11 Novembro 2023
“É uma boa notícia porque demonstra uma abertura por parte da Igreja. Não se trata de seguir as tendências, mas de olhar as pessoas nos olhos. E todos são filhos de Deus, ninguém é excluído do seu amor se procura a paz e o bem."
A entrevista é de Cristina Palazzo, publicada por la Repubblica, 09-11-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
O pároco de Turim, padre Antonio Borio, não tem dúvidas sobre a importância das indicações do Vaticano de que uma pessoa trans pode receber o batismo. Ele próprio, um ano atrás, acabou no centro das polêmicas por aceitar o pedido de confirmação de uma pessoa trans.
Eis a entrevista.
Como vive hoje essa abertura?
A fé não é uma questão de sexo. É preciso olhar para as pessoas, sem fazer escândalos ou acabar nos jornais. Se a indicação vier do Vaticano, então é um pouco mais oficial. Uma abertura que já existia no início da Igreja. Nos atos dos apóstolos Tiago Filipe batiza um eunuco. Infelizmente, as coisas depois seguiram outro rumo.
Você, no entanto, foi criticado.
Mas depois tudo foi resolvido, a pessoa ainda não recebeu a confirmação porque está enfrentando o curso de preparação. Uma pessoa realmente de fé, muito boa. Não é a única, penso em outros e no sofrimento. Mesmo aqueles que se submetem a operações, dolorosas e dispendiosas, fazem-no conscientemente e devemos tentar respeitar as pessoas.
Padre há quase 50 anos, você sempre teve essa abordagem?
Aos poucos, eu também me formei. Tudo isso não se aprende nos livros, mas com a experiência das pessoas e aprendendo a nunca julgar. Porque mesmo nos maus há algum bem. É a minha experiência, nem todos os sacerdotes concordam. Mas não somos donos da misericórdia de Deus, só devemos manifestá-la. Existem regras, claro, mas cada um tenta cumpri-las o melhor que pode, o importante é que o faça no bem.
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“A fé não é uma questão de sexo, diante de Deus somos todos iguais”. Entrevista com Antonio Borio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU