01 Fevereiro 2023
Entrevistas com fontes vaticanas – que muitas vezes são “anônimas” e “em off” – geralmente ocorrem em uma pequena sala de um dos dicastérios da Cúria Romana ou em qualquer um dos inúmeros bares ou restaurantes dentro e ao redor do Borgo Pio. Depois de falar sobre os principais assuntos, essas conversas, hoje em dia, inevitavelmente se voltam para o clima um tanto estranho dentro da Cúria e, em particular, para o aparecimento de vários novos livros críticos ao Papa Francisco.
A reportagem é de Loup Besmond de Senneville, publicada em La Croix International, 30-01-2023. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
“Você sabe, o papa é um pouco como o nosso pai espiritual”, diz um funcionário vaticano. “Nos primeiros anos, ele nos mostrou o pecado. Agora, ele está nos dizendo qual caminho devemos seguir.”
De fato, todos aqui se lembram do discurso sobre as “doenças” da Cúria que Francisco proferiu em seu segundo Natal em Roma. Ele realmente abalou muita gente. Então, nas semanas seguintes, o papa seguiu o conselho do cardeal Jean-Louis Tauran (falecido em 2018) e iniciou uma espécie de turnê pelos dicastérios, visitando cada um dos funcionários que trabalham para sua administração central.
Ao longo dos anos, as críticas abertas de Francisco à Cúria diminuíram um pouco na forma, mas a desconfiança de muitas autoridades permaneceu. Esse papa fomentou isso por conta própria, instituindo e cultivando uma sólida rede paralela de trabalho. No entanto, ele nunca deixou de “indicar qual caminho (a Cúria) deve seguir”, para usar as palavras da nossa fonte vaticana do dia.
Essas orientações estão encarnadas na esperança de Francisco de que a reforma da Cúria não envolva apenas uma reorganização das estruturas, mas também a busca de um objetivo espiritual: servir ao Evangelho.
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“O papa? Ele é nosso pai espiritual” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU