Com base em fake news, ruralistas executam novo ataque na noite deste domingo (4) às retomadas Guarani e Kaiowá de Douradina

Foto: Gabriel Schlickmann | Twitter

Mais Lidos

  • A ideologia da Vergonha e o clero do Brasil. Artigo de William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • Juventude é atraída simbolicamente para a extrema-direita, afirma a cientista política

    Socialização política das juventudes é marcada mais por identidades e afetos do que por práticas deliberativas e cívicas. Entrevista especial com Patrícia Rocha

    LER MAIS
  • Que COP30 foi essa? Entre as mudanças climáticas e a gestão da barbárie. Artigo de Sérgio Barcellos e Gladson Fonseca

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

05 Agosto 2024

No final da tarde deste domingo (4), perfis ruralistas nas redes sociais começaram a divulgar notícias falsas, as fake news (veja print abaixo), afirmando que os Guarani e Kaiowá “invadiram” mais fazendas em Douradina (MS), indo além das sete retomadas em que já se encontram dentro dos limites da Terra Indígena Lagoa Panambi. Esta foi a senha para no começo da noite, entre 18 e 19 horas, mais um ataque contra os indígenas ter início, desta vez na retomada Yvy Ajere. Sequer a presença de órgãos de governo intimidou os criminosos.

A reportagem é publicada por Cimi, 04-08-2024.

“Vão cavar covas aqui pra jogar a gente tudo dentro. Pode fazer isso. Se querem Guarani e Kaiowá fora daqui, matem a gente. Enterrem aqui e aí podem plantar soja por cima. Essa é a vontade do governo? Isso que quer a Justiça? Então façam isso logo, matem a gente tudo. Jagunçada atira na gente, destrói o pouco que temos e a Força Nacional só olha, governo vem aqui e não faz nada. Saiam daqui, desgraçados! É a nossa terra e tão caçando a gente feito animal. Só quero fazer saber que vamos morrer aqui”, declarou um indígena.

Ao menos um indígena foi ferido com disparos de balas de borracha. A Força Nacional está no local, mas conforme observadores externos e os próprios indígenas, os agentes se mantiveram atrás da linha de ataque dos jagunços sem esboçar qualquer reação para impedir as agressões aos indígenas. A nova investida violenta ocorreu pouco mais de 24 horas depois do ataque da tarde deste sábado (3) às retomadas Kurupa’yty e Pikyxyin, quando dez Guarani e Kaiowá terminaram feridos – três com mais gravidade.

Com tratores e camionetes, os jagunços avançaram na noite deste domingo do acampamento em que estão para a área retomada, a poucos metros, sobreposta pela fazenda de Cleto Spessato, e arrendada para um homem conhecido como ‘Baiano’, apontado pelos indígenas como um dos mais agressivos contra a comunidade. Barracos, pertences e símbolos da cosmologia Guarani e Kaiowá foram destruídos e incendiados, parte também da tática de ataque da jagunçada mobilizada.

O perfil sos.agro.ms divulgou inúmeras notícias falsas para arregimentar jagunços. O incêndio foi ateado pelos próprios agressores dos Guarani e Kaiowá (Imagem: Reprodução/Instagram)

Além da Força Nacional presente, pela manhã uma comitiva composta por representantes do Ministério Público Federal (MPF), Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e Programa de Proteção de Defensores de Direitos Humanos (PPDH) esteve nas retomadas Kurupa’yty e Pikyxyin para a realização de uma oitiva e iniciou a investigação do crime sofrido pelos Guarani e Kaiowá na tarde deste sábado.

Leia mais