12 Outubro 2023
Animais raros vivem em área ameaçada por agrotóxicos e numa reserva concedida para uso público demandada por indígenas.
A reportagem é de Aldem Bourscheit, publicada por ((o))eco, 10-10-2023.
Após a obra de uma ponte turística eliminá-lo do Parque Nacional de Aparados da Serra, a última população conhecida do sapinho-verde-de-barriga-vermelha está na Floresta Nacional de São Francisco de Paula, também no Rio Grande do Sul.
Mas a sobrevivência da espécie não está assegurada naqueles córregos, campos e matas de altitude, quando em vez salpicados de araucárias e por outras plantas da Mata Atlântica sulista.
Uma concessão de uso público mudou a gestão da área protegida, também ocupada por indígenas Xokleng. Eles demandam parte da unidade de conservação federal por usos ancestrais.
O sapinho-admirável-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus admirabilis) vive apenas em 2 km de um rio na Mata Atlântica gaúcha. (Foto: Márcio Borges-Martins | ((o))eco)
O Instituto Curicaca avalia que “interesses sobrepostos” na floresta nacional poderiam ser resolvidos com um acordo formal entre ICMBio e Funai que esclareça os compromissos de cada parte interessada no território.
Conforme a ONG, um processo semelhante permitiu o uso comum por quilombolas de pequena porção do Parque Nacional da Serra Geral, vizinho do Aparados da Serra.
Já um artigo publicado na revista Aquatic Toxicology alerta que agrotóxicos podem extinguir o sapinho-admirável-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus admirabilis). Ele vive apenas num pequeno trecho do rio Forqueta, nos municípios de Arvorezinha e de Soledade, mostrou ((o))eco.
O trabalho mostrou que até 71% dos animais expostos a glifosato e sulfentrazona morreram. Sua morada é abrigada na Mata Atlântica, mas a área é cercada por cultivos como de soja e fumo. Monitorar e limitar o uso de pesticidas é crucial para sua conservação.