Coroando mais de vinte anos como um dos líderes mais influentes do catolicismo americano, o mandato do cardeal Sean O'Malley como arcebispo de Boston terminou na segunda-feira, quando o Vaticano anunciou que o Papa aceitou sua renúncia e nomeou Dom Richard Henning, de Providence, como seu sucessor.

A reportagem é de Elise Ann Allen, publicado por Crux, 05-08-2024.

Henning agora se torna um arcebispo metropolitano, com autoridade direta sobre Boston e um papel de supervisão indireta sobre seis outras dioceses em Massachusetts, Vermont, New Hampshire e Maine.

A declaração do Vaticano de 5 de agosto confirmou rumores relatados inicialmente por Rocco Palmo, veterano escritor católico, que informou que O'Malley, prelado 80 anos completados no meio deste ano e que não poderá mais votar no próximo conclave, estava se aposentando e sendo substituído por Henning.

Franciscano capuchinho, O'Malley foi arcebispo de Boston desde 2003. Antes, ele serviu como bispo de Saint Thomas nas Ilhas Virgens Americanas, depois como bispo de Fall River, em Massachusetts, e depois como bispo de Palm Beach, na Flórida. Falante de espanhol, O'Malley tem uma longa reputação por seu trabalho e defesa em prol de migrantes e pobres, tendo atendido diversas comunidades de imigrantes.

Ele também é conhecido por suas iniciativas em promover a proteção infantil, tendo assumido em Boston o cargo do Cardeal Bernard Law, que renunciou em 2002 em meio às consequências dos escândalos de abuso sexual clerical, incluindo alegações de acobertamento, que explodiram no país após uma grande exposição do Boston Globe, levando toda a igreja nacional a adotar uma reforma abrangente de políticas de proteção.

O'Malley foi escolhido em 2013 como membro do então recém-formado Conselho de Cardeais, aconselhando o Papa em questões de governança e reforma da Igreja, para representar a como arcebispo de Boston. Ele é um dos poucos membros originais a permanecer no grupo.

Em grande parte devido aos seus esforços bem-sucedidos de reforma na proteção, O'Malley também foi escolhido em 2014 para liderar a Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores, função na qual ele teve que lidar com vários casos de alta complexidade, incluindo os escândalos de 2018 envolvendo o ex-cardeal e ex-padre americano Theodore McCarrick, e o caso em andamento do padre esloveno Marko Rupnik.

O'Malley recentemente causou polêmica ao escrever uma carta aos prefeitos e chefes de departamentos vaticanos pedindo que eles exercessem "prudência pastoral" na exibição, inclusive online, de obras de arte produzidas por Rupnik, que é acusado de abusar de pelo menos 30 mulheres adultas.

A carta foi publicada logo após o leigo italiano Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para as Comunicações, ter causado reação negativa por defender o uso contínuo das obras de arte de Rupnik em seu site por seus departamentos e por sugerir que o abuso não era tão sério, pois não envolvia menores. Apesar de ter deixado o cargo de arcebispo, espera-se que O'Malley permaneça na comissão por enquanto, a pedido pessoal do Papa Francisco.

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