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04 Mai 2024

"Ele só tem o poder de nos ajudar a reconhecê-la. A tarefa do cuidado é nossa. Nós, que vivemos no mundo, nós que somos realidade para além das páginas da literatura. Assim, podemos perceber o texto de A hora da estrela como um chamado à ação ética do cuidado. Mais do que denunciar a realidade de extrema vulnerabilidade de Macabéa, Rodrigo nos mostra o seu amor e nos chama à ação. E faz isso explicitando o limite do fazer literário: o texto só pode nos mostrar algo, mas nós que o lemos podemos agir a partir do que vemos ao ler", escreve Marília Murta de Almeida, professora e pesquisadora dos Departamentos de Filosofia e Teologia da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia - FAJE.

Eis o artigo. 

Macabéa é, provavelmente, a personagem mais famosa de Clarice Lispector. Sua história é contada no livro A hora da estrela pelo personagem narrador Rodrigo S. M. É uma moça nordestina, pobre, sem jeito, feia, solitária, que vive no Rio de Janeiro, uma “cidade toda feita contra ela”. As suas desventuras são bastante conhecidas, algumas vezes mesmo por quem nunca leu a sua história, já que ela segue sendo comentada em diversos contextos, desde trabalhos acadêmicos a redes sociais, passando por reuniões de cunho político ou social. A hora da estrela é reconhecido como um texto que denuncia a miséria e a desigualdade brasileiras.

Usando um vocabulário teológico, gostaria de dizer que o livro denuncia, sim, mas também anuncia. Há um anúncio, uma boa nova que acompanha toda a história tal como um assovio no vento escuro (este é um dos treze títulos que aparecem listados na página de abertura do livro): o amor de Rodrigo S. M. por sua personagem/criatura. E esse amor parece querer nos atingir, a nós que lemos o livro. Em mais de uma passagem, Rodrigo nos chama a cuidar dela ou nos recrimina a possível frieza diante de Macabéa.

Na primeira vez em que ele declara o seu amor por ela, repete duas vezes: “só eu a amo”. Só ele a ama, e isso soa triste como o violino que aparece no final da história. Em outro momento, ele se coloca mais enfático: “Sim, eu estou apaixonado por Macabéa, a minha querida Maca, apaixonado pela sua feiura e anonimato total, pois ela não é para ninguém”. E ainda declara: “Ah pudesse eu pegar Macabéa, dar-lhe um bom banho, um prato de sopa quente, um beijo na testa enquanto a cobria com um cobertor. E fazer que quando ela acordasse encontrasse simplesmente o grande luxo de viver”.

Ser amada e cuidada é o grande luxo de viver. O que Macabéa nunca teve e que Rodrigo gostaria de oferecer a ela, mas não consegue. Rodrigo não pode fazer o que imagina porque não vive com ela, não é uma pessoa entre as outras com quem Macabéa vive. É seu criador, o narrador da sua história.

Judith Butler, pensadora preocupada com a violência e com o valor das vidas humanas, desenvolve em seu livro A força da não violência a ideia de que somos seres interdependentes, pois precisamos uns dos outros para viver. Não há possibilidade de vida autônoma para uma pessoa humana. Precisamos de apoios externos que nos garantam a vida. Quando alguém perde o apoio que teve, ou quando alguém nunca teve apoio algum, se torna vulnerável. E nossa cultura contemporânea, marcadamente desigual e competitiva, é produtora insaciável de vulneráveis. Ou de descartáveis, como prefere dizer o Papa Francisco.

Butler sugere que devemos nos empenhar para criar um imaginário igualitário, isto é, devemos sonhar com um mundo em que os laços da solidariedade e do apoio mútuo sejam a prevalência no tecido social, fazendo da interdependência que nos constitui o chão onde possamos tecer essa rede de relações e amparo. Rede horizontalizada em que todos cuidam uns dos outros e todas as vidas são valiosas e enlutáveis, ou seja, têm direito ao luto.

Com essas ideias em mente, podemos ler melhor o pedido de Rodrigo S. M. diretamente dirigido às leitoras e leitores de sua história: “Cuidai dela porque meu poder é só de mostrá-la para que vós a reconheçais na rua, andando de leve por causa da esvoaçada magreza”. Macabéa, criação de Rodrigo S. M. é também pessoa existente nas ruas pelas quais andamos. E ele nos pede que a reconheçamos nas ruas e que cuidemos dela. Ou delas, as tantas Macabéas andando por aí.

Ele só tem o poder de nos ajudar a reconhecê-la. A tarefa do cuidado é nossa. Nós, que vivemos no mundo, nós que somos realidade para além das páginas da literatura. Assim, podemos perceber o texto de A hora da estrela como um chamado à ação ética do cuidado. Mais do que denunciar a realidade de extrema vulnerabilidade de Macabéa, Rodrigo nos mostra o seu amor e nos chama à ação. E faz isso explicitando o limite do fazer literário: o texto só pode nos mostrar algo, mas nós que o lemos podemos agir a partir do que vemos ao ler.

Macabéa morre violentamente ao final da história. Sua morte é elevada a um patamar de intensa poesia e espiritualidade e dificilmente um leitor ficará frio ao final da leitura. O narrador nos leva a chorar por Macabéa e esse pranto tem o poder de nos despertar. O que pode começar depois dessa morte?

A hora da estrela tem início com a frase “Tudo no mundo começou com um sim”, e se encerra com “Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos. / Sim”. O sim ao final da história nos põe em novo início. A narrativa se abre e parece esperar de nós o próximo movimento. Um movimento no nosso imaginário, diria Judith Butler, para que possamos começar a trabalhar por um mundo outro, na consciência de que cada vida está implicada nas outras vidas de modo a que nenhuma vida possa ser perdida sem que cada um sinta em si essa perda.

Por enquanto, que possamos amar Macabéa, depois de chorar por ela, e sonhar com esse mundo em que sua morte teria sido evitada porque sua vida teria sido amparada por uma rede de afeto e cuidado.

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