O que fica depois do rompimento das barragens de rejeitos de mineração?

Em videoconferência promovida pelo IHU no próximo dia 11, Bianca de Jesús Silva analisa os desdobramentos dos desastres de Mariana e Brumadinho em Minas Gerais

Foto: UFMG

Por: João Vitor Santos | 10 Janeiro 2024

Mariana e Brumadinho. Basta falar o nome destes dois lugares de Minas Gerais que todo mudo reconstitui na mente as imagens tomando conta de vilarejos destas cidades. Mas o que fica depois do exato momento em que a terra cede nessas duas ocasiões?

 

 

É comum também lembrarmos de todo o desastre e devastação que assolou as duas regiões, até alguns debates e discussões vêm à mente. Só que a tragédia em Mariana foi em 5 de novembro de 2015 e a de Brumadinho foi em 25 de janeiro de 2019. De lá para cá, muita coisa aconteceu e para a maioria das pessoas estes fatos se tornam lembrança. Mas, enquanto vítimas lutam para reconstruir suas vidas e curar as feridas, o que fica depois deste rompimento? Quais os desdobramentos políticos, econômicos e sociais de tudo isso? Estas e outras são algumas das questões que orientarão a palestra Do biopoder ao geontopoder. Reflexões a partir dos rompimentos de Barragens de rejeitos de mineração, a ser proferida por Bianca de Jesús Silva no próximo dia 11, quinta-feira, às 17h30. A atividade será em forma de videoconferência com transmissão ao vivo pelos canais do IHU.

 

Bianca é doutoranda no PPG em Ambiente e Sociedade na Universidade Estadual de Campinas – Unicamp e desde o mestrado em Ciências Sociais, realizado no PPG em Ciências Sociais da Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, vem pesquisando estes desastres. No mestrado, que culminou na dissertação “A lama que rolou de cima”: alguns desdobramentos sociopolíticos e sociotécnicos sobre as águas do rio Doce e do Oceano Atlântico na região da Foz, após o rompimento da barragem de Fundão – MG, a pesquisadora leva em conta a abordagem de que os desastres foram causados por um conjunto de processos políticos, institucionais e econômicos que emergem a partir deste neoextrativismo que ocorre no Brasil.

Assim, Bianca chama atenção para além da fragilização das vítimas, sem contudo desconsiderá-las. Seu objetivo é essencialmente analisar o aspecto mais amplo do que fica depois disso tudo. Afinal, houve o que houve e nem sequer foram atendidos por completo os anseios das vítimas e pouco se avançou em mecanismos de fiscalização, entre outras políticas públicas de preservação ambiental, para evitar que episódios como estes se repitam.

Seguindo com os textos publicados pela pesquisadora, podemos concluir que o desastre do rio Doce não foi uma fatalidade e tampouco algo natural. Foi, isso sim, resultado da adoção de tecnologias e decisões técnico-administrativas com impactos diretos e indiretos sobre rios e terrenos aluviais, áreas de proteção ambiental e reservas florestais, além de toda população atingida.

Saiba mais sobre Bianca de Jesús Silva

É doutoranda no PPG em Ambiente e Sociedade na Unicamp, mestra em Ciências Sociais pelo PPG em Ciências Sociais na UFES, licenciada e bacharela em Ciências Sociais também pela UFES. Possui experiência em Antropologia, atuando nas seguintes temáticas: antropologia da ciência, ambientalismo e natureza e cultura.

Trabalhou como pesquisadora colaboradora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Populações Pesqueiras e Desenvolvimento no Espírito Santo – GEPPEDES, no programa de extensão intitulado: "Áreas protegidas e grandes projetos de desenvolvimento no horizonte de vivências das comunidades locais: os impactos socioambientais e seus desdobramentos" (2015-2018).

Bianca (Foto: Plataforma Lattes)

 

Contribui no Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais – NEPAM. Integra o Grupo de Pesquisa e Ação em Conflitos, Riscos e Impactos Associados a Barragens – CRIAB/Unicamp e o Grupo de Pesquisa Ambiências/Laboratório de Estudos, Pesquisas e Experimentos em Naturezas-culturas.

 Leia mais sobre as tragédias em texto publicados pelo IHU

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