Pornografia bíblica

Foto: Pavel Daniyuk | Canva

Mais Lidos

  • “A emoção substituiu a expertise, e nosso cérebro adora isso!” Entrevista com Samah Karaki

    LER MAIS
  • “Marco temporal”, o absurdo como política de Estado? Artigo de Dora Nassif

    LER MAIS
  • A desigualdade mundial está aumentando: 10% da população detém 75% da riqueza

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

06 Junho 2023

Parece que na implementação de uma recente lei estatal que proíbe nas escolas "livros pornográficos e indecentes", um distrito escolar do Utah, um estado predominantemente mórmon, teria banido a Bíblia King James (a versão "oficial" anglicana e por extensão protestante, em vigor desde 1611). A notícia é concisa e, como se costuma dizer nesses casos, deve ser aprofundada. Mas contém material precioso para o debate, igualmente precioso, intitulado: "até que ponto chega a idiotice humana".

O comentário é de Michele Serra, jornalista, escritor e roteirista italiano, publicado por La Repubblica, 04-06-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o comentário.

Pelo pouco que sabemos, a história é a seguinte. Um pai alertou a escola de que a Bíblia “não contém valores sérios para os menores, porque, de acordo com nossa nova definição, é pornográfica”. Existem duas possibilidades.

A primeira: o pai é um leigo irreverente, ou um cristão muito esquentado, que quis zombar da onda puritana dos últimos anos, apontando que nem mesmo a Bíblia, em termos de sexo e violência, está em conformidade com o novo e atroz moralismo estadunidense. As autoridades competentes, estúpidas demais para entender a provocação (olham para o dedo, não para a lua) caíram no conto e baniram a Bíblia da escola.

A segunda: o pai é um moralista paranoico, tão paranoico que realmente até a Bíblia lhe parece indecente. Ele a indica ao censor, e o censor concorda com ele. Resumo: o pai que faz a indicação é em um caso inteligente, no outro estúpido. O censor em ambos os casos é estúpido. No entanto, o saldo é negativo: três quartos de estupidez, um quarto de inteligência. Não estamos nada bem, eu acho.

Leia mais