Delgatti é um novo caso Assange. Artigo de Luís Nassif

Walter Delgatti Neto (centro), hacker da Lava Jato em depoimento à CPMI dos Atos de 8 de janeiro de 2023 (Foto: Edilson Rodrigues | Agência Senado)

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23 Agosto 2023

"Se a imprensa aceitar a condenação de Delgatti, comprometerá seu papel de fiscalizar a cidadania contra os poderes sem limites das corporações públicas".

A opinião é de Luís Nassif, jornalista, em artigo publicado por Jornal GGN, 22-08-2023.

Eis o artigo.

Do que se trata o caso Snowden, o técnico Edward Joseph Snowden, ex-administrador de sistemas da CIA e ex-contratado da NSA que tornou públicos detalhes de vários programas que constituem o sistema de vigilância global da NSA americana. Foi acusado de vários crimes relacionados à defesa nacional. Coube a ele denunciar as escutas em Dilma Rousseff e o monitoramento dos servidores da Petrobras.

Já a Wikileaks, criada por Julian Assange, revelou dados sobre o ataque aéreo a Bagdá em 12 de julho de 2007, a guerra do Afeganistão e do Iraque e o CableGate ( novembro de 2010).

Ambos os casos trouxeram à baila uma tema dos mais relevantes: o direito da opinião pública às informações que correm nos escaninhos do poder, e que afetam diretamente pessoas, nações, direitos.

Foi o caso da Vaza Jato e do trabalho do hacker Delgatti. Com a diferença de que, ao contrário de Snowden e Assange, não colocaram em risco nem segurança nem soberania nacional. Pelo contrário, desvendaram a atuação de uma organização que trabalhava em parceria com entidades estrangeiras para destruir a economia nacional.

Hoje em dia, tem-se um país à mercê da guerra híbrida, parte jogada pela inteligência militar, pelo Gabinete de Segurança Institucional e pela Agência Brasileira de Inteligência. A Lava Jato mostrou a parceria de organizações públicas nacionais com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Já publicamos aqui várias matérias sobre os novos equipamentos adquiridos pela ABI, GSI e pela família Bolsonaro para espionagem em massa da população.

O juiz Ricardo Leite é figura menor nesse jogo. É um quadro menor da Lava Jato, que, no auge da campanha, tornou decisões em casos que fugiam à sua alçada, meramente para atuar politicamente. Estava alinhado com um grupo que negociava explicitamente interesses nacionais com grupos estrangeiros. Sua decisão de mandar soltar Delgatti antes do depoimento na CPI e, depois, condená-lo a 20 anos, mereceria ser melhor analisado.

Se a imprensa aceitar a condenação de Delgatti, comprometerá seu papel de fiscalizar a cidadania contra os poderes sem limites das corporações públicas, especialmente nesses tempos de controle digital sobre a população.

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