12 Março 2024
A revista científica Lancet publicou estudo mostrando que nove países insulares do Pacífico despontam na lista dos dez mais “gordos” do mundo, com maior prevalência de obesidade entre mulheres e homens com 20 anos ou mais. Lidera a lista a ilha de Nauru, na Oceania, onde 94% da população está acima do peso. No Brasil, seis a cada dez brasileiros estão com excesso de peso.
A reportagem é de Edelberto Behs.
No Dia Mundial da Obesidade, 4 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que mais de um bilhão de pessoas no mundo são obesas e estima que 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso. Segundo o estudo divulgado pela Lancet, a obesidade entre adultos no mundo triplicou desde 1970, e quadruplicou entre crianças e adolescentes de cinco a 19 anos de idade.
Pesquisa inédita da Fundação Getúlio Vargas (FGT), divulgada em abril do ano passado, identificou, através de análises e estatísticas, que idade, condições socioeconômicas e falta ou insuficiência de atividade física estão entre os principais fatores associados a prevalência da obesidade no Brasil. A pesquisa foi coordenada pelo professor da Escola de Economia de São Paulo, Marcio Holland.
Muitas pessoas acreditam que a obesidade está associada principalmente ao consumo de determinados alimentos, disse o professor. No entanto, o estudo indicou que esse fator é pouco relevante se for analisada de forma mais ampla. Ainda assim, o estudo encontrou diferenças estatisticamente significativas no consumo de alguns alimentos, como carnes, doces, farinhas, massas, óleos e gorduras.
“O consumo do clássico prato brasileiro, o famoso arroz com feijão, não traz riscos de aumento de peso. Porém, outro costume do brasileiro, que é o churrasco, devido ao consumo de carne vermelha, está associado a efeitos gritantes para o excesso de peso e obesidade, principalmente se forem associados à falta de prática de exercícios e ao consumo de bebidas alcoólicas”, explicou Holland ao portal da FGV Economia São Paulo. Por isso, é preciso associar a alimentação a outros fatores levantados pela pesquisa.
Moradores da Ilha de Nauru tornaram-se gordos depois de mudanças no estilo de vida. Após a independência, conquistada da Austrália em 1968, o governo de Nauru persistiu na exploração de minerais, colocando brevemente o país no 11º lugar no ranking dos mais ricos do mundo. Essa mina de recursos durou duas décadas, até se exaurir.
A população de Nauru, então com recursos, abraçou o estilo de vida ocidental, abandonando sua cultura culinária. Importaram alimentos industrializados, álcool, automóveis, televisão, o que incentivou o sedentarismo. O representante da OMS no Pacífico Sul, Mark Jacobs, disse para o portal ONUNews que as causas da obesidade na região são complexas. Elencou que “em muitas partes do Pacífico, os alimentos não saudáveis são baratos, convenientes e fortemente promovidos pela publicidade”.
A obesidade é uma doença crônica, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. Ela é medida pelo Índice de Massa Corpórea (IMC). Seu cálculo é feito dividindo-se o peso da pessoa pela sua altura elevada ao quadrado. Um índice entre 18,5 a 24,9 é considerado normal; entre 25,0 e 29,9 já indica sobrepeso; acima de 29,9 vem a obesidade e maior que 40 já é uma obesidade grave.
Doenças como diabetes, colesterol alto, triglicerídeos elevados, hipertensão estão vinculadas à obesidade. Elas chegam a ser duas vezes maior em pessoas obesas. A obesidade é um problema crescente no mundo, especialmente após o fácil acesso a comidas industrializadas e ultra processadas.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
População mundial está mais obesa, apura OMS - Instituto Humanitas Unisinos - IHU