06 Junho 2023
Parece que na implementação de uma recente lei estatal que proíbe nas escolas "livros pornográficos e indecentes", um distrito escolar do Utah, um estado predominantemente mórmon, teria banido a Bíblia King James (a versão "oficial" anglicana e por extensão protestante, em vigor desde 1611). A notícia é concisa e, como se costuma dizer nesses casos, deve ser aprofundada. Mas contém material precioso para o debate, igualmente precioso, intitulado: "até que ponto chega a idiotice humana".
O comentário é de Michele Serra, jornalista, escritor e roteirista italiano, publicado por La Repubblica, 04-06-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Pelo pouco que sabemos, a história é a seguinte. Um pai alertou a escola de que a Bíblia “não contém valores sérios para os menores, porque, de acordo com nossa nova definição, é pornográfica”. Existem duas possibilidades.
A primeira: o pai é um leigo irreverente, ou um cristão muito esquentado, que quis zombar da onda puritana dos últimos anos, apontando que nem mesmo a Bíblia, em termos de sexo e violência, está em conformidade com o novo e atroz moralismo estadunidense. As autoridades competentes, estúpidas demais para entender a provocação (olham para o dedo, não para a lua) caíram no conto e baniram a Bíblia da escola.
A segunda: o pai é um moralista paranoico, tão paranoico que realmente até a Bíblia lhe parece indecente. Ele a indica ao censor, e o censor concorda com ele. Resumo: o pai que faz a indicação é em um caso inteligente, no outro estúpido. O censor em ambos os casos é estúpido. No entanto, o saldo é negativo: três quartos de estupidez, um quarto de inteligência. Não estamos nada bem, eu acho.
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Pornografia bíblica - Instituto Humanitas Unisinos - IHU