13 Novembro 2023
A Irmã Rosana Marchetti, Missionária da Imaculada, nasceu na Itália e em 1998 foi enviada em missão ao Brasil, onde ficou até 2012. Depois de 10 anos em seu país natal retornou à arquidiocese de Manaus, onde faz parte da Coordenação Diocesana de Pastoral em 2022. A religiosa faz parte de uma congregação com um carisma claramente missionário e analisa a Missão ad Gentes desde a perspectiva da Vida Religiosa.
A entrevista é de Luis Miguel Modino.
Como a Vida Religiosa contribui para a Missão ad Gentes, como a Missão ad Gentes contribui para a Vida Religiosa?
A minha vocação nasceu na minha cidade da Itália, na Arquidiocese de Milão, e por causa desta grande paixão de anunciar o Evangelho a quem não conhece Jesus. Eu procurei uma congregação exclusivamente missionária, e nesta congregação fui formada, acompanhada para poder viver a missão ad gentes e a missão além fronteiras. Isso enriqueceu muito a minha vida, muito a minha dimensão da vida consagrada, pensando que na escuta e na vivência com povos diferentes do meu, eu sou evangelizada e ao mesmo tempo posso evangelizar, posso anunciar.
A Vida Religiosa vivendo no meio dos povos, saindo do próprio país, por carisma, e entrando em outras realidades, recebe uma riqueza muito grande, recebe a capacidade de escutar, e também se deixar transformar por quem encontra, pelo povo no meio do qual vive.
Irmã Rosana e Luis Modino. (Foto: Luis Miguel Modino)
A sua Congregação, as Missionárias da Imaculada, promovem a missão nas igrejas onde vocês são enviadas. Como estão trabalhando aqui no Brasil a promoção da missão ad gentes?
Como Congregação, nos inserimos nas Igrejas locais, tentamos trabalhar na formação de lideranças, nas pastorais, acompanhando às vezes algum movimento, e nesta vivência nós falamos e vivemos a missão. Ajudamos a Igreja local a se abrir para a Missão ad Gentes e além fronteiras, através de nossa vivência, em primeiro lugar, de nossa paixão, e também da formação, ajudando o povo e as lideranças a entender que a missão é uma dimensão da vida cristã.
Ajudando as lideranças a viver a missão lá onde estão, mas também a entender que a missão pode ser algo que nos chama a sair das nossas fronteiras, a sair dos nossos confins, a sair dos nossos países. Muitas vezes acompanhamos jovens, homens ou mulheres, que sentem essa paixão missionária com maior força, e ajudamos elas e eles no discernimento. Por exemplo, o padre Jaime da diocese de Parintins, que foi acompanhado por uma irmã e decidiu entrar numa congregação exclusivamente missionária que é o PIME, e agora está na Guiné-Bissau. Este acompanhamento, esta formação, tem sempre uma dimensão missionária.
A senhora coloca o exemplo de alguém que saiu da Amazônia para ser missionário na África. A Igreja da Amazônia foi nutrida durante muito tempo de missionários e missionárias chegados de fora. Chegou a hora de missionários e missionárias da Amazônia ir comunicar a riqueza desta Igreja, uma Igreja sinodal, para outras igrejas no mundo todo?
Sim, no Congresso Missionário Regional, que foi realizado em setembro se conversou muito sobre isso. Como os missionários que vieram, agora são chamados a acompanhar a caminhada ao lado da Igreja local e ajudar a Igreja local em todas as suas dimensões e expressões a assumir a missão. A Missão ad Gentes dentro da Igreja local, mas também a missão além fronteiras.
Este desejo de alimentar a paixão missionária na Igreja local é muito presente no nosso ser uma congregação missionária. O PIME foi muito presente na Igreja de Parintins e formou muito clero local, acompanhou muitos jovens da diocese de Parintins que se tornaram sacerdotes diocesanos. Uma das características do PIME e também das Missionárias da Imaculada é favorecer que a Igreja local assuma a missão dentro da própria realidade, mas não podemos esquecer o além fronteiras.
Quais as dificuldades que essa missão encontra nas Igrejas locais para se concretizar?
A primeira dificuldade é compreender em profundidade que a missão faz parte da vida da Igreja, é algo essencial. O Papa diz que se uma Igreja não é missionária não é Igreja. Assumir essa consciência não é fácil, porque muitas vezes tem comunidades que são fechadas, tem comunidades que não tem essa compreensão, e aí nós enfrentamos muitas vezes esse desafio, ajudar a Igreja a compreender que a missão não é de alguém, mas é de todos nós.
O segundo desafio é ligado às questões sociais, tantas situações de pobreza, de vida não digna, de vida ameaçada nos desafia como pessoas. Se aproximar dessas realidades, se aproximar periferias, tentar compreender qual é o jeito certo de ser missionária nesse contexto, nessa periferia, ao lado dessa família, e uma vez que se ajuda a essa família, a essa comunidade, a se levantar, a encontrar saídas para essas situações de injustiça, de pobreza, ajudar a essa comunidade, a essas personas, que podem ajudar a outros. Dessa forma se tornam missionários.
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Irmã Rosana Marchetti: “Na vivência com povos diferentes do meu, eu sou evangelizada e posso evangelizar” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU