10 Novembro 2023
“Não ao tráfico humano”, é o lema do programa Símbolos de Esperança ofertado, desde 2017, pelas igrejas luteranas do Zimbábue, Mekane Yesus, da Etiópia, e de Cristo, da Nigéria. As igrejas prestam apoio psicossocial a imigrantes retornados, muitos deles vítimas do tráfico humano, informam sobre migrações irregulares e proporcionam formação profissional e competências empresariais.
A reportagem é de Edelberto Behs.
Atualmente, o programa atende 13 mil mulheres e homens, a maioria jovens. No Zimbábue, o programa centra-se nos distritos de Insiza e Chirdzi, no sul do país, nas fronteiras com Moçambique, Botswana e África do Sul. São os três países para onde os zimbabuenses se deslocam em busca de melhores oportunidades, quando se deixam conduzir, muitas vezes, por traficantes humanos.
Nomathemba Sibanda é uma jovem entrevistada pelo serviço de imprensa da Federação Luterana Mundial (FLM), que trocou Zimbábue pela África do Sul. Pagou 1,5 mil rands sul-africanos – equivalentes a 75 euros – para atravessar a fronteira junto com outros migrantes sem documentos de identificação. Logo viu que indocumentada não conseguiria um emprego digno no país de adoção.
Ela retornou ao Zimbábue, como tantos outros migrantes, e buscou apoio no programa Símbolos de Esperança. Passou por curso profissionalizante e hoje ela é uma pedreira com emprego regular. Outra retornada, Mildred Nkala também passou pelo programa e abriu um negócio de criação e comercialização de aves, que garante o seu sustento e dos filhos.
Um dos objetivos do Símbolo de Esperança é dar condições àquelas pessoas que precisam escolher entre permanecer no seu local de origem ou migrar, para que elas estejam bem-informadas e equipadas para tomar a decisão, explica Ashenafi Haile, do setor de Diaconia e Desenvolvimento da FLM, que apoia as igrejas africanas. Condições climáticas adversas nos distritos de Insiza e Chiredzi, voltados à agricultura, com frequentes quebras de colheita, levam jovens à migração.
“Esperamos que, graças ao programa, as igrejas possam ajudar a mudar as atitudes e o comportamento das pessoas quanto à importância da documentação e adesão aos processos e regras quando viajam”, aponta Ashenafi. Ele reconhece, contudo, que é preciso fazer mais para apoiar as pessoas que regressam ao seu país de origem “porque geralmente elas estão traumatizadas e precisam de terapia”.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Três igrejas africanas oferecem programa de apoio a migrantes - Instituto Humanitas Unisinos - IHU