres que detinham o poder naquele momento do que o vínculo com o Senhor por meio da oração, da vontade de servir ao Evangelho de acordo com a própria vocação pessoal e convergente nas relações cotidianas.
A vulnerabilidade dessas mulheres se mostra substancialmente por meio de regressões de natureza cultural, pois, em muitos casos, a impossibilidade de continuar estudando as motiva a permanecer na congregação como único espaço e lugar de realização, sem experiências de possível liberdade e amplitude para o crescimento pessoal.
Nesses casos, a congregação as torna altamente dependentes tanto do modelo caricatural de obediência, ou seja, da obediência às superiores que detêm o poder (que são as mesmas que as ajudaram a passar pela desorientação e pelas dificuldades de discernimento), e as torna particularmente vulneráveis, ou seja, em risco de entrar em dinâmicas de dependência e submissão, uma vez que a congregação lhes oferece uma possibilidade de trabalho, de realização, que não tiveram fora durante o chamado período de discernimento vocacional.
Tudo isso pode permitir entender que, no momento em que mudam as estruturas internas da congregação, mudam os arranjos de governo e de serviço apostólico ou as comunidades, é fácil que essas mulheres que entraram numa idade muito jovem possam experimentar formas de crise psicológica que se manifestam, em primeiro lugar, em uma fase de desorientação que já amadureceu após a profissão perpétua experimentada na esperança de que possa ser resolvida da mesma forma que a desorientação foi resolvida antes de entrar na congregação, ou seja, que é a própria congregação religiosa possa orientar sob o pretexto da obediência a mulher como tal.
Essa possibilidade de resolução raramente ocorre, precisamente porque um conceito mal compreendido de obediência desresponsabilizou a própria jovem mulher de discernir pessoalmente seu próprio bem maior e, portanto, ela será praticamente incapaz de discernir suas próprias possibilidades de viver na congregação no âmbito de relações saudáveis que lhe permitam viver o Evangelho fora de dinâmicas de submissão e dependência.
Raramente essas mulheres deixam a congregação porque prevalece nelas um sentimento de pertencimento, embora no âmbito de um grande sofrimento gerado por relações que não são mais saudáveis ou vividas em comunidades envelhecidas que se tornaram disfuncionais devido a conflitos geracionais. Raramente têm as ferramentas para o discernimento pessoal e, sobretudo, as possibilidades de experimentar caminhos de discernimento em outras congregações religiosas e amadurecer competências profissionais que, no caso de deixar o Instituto, lhes permitiriam desempenhar um trabalho que lhes possibilite ser autônomas e independentes, tanto do ponto de vista relacional quanto econômico. Portanto, é bom estar ciente de que quando se deparam com o discernimento vocacional mulheres diante da oportunidade de realizar estudos universitários ou à procura de um primeiro emprego, é uma grave responsabilidade moral orientar, mesmo que indiretamente, tais jovens para que entrem na vida religiosa como possível solução para seu estado de desorientação na ausência de um suporte familiar ou de amizade.
Outra casuística que se tornou muito mais frequente hoje em dia diz respeito às mulheres que se deparam com o discernimento vocacional após a conclusão de seus estudos universitários, mas sem experiência profissional e de trabalho significativas. A conclusão dos estudos universitários é também uma passagem para a vida adulta que, muitas vezes, vivenciada depois dos trinta anos, gera um estado de desorientação e um desejo sincero de buscar o próprio caminho existencial. O discernimento vocacional com essas jovens mulheres adultas é certamente mais articulado e complexo, porque se trata de mulheres intelectualmente muito mais estruturadas, mas do ponto de vista afetivo tendem a buscar na experiência da vida religiosa os mesmos modelos que foram vividos positiva ou negativamente em suas próprias famílias, em seus contextos de amizade e escolástico-formativos.
Disso resulta que o equívoco de representar a entrada na vida religiosa como uma resposta à vocação do Senhor está certamente menos enraizado nas jovens mulheres graduadas, mas que, ao mesmo tempo, tendo atingido uma idade que favorece o desejo de fazer um balanço de suas vidas, de sua feminilidade e de suas relações, essas mulheres buscam um estado de vida que as emancipe dos estereótipos da mulher realizada somente como esposa e mãe relegada à esfera doméstica e, portanto, buscam a vida consagrada justamente como uma possibilidade de se emancipar de um estereótipo social e cultural que ainda é muito forte em alguns contextos italianos. Portanto, é fundamental entender se existe nas mulheres graduadas essa busca de emancipação e o desejo de viver um estado de vida com possibilidades relacionais mais amplas do que aquelas que elas considerariam poder viver dentro do casamento e da própria família.
Outro aspecto delicado do discernimento com mulheres que concluíram a formação universitária é que as congregações religiosas raramente contam com formadoras e promotoras vocacionais em condições de um confronto sereno e igualitário com as candidatas, porque é provável que elas sejam dotadas de experiências relacionais, formativas e intelectuais superiores às religiosas que as recebem para o acompanhamento.
Portanto, a dinâmica pré-abusiva na fase pré-vocacional consiste em desafiar as candidatas a viver uma forma de obediência cega, aceitando, por amor a Deus, deixar a riqueza da própria experiência relacional e formativa para regredir e se adaptar à congregação, que, em média, terá um gap formativo que pesará sobre a candidata. Prospectar para a pessoa a desistência dos estudos universitários ou a interrupção das experiências de trabalho após a graduação representa uma dinâmica pré-abusiva muito eficaz, pois tem o potencial de lançar a pessoa em uma forma muito grave de regressão psicológica. Ela não é percebida imediatamente, porque a candidata é acolhida em um espaço relacional intenso, em uma dinâmica afetiva definida como "love bombing", ou seja, ela vive uma compensação da regressão por meio de uma acolhida afetiva que a faz acreditar que o preço da regressão intelectual e cultural será compensado por uma sororidade afetiva e amorosa que lhe permitirá viver serenamente dentro da congregação, apesar de tudo.
A congregação, por sua vez, apresenta à candidata a possibilidade apenas eventual de recuperar no futuro as experiências de formação do passado. Infelizmente, essa passagem ilusória só é percebida depois de alguns anos, depois da profissão temporária ou da profissão perpétua, depois daquelas passagens formativas em que a pessoa amadureceu o desejo e a esperança de retomar os estudos ou de expressar suas competências e profissionalismo em favor da congregação.
A dinâmica pré-abusiva reside aqui no fato de reservar as competências possuídas somente à esfera da congregação, sem a possibilidade de que essas competências e profissionalismo possam ser expressos fora dela. Essa condição determina uma dependência na vida consagrada, na medida em que ela não pode se expressar a não ser dentro de mecanismos de hierarquização e de dependência que não lhe permitem um efetivo crescimento pessoal.
A exclusividade do serviço para a estrutura religiosa ou eclesiástica determina um estado de sofrimento considerável nessas mulheres, que foram iludidas de poder continuar sua formação intelectual e profissional dentro da congregação, ou de poder investir essas competências por meio de modalidades de expressão que lhes permitam servir livremente ao Evangelho. Como resultado, as consagradas entram em circuitos de expressividade de seus dons que não lhes possibilitam - a não ser com grande dificuldade e no caso de deixar o Instituto - valorizar seu profissionalismo em contextos diferentes daqueles da congregação ou de contextos eclesiásticos dependentes do clero.
O estado de vulnerabilidade dessas mulheres se torna evidente no momento em que as modalidades de expressão de suas competências se tornam formas de exploração, de sobrecarga de trabalho, ou seja, condições que geram frustração, cansaço, excesso de trabalho que podem levar à patologia do burnout. Raramente essa patologia sofrida pela mulher consagrada é diagnosticada e compreendida pela congregação: a candidata será facilmente acusada de não viver a serviço do Senhor e da Igreja, de não viver a serviço da congregação, e sentirá o seu pedido de descanso e de tempos adequados para amadurecer um próprio crescimento intelectual e profissional julgado como busca egoísta de si mesma.
Nessas condições, algumas mulheres, após cerca de 10-15 anos de vida religiosa, ficam incapazes de se representar ou se imaginar fora daquelas únicas possibilidades de realização, porque a congregação as forçou a operar somente dentro de suas próprias obras ou de suas próprias formas de apostolado e, portanto, elas não perceberão ter as forças para encontrar espaços de vitalidade evangélica, exceto dentro daqueles clericalmente controlados ou permitidos pela congregação.
A longo prazo, esse tipo de experiência leva a uma extinção gradual da vida interior, a uma tendência ao isolamento dentro da comunidade, com dificuldade de representar as problemáticas pessoais, os desconfortos às superioras e às coirmãs. Um isolamento que se acentua cada vez mais à medida que os encargos de trabalho aumentam e que, devido à ausência de tempo de descanso e de tempo para cuidar da vida interior, leva a um esgotamento e a um automatismo da vida cotidiana que torna essas mulheres extremamente vulneráveis psicologicamente. Nesses casos, essas mulheres adultas que já são professas perpétuas podem passar por períodos de longo isolamento, não visíveis para suas coirmãs e superioras, transformando seu desconforto em uma periferia existencial, criando uma espécie de duplo binário existencial.
Outro nível de vulnerabilidade que caracteriza as mulheres consagradas é aquele determinado pela falta de atualização e formação após a profissão perpétua. Apesar do fato de que no âmbito das congregações de vida apostólica há certamente uma oferta mais ampla de formação, também com a finalidade de um possível ensino dentro das obras das congregações ou para fins de apostolado, após a profissão perpétua não há períodos formativos e experiências formativas de atualização teológica e exegética. Isso comporta, desde os anos da primeira formação, a viver uma espécie de microcosmo no qual a espiritualidade do fundador ou da fundadora e a adaptação das próprias linguagens religiosas à vida cotidiana acostumam a uma interpretação da palavra de Deus e a uma linguagem cotidiana do próprio papel e da própria presença como mulheres consagradas, com simplificações que tornam caricatural a conscientização dos votos religiosos.
Entre os muitos exemplos e sintomas de regressão formativa, basta pensar na dramatização de performance domésticas entre coirmãs (quem cozinha melhor, quem limpa melhor, etc.), ou uma atenção exagerada ao hábito religioso ou à modalidade de se vestir mesmo sem o hábito, para que se "veja" que a mulher consagrada é uma freira. Ou ainda a disputa entre coirmãs nas atividades de apostolado, tentando manter a exclusividade nas formas de serviço e acompanhamento espiritual, especialmente com os jovens. De fato, na fase que se segue à profissão perpétua, quando termina o acompanhamento mais próximo de uma ou mais formadoras ou de uma equipe de formação, é muito provável que haja uma espécie de "parada formativa", pois a congregação não permite experiências formativas significativas sob o pretexto de economia (pobreza).
As congregações, de fato, raramente permitem às religiosas de votos perpétuos frequentar tempos significativos de formação no exterior, exercícios espirituais ou formas de acompanhamento psicológico e espiritual que sejam significativamente capazes de permitir uma atualização, especialmente sob o pretexto de manter um papel sacralizado, que distinga claramente o estado de vida das religiosas daquele de todos os outros fiéis.
O amadurecimento de espaços exclusivos ou excludentes, linguagens e modalidades de vestir e formas exteriores de alguma forma capazes de comunicar a sacralização da pessoa como tal, motiva essas mulheres a considerar sua congregação religiosa como uma espécie de zona de conforto, ou seja, um espaço em que a mesma linguagem, a mesma modalidade de pensar, falar, de expressar a espiritualidade e capacidade relacional, faz com que a pessoa se sinta parte de um corpo religioso, mas ao mesmo tempo se torna impenetrável e impermeável a atualizações de caráter humano, filosófico, teológico e bíblico, especialmente no que diz respeito à condição da mulher na sociedade e na Igreja.
As experiências de pertencer a congregações, especialmente aquelas mais enraizadas no nível de igrejas locais, amadurecem uma forte convicção de que sua presença na igreja seja reconhecida quanto mais se mostram formas de tipificação da própria linguagem, da maneira de vestir, de se relacionar, que marquem de forma evidente uma descontinuidade em relação ao modo de viver dos outros crentes.
Se essa atitude se consolida e a congregação sofre o envelhecimento de seus membros, é muito provável que não haja uma capacidade de intercambiar as pessoas no governo e que amadureçam formas de concentração de poder no cargo sempre das mesmas religiosas. Essa concentração de poder é o resultado da impossibilidade prática de celebrar assembleias e capítulos eletivos válidos, uma vez que eles resultarão apenas repetitivos de eleições nas mãos de um ou mais religiosos que, graças às formas de dependência descritas acima, não permitiram que as gerações seguintes vivessem uma vida adulta dentro da congregação, devido a formas de dependência de consciência, psicológica e afetiva.
Essa condição inevitavelmente determina um estado de vulnerabilidade em muitas religiosas que, diante de um possível desconforto que amadureceu em relação às diferentes aspirações que caracterizaram as diferentes épocas de suas vidas, inevitavelmente não são ouvidas ou são acusadas de não estarem a serviço da Igreja e da congregação.
Apesar do fato de que a maioria das religiosas prefira fazer uma escolha existencial essencialmente autodestrutiva, ou seja, permanecer dentro de relações e comunidades disfuncionais da congregação religiosa, elas começam a viver uma espécie de percurso de sabotagem, preferindo submeter-se a formas de limitação da própria liberdade de consciência, da própria saúde psicológica e física para poder permanecer dentro de um contexto que, gradualmente, será cada vez menos capaz de gerar relações saudáveis e construtivas e capaz de fazer crescer a mulher, como tal, na sua relação com Deus a serviço do Evangelho.
Essas escolhas são certamente dramáticas e, muitas vezes, ditadas por discernimentos errôneos, sob a aparência de vida e ajuda evangélica, ditadas por motivações ilusórias, segundo as quais permanecer dentro de relações comunitárias e pessoais de natureza tóxica seria a expressão de uma doação se si em termos de sacrifício, e esse sacrifício de si poderia salvar aquele percurso autodestrutivo que a congregação trilhou décadas antes.
A ilusão mais perigosa é a convicção de que o sacrifício de uma única pessoa pode magicamente determinar uma inversão de tendência no instituto religioso. Isso geralmente leva a formas de depressão, ansiedade e ataques de pânico até patologias ainda mais graves, quando a pessoa se depara com o declínio de sua própria congregação, que não é mais capaz de mudar seus mecanismos internos.
Essa forma de autossacrifício, completamente ilusória, não leva em conta as dinâmicas relacionais que amadureceram dentro da congregação de maneira complexa, tanto no âmbito dos papéis de governo - que se cristalizaram sem alternância - quanto à luz das propostas formativas - que não permitiram que a experiência da vida religiosa se tornasse uma experiência de vida adulta a serviço do Evangelho.
Seria desejável que as congregações religiosas pudessem amadurecer modalidades de valorização das suas candidatas que não coloquem no centro a estrutura, a manutenção das obras, a reputação das instituições e a dependência da autoridade eclesiástica, mas que favoreçam uma experiência de sororidade entre mulheres que não vivem dependentes de uma estrutura, mas que amadurecem uma capacidade de vida adulta, de autonomia de consciência, psicológica, física e econômica, que lhes permite viver em liberdade as relações com outras mulheres a serviço do Evangelho.
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Dinâmicas pré-abusivas na vida religiosa feminina - Instituto Humanitas Unisinos - IHU