23 Fevereiro 2024
Após a intervenção do Vaticano contra o voto sobre os estatutos do Comitê Sinodal, os jovens católicos pedem aos bispos que permitam ao Comité continuar o seu trabalho. As objeções de Roma são incompreensíveis, declarou Gregor Podschun do BDKJ.
A informação é publicada por katholisch.de, 20-02-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
A Federação da Juventude Católica Alemã (BDKJ) pediu aos bispos alemães que discutissem os estatutos do Comitê Sinodal durante a sua assembleia plenária de primavera em Augusta, para que o trabalho do Comitê possa prosseguir como previsto em junho. "Não conseguimos de forma alguma entender as novas objeções do Vaticano", explicou na terça-feira em Düsseldorf o presidente federal do BDKJ Gregor Podschun. O fato de a votação sobre os estatutos da comissão ter sido retirada da agenda da assembleia plenária foi "um grande desapontamento". "Não é suficiente transferir a culpa para Roma."
O levantamento entre os membros da Igreja (Kirchenmitgliedschaftsuntersuchung KMU) publicado no segundo semestre do ano passado mostra claramente que muitos católicos e muitas católicas gostariam de ver reformas na sua Igreja. “Muitas católicas e muitos católicos, especialmente jovens, estão irritados com a fato de que os bispos mais uma vez atrasam os processos necessários", disse Podschun, também membro do Comitê Sinodal. Os fiéis estão prontos para trabalhar para reformar a Igreja, mas os bispos, aparentemente, ainda não estão suficientemente dispostos. “Não é suficiente transferir a responsabilidade para Roma. Esperamos que os bispos alemães tomem corajosamente as medidas necessárias e nós os apoiamos nisso”.
Os bispos continuam a dar prioridade à sua mal-entendida obediência mais o que à ruptura dos sistemas que operam na Igreja, sistemas que também facilitaram os abusos. “Dessa forma, rejeitam as reformas necessárias que também os estudos sobre os abusos nos mostram e que a maioria dos fiéis espera".
O fato de que a ratificação dos estatutos do Comitê Sinodal conduziria ao perigo de uma divisão da Igreja “não tem nenhum fundamento”, continuou Podschun. “O Comitê Sinodal não quer o que estão inventados em Roma. De acordo com os seus próprios estatutos, considera-se uma oportunidade e um lugar desenvolver uma compreensão comum da sinodalidade". O Comitê é um órgão provisório que tem por objetivo preparar o Conselho Sinodal. Ambos os órgãos foram decididos pelo Caminho sinodal, instituído por unanimidade pelos bispos alemães em resposta ao estudo do MHG.
“Não entendemos por que o envolvimento dos fiéis na Alemanha deva continuar a ser um problema", explicou o presidente do BDKJ. A última carta do Vaticano anula todas os esforços, todas as expectativas e as reformas necessárias do caminho sinodal. “Isso é devastador, porque até mesmo os estatutos do Comitê Sinodal sublinham a razão do trabalho comum: o objetivo do caminho sinodal era prevenir a discriminação, o sofrimento e a violência, eliminar as causas sistêmicas da violência sexual e, dessa forma, escutar novamente o Evangelho da libertação”.
No fim de semana, foi divulgada uma carta de três altos cardeais da Cúria à Conferência Episcopal Alemã. Nela, os cardeais reiteraram o seu ceticismo em relação ao caminho de reforma da Igreja na Alemanha. Em particular, pediram aos bispos alemães que retirassem da agenda da sua assembleia plenária a votação sobre a criação do Comitê Sinodal prevista para esta semana. Os bispos atenderam ao pedido.
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Os bispos devem permitir que o Comitê Sinodal continue o seu trabalho - Instituto Humanitas Unisinos - IHU