Papa Francisco diz a pais enlutados: está tudo bem perguntar “por que, Senhor?”

Foto: Vatican Media

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07 Março 2024

Clamar a Deus e exigir respostas quando um filho morre está longe de ser um sinal de falta de fé, disse o Papa Francisco a um grupo de pais enlutados italianos.

A reportagem é de Cindy Wooden, publicada por America, 04-03-2024

“Não há nada pior do que silenciar a dor, colocar um silenciador no sofrimento, remover traumas sem enfrentá-los, como nosso mundo frequentemente encoraja em sua pressa e entorpecimento”, disse o papa em um discurso preparado para os membros da Associação "Talità Kum" de Vicenza, na Itália.

Embora o papa tenha pedido a um ajudante para ler seu discurso em 2 de março porque estava sofrendo de bronquite, ele cumprimentou pessoalmente cada membro do grupo. No texto, o papa disse que queria "oferecer um carinho ao seu coração, quebrado e perfurado como o de Jesus na cruz: um coração que está sangrando, um coração banhado em lágrimas e dilacerado por um profundo vazio (...) A perda de um filho é uma experiência que desafia descrições teóricas e rejeita a trivialidade de palavras religiosas ou sentimentais” ou “encorajamentos estéreis”, lê-se.

Reconhecendo que muitas vezes as frases piedosas que os cristãos oferecem aos pais enlutados nada fazem para ajudar e podem apenas aumentar a dor, o papa disse que a melhor resposta é “imitar a emoção e a compaixão de Jesus diante da dor”, não tentando minimizá-la, mas compartilhando-a.

O Papa Francisco falou aos pais: “A dor, especialmente quando é tão excruciante e sem explicação, precisa apenas se agarrar ao fio de uma oração que clama a Deus dia e noite, que às vezes se expressa na ausência de palavras, que não tenta resolver o drama, mas, pelo contrário, habita perguntas que continuam voltando: ‘Por que, Senhor? Por que isso aconteceu comigo? Por que você não interveio? Onde você está enquanto a humanidade sofre e meu coração lamenta uma perda imensa?’”

Diante do sofrimento, escreveu o papa, “a primeira resposta de Deus não é um discurso ou uma teoria, mas caminhar conosco, estar ao nosso lado. Jesus se deixa tocar pela nossa dor, ele percorreu o mesmo caminho e não nos deixa sozinhos, mas nos liberta do peso que nos oprime, carregando-o por nós e conosco”.

“O Senhor quer vir às nossas casas, à casa de nossos corações e às casas de nossas famílias chocadas pela morte”, escreveu o Papa Francisco. “Ele quer estar perto de nós, quer tocar nossa aflição, quer nos dar sua mão para nos levantar novamente”.

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