#ficção. Artigo de Gianfranco Ravasi

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31 Janeiro 2023

"Um dos lemas cunhados por Maquiavel em O Príncipe é lapidar e é constantemente citado: 'Todos veem o que você parece ser, mas poucos sabem o que você realmente é'. Arrumar-se, então, não é mais apenas uma questão de usar roupas, mas torna-se uma questão de decorar a alma, a consciência, a vida", escreve o cardeal italiano Gianfranco Ravasi, ex-prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, em artigo publicado por Il Sole 24 Ore, 29-01-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

As cópias às vezes ultrapassam o original: Charlie Chaplin participou da competição dos imitadores de Carlitos ficando em terceiro lugar.

Esse episódio curioso que aconteceu com o grande diretor e ator, que ficou na fila entre os muitos aspirantes naquela seleção de imitadores, é lembrado por Erri De Luca em seu livro La Natura Esposta (2016). A lição resultante é simples, e em nossos dias encontra fáceis e contínuas aplicações. De fato, prevalece sempre o fácil “mostrar” sobre o exigente “demonstrar”, a aparência consegue prevalecer sobre a realidade, a simulação hábil vence a autenticidade. Assim, se cria uma espécie de fluidez no próprio conceito de verdade pelo qual poderíamos, é claro, repetir o provérbio que “nem tudo que reluz é ouro”, mas também nos lembrar que nem tudo que é ouro reluz.

Nessa linha se chega ao ponto de preferir a ficção ao original, e é essa uma operação em que muitas vezes se exercitam a publicidade, a comunicação de massa, a política e até mesmo a religiosidade. Um dos lemas cunhados por Maquiavel em O Príncipe é lapidar e é constantemente citado: "Todos veem o que você parece ser, mas poucos sabem o que você realmente é". Arrumar-se, então, não é mais apenas uma questão de usar roupas, mas torna-se uma questão de decorar a alma, a consciência, a vida.

Lentamente chega-se ao momento em que somos o que parecemos. No entanto, o empenho ético deveria ser sempre aquele evangélico: "Não julgue pelas aparências!" (João 7,24).

Paradoxalmente, porém, pensando bem, poderia valer a frase oposta de Oscar Wilde também: "Somente as pessoas superficiais não julgam pelas aparências".

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