Moradores de Bento já haviam feito denúncias a órgãos oficiais sobre situação de trabalhadores

Quatro ônibus fretados partiram na noite de sexta-feira levando os resgatados de volta à Bahia. (Foto: MPT | Divulgação)

Mais Lidos

  • Cristo Rei ou Cristo servidor? Comentário de Adroaldo Palaoro

    LER MAIS
  • Dois projetos de poder, dois destinos para a República: a urgência de uma escolha civilizatória. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • Desce da cruz: a sedução dos algoritmos. Comentário de Ana Casarotti

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

27 Fevereiro 2023

207 pessoas foram resgatadas em condições de trabalho análogo a escravidão na cidade da Serra Gaúcha.

A reportagem é publicada por Sul21, 26-01-2023. 

A presidenta da Comissão Permanente de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Laura Sito (PT), esteve neste sábado (24) no alojamento onde estavam os 207 trabalhadores resgatados em condições análogas à escravidão em Bento Gonçalves. Durante a permanência no local, a deputada ouviu relatos de diferentes tipos de tortura no alojamento e de moradores do entorno do prédio, que afirmaram que já haviam sido feitas denúncias sobre a situação a que os trabalhadores eram submetidos no local.

O grupo de trabalhadores resgatados na quinta-feira (23), que possuem entre 18 e 57 anos, trabalhava na safra de uva na cidade da Serra Gaúcha e era explorado por empregadores que prestavam serviços às vinícolas Aurora, Salton e Garibaldi, e a 23 proprietários rurais, que não tiveram nomes divulgados. Eles foram resgatados após uma denúncia de um grupo de trabalhadores que fugiram de um alojamento, onde estariam sendo agredidos pelo empregador e sem receber salários, sem segurança, higiene e sofrendo ameaças, inclusive agressões com uso de choques elétricos e spray de pimenta.

Durante a visita ao local neste sábado (25), a deputada Laura Sito ouviu de algumas pessoas que ainda estavam no alojamento que os trabalhadores também eram submetidos a situações de alimentação forçada de comida estragada e, que caso descumprissem as regras de consumo ou ficassem doentes, eram submetidos a choques e pagavam multa de R$ 1.200 por dia não trabalhado. Na sexta-feira (24), o prefeito do município, Diogo Siqueira, já havia declarado que cerca de 50 trabalhadores estavam desnutridos e com problemas de saúde.

A deputada também afirmou que avistou mulheres grávidas no alojamento e ouviu relatos da existência de crianças no local. Ela também afirma que, apesar das informações veiculadas sobre a interdição do lugar, o alojamento continuava aberto neste sábado (25) e ainda tinha alguns moradores.

Segundo a deputada, moradores do entorno do alojamento relataram a ela houve denúncias à Polícia Civil, Polícia Militar e Prefeitura de Bento Gonçalves, mas que não houve retorno de nenhum dos órgãos acionados. Em suas redes sociais, a deputada publicou reproduções de decisões, publicadas no Diário Oficial do município, que mostram que o alojamento já havia sido multado por não cumprir legislações sanitárias. Ainda assim, o espaço seguia em funcionamento.

Como presidenta da Comissão Permanente de Cidadania e Direitos Humanos, a deputada Laura Sito inseriu as denúncias na pauta da primeira reunião do colegiado, dia 1° de março. Ainda, irá solicitar uma comissão de fiscalização à Organização Internacional do Trabalho, além de seguir acompanhando a investigação junto ao Ministério Público do Trabalho.

Leia mais