14 Dezembro 2022
A vida de outros dois iranianos de 26 anos, o ex-jogador de futebol Amir Nasr-Azadani e o ator de teatro Hossein Mohammadi, está por um fio, no corredor da morte nas prisões iranianas, segundo a mídia e os ativistas. As novas iminentes execuções mantêm em suspense as famílias, os manifestantes contra o regime e a opinião pública internacional. Mas "o povo unido jamais será vencido", continua a ser entoado pelas multidões que não cedem e continuam a sair às ruas e a protestar nas universidades.
A reportagem é de Fabiana Magri, publicada por La Stampa, 12-12-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
O ex-jogador dos times de futebol de Teerã Rah-Ahan, Tractor e Gol-e Rayhan, que está preso desde 27 de novembro, é acusado de "traição" e "assistência em guerra". O chefe do tribunal de Isfahan, Asadollah Jafari, defendeu o seu enforcamento argumentando que pertence "a bandos ilegais que operam com a intenção de atingir a segurança do país e da sociedade e crimes contra a segurança" e a um "grupo armado e organização que opera com a intenção de atingir a República Islâmica do Irã". O jornal IranWire ficou sabendo que a família de Nasr-Azadani foi repetidamente "ameaçada" pela República Islâmica e instruída por seu advogado a permanecer em silêncio, na esperança de que a colaboração leve a uma redução da sentença ou à libertação do jovem.
Na tentativa salvar a vida do jovem de 26 anos, outros ex-atletas iranianos também estão se esforçando para garantir sua libertação. Entre eles está o jogador de futebol Ali Karimi, que pediu a revogação da execução de Nasr-Azadani e pediu apoio para o jogador em suas contas no Twitter e Instagram. Conhecido como o "Maradona asiático", o campeão iraniano que há quatro meses se mudou com a família para Dubai, algumas semanas atrás havia divulgado ter recebido ameaças de morte em meados de setembro após apoiar abertamente os protestos em andamento no país. Suas posições resultaram em intimidações e pressões do governo iraniano contra os parentes e amigos mais próximos.
O outro jovem condenado à morte por um tribunal iraniano por protestar contra o regime dos aiatolás é o ator de teatro formado pela Academia de Belas Artes. No clima de tensão e confusão, todos os dias vazam novos detalhes e novos nomes dos 11 condenados à morte confirmados pelo judiciário iraniano por crimes cometidos no âmbito do que o regime define como "revoltas" incentivadas por inimigos estrangeiros, reprimidas com "moderação, tanto na resposta das forças de segurança quanto na proporcionalidade do processo judicial", como reiterou o presidente Ebrahim Raisi.
Mas os ativistas afirmam que pelo menos mais uma dúzia de pessoas poderiam receber em breve sentenças de morte após processos descritos como "farsas" pelo grupo Iran Human Rights.
A Anistia Internacional alerta para o risco de sentenças de morte para outros dois jovens: Sahand Nourmohammadzadeh pela acusação de "derrubar as grades da autoestrada e pôr fogo em latas de lixo e pneus" e o rapper dissidente Toomaj Salehi, acusado de "corrupção sobre a terra" por ter expressado apoio aos protestos contra o governo.
Em meio às desordens internas cada vez mais duradoura e resistentes e ao isolamento internacional, a moeda iraniana caiu para um mínimo histórico no sábado. Desde que eclodiram os protestos pelo assassinato de Mahsa Amini, 22 anos, enquanto estava sob custódia da polícia moral, o já problemático riyal perdeu 13,8% de seu valor. Uma maior desvalorização, com o consequente aumento da pressão econômica sobre a população, corre o risco de exacerbar ainda mais o ressentimento e os protestos contra o regime.
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Irã. Arte e esporte na mira: o campeão de futebol também condenado à morte - Instituto Humanitas Unisinos - IHU