11 Agosto 2023
As tensões não diminuem no Senegal. O líder da oposição senegalesa Ousmane Sonko, chefe do partido Pastef, preso há algumas semanas, iniciou uma greve de fome em 30 de julho. Chegado ao oitavo dia de abstinência alimentar, foi internado num hospital de Dakar devido a um agravamento do seu estado geral.
A reportagem é de Luca Attanasio, publicada por Domani, 10-08-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Seu partido, após anunciar a internação, apontou o dedo para as autoridades governamentais culpadas, segundo Pastef, de uma perseguição contra Sonko que visa derrotá-lo com campanhas de difamação e com condenações por crimes que não teria cometido, dado o enorme crescimento de seu consenso no país nos últimos dois anos.
Candidato às eleições presidenciais de fevereiro de 2024, Sonko tem sido repetidamente investigado. Os protestos de seus partidários e de todos os componentes da oposição, que começaram dois anos atrás, acirraram-se desde 1º de junho após a enésima condenação à revelia a dois meses de prisão.
As revoltas causaram cerca de trinta mortes pela reação violenta da polícia e pelo alto nível de confronto que se seguiu após a proibição do Pastef e a prisão de Sonko no final julho, pelo que parece ser um episódio trivial: seus guarda-costas teriam tirado das mãos de um policial à paisana o celular com o qual estava filmando os movimentos do líder político perto de sua casa.
Senegal (Foto: Sanjay Rao and CIA World Factbook | Wikimedia Commons)
A prisão do advogado de Sonko, o franco-espanhol Juan Branco também contribuiu para aumentar as tensões. O homem havia sido detido na Mauritânia após vários dias de buscas e entregue às autoridades senegalesas, que o acusam de entrada ilegal no país, conspiração, divulgação de notícias falsas e atos e manobras capazes de comprometer a segurança pública.
A ira do presidente Macky Sall também caiu sobre ele por causa de sua denúncia na França e o subsequente pedido ao Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia para abrir uma investigação contra o chefe de Estado senegalês por "crimes contra a humanidade". Os numerosos protestos de seus compatriotas e de ativistas senegaleses levaram à libertação de Branco na última segunda-feira, mas também à imediata expulsão do país (retornou à França na terça-feira).
Neste interim, os membros da coordenação italiana do Pastef convocaram uma manifestação em Milão para o dia 12 de agosto, em apoio a Sonko, aos presos políticos (cerca de 800 neste momento) e, de forma mais geral, para sensibilizar a opinião pública italiana sobre a urgência democrática que atravessam o Senegal e o continente africano neste momento.
Denunciamos – afirma o comunicado - as injustiças e agressões que todos os senegaleses sofrem atualmente, em todo o mundo estamos nos mobilizando para que isso deixe de ser uma questão nacional. Estamos assistindo a um claro desejo do presidente Sall de remover seus potenciais rivais políticos. O anúncio da sua não candidatura nas próximas eleições (depois de inúmeras pressões renunciou a desencadear um processo legislativo de modificação da Constituição para uma candidatura a um terceiro mandato, ndr) não garante a paz no espaço público. Em vez de encontrar soluções adequadas para a difícil situação cotidiana dos senegaleses, Sall e os seus aliados (França) querem a todo o custo criar obstáculos à liberdade de expressão”.
Para aliviar parcialmente as tensões, no sábado passado chegou a notícia da aprovação pelo parlamento senegalês de uma lei que restabelece efetivamente o direito de dois deputados chave da oposição para se candidatar às eleições presidenciais de fevereiro próximo. Trata-se de Khalifa Sall e Karim Wade.
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África, paiol de pólvora: o Senegal também corre risco de conflito - Instituto Humanitas Unisinos - IHU