29 Agosto 2023
Impacto econômico e social pode ser ainda maior por perdas de empregos terceirizados e indiretos.
A reportagem é de Felipe Mendes, publicada por Brasil de Fato, 28-08-2023.
Cerca de 650 trabalhadores foram demitidos pela empresa AngloGold Ashanti devido à suspensão das atividades do complexo minerário Córrego do Sítio, na cidade de Santa Bárbara, região central de Minas Gerais, local de extração de ouro. O impacto econômico e social na cidade de cerca de 31 mil habitantes deve ser ainda maior, devido às saídas de funcionários terceirizados e perdas de empregos indiretos.
A empresa afirma que a suspensão é temporária, mas não estabelece prazo para retorno das atividades. Segundo comunicado oficial, "a unidade estava operando com resultados operacionais negativos e alto custo crescente ao longo dos últimos anos. Assim, mesmo após diversos estudos de alternativas, não houve cenário viável para a continuidade da operação neste momento".
O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Extração do Ouro e Metais Preciosos de Santa Bárbara informou ao Brasil de Fato que acompanha a situação de perto e oferece assistência aos trabalhadores demitidos, mas preferiu não indicar representante para entrevista.
A empresa garantiu que vai manter atividades de monitoramento de segurança, controle ambiental, manutenção e conservação das estruturas, o que vai garantir a manutenção de cerca de 400 empregos. A barragem existente no local foi colocada em nível de alerta.
A interrupção das atividades da mina não tem relação com a situação da barragem, que já não é utilizada, e está em obras de descaracterização. Na prática, esse processo consiste na colocação de uma lona impermeável e reforço nas barreiras. O local não será esvaziado (quando isso acontece, o processo é chamado de descomissionamento).
Ao Brasil de Fato, o coordenador estadual do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) em Minas Gerais, Luiz Paulo Siqueira destacou uma série de problemas ambientais e de segurança causados pela AngloGold Ashanti em Santa Bárbara, como o acionamento acidental de sirenes de emergência em cinco oportunidades. Além disso, a empresa já teve de trabalhar para conter trincas na estrutura, mas em maio deste ano elas voltaram a aparecer.
"Você cria todo um ambiente de insegurança, de caos, adoecimento mental, de medo, às comunidades que vivem abaixo da barragem. E a empresa tem tido complicações para receber a os documentos que garantem a estabilidade e a plena segurança da estrutura", pontuou.
Siqueira disse ainda que os trabalhadores e trabalhadoras foram pegos de surpresa com as demissões. O processo começou no último dia 21 (segunda-feira), quando houve comunicado de suspensão de operações por no mínimo 48 horas. Passado esse prazo, foi anunciada a suspensão por tempo indeterminado.
"Nós estamos falando da empresa que tem cerca de 2.500 trabalhadores, sejam diretos, sejam terceirizados. Boa parte da renda do município de Santa Bárbara depende da mina: da extração de ouro, de toda arrecadação, de todos os serviços realizados pela empresa: de manutenção, de mecânica, de elétrica e também de todo o volume de capital que circula na cidade a partir do salário do conjunto dos trabalhadores", lamentou. "Vai ter um impacto econômico-social enorme na cidade. É difícil calcular a dimensão".
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AngloGold Ashanti demite 650 trabalhadores ao paralisar operações em mina de Santa Bárbara (MG) - Instituto Humanitas Unisinos - IHU